Que imóvel você quer ser em 2023?
Em sua estreia como colunista do B3 Bora Investir, Arthur Vieira de Moraes fala sobre perfil investidor e os fundos de investimento imobiliário
Um apartamento, para ser um abrigo particular para você e família? Um shopping ou hotel, para receber e interagir com muita gente diferente? Um galpão de logística, para ser um facilitador de quem quer cumprir objetivos? Uma fazenda, para prover alimentos para pessoas? Um escritório, para planejar estratégias que vão impactar o mercado? Ou um hospital, para acolher e cuidar?
Se fosse um daqueles testes de personalidade e você tivesse que escolher um só, seria bem difícil. Não é mesmo?
Nossa personalidade é plural. Talvez você seja um pouco apartamento, um pouco shopping, um pouco hospital e um pouco galpão de logística, tudo ao mesmo tempo!
Com investimentos também é assim. Nossa personalidade ganha o nome de perfil de investidor e o ideal é que também seja bem plural, o que, em “financês”, é chamado de diversificação.
Falando em investimentos e imóveis, com fundos de investimento imobiliário (FII) você pode investir em todos esses tipos de imóveis do nosso teste de personalidade, além de muitos outros segmentos, como varejo, educação, recebíveis imobiliários (CRI), só para citar mais alguns. Comprar cotas de FII é como ter um pedacinho dos imóveis e outros ativos do fundo.
Muito fácil de investir, as cotas são negociadas na B3 e basta você ter conta em uma corretora de valores para poder comprá-las. Os rendimentos são depositados em dinheiro, mensalmente na sua conta na corretora de valores.
Quem investe em fundos imobiliários recebe uma renda mensal, como se fosse um aluguel, mas que tem o nome técnico de rendimentos. Os fundos possuem imóveis que estão alugados ou investem em títulos que pagam juros (os CRI – certificados de recebíveis imobiliários), recebem esses valores todos os meses e distribuem para os cotistas os lucros em forma de rendimentos.
Essa renda pode variar de um mês para o outro, às vezes cresce ou diminui, conforme a situação da economia e dos ativos de cada fundo imobiliário. O mesmo acontece com o preço das cotas, varia ao longo do tempo.
E adivinha qual tipo de fundo imobiliário vai ser o melhor a se investir em 2023?
A melhor estratégia de investimento é sempre a diversificação! Assim como não dá para definir a sua personalidade com uma só característica, não há por que tentar encaixar no seu perfil de investidor um único investimento ou um único setor.
Cabe fundos imobiliários nos seus planos para 2023 e para muitos anos seguintes. E, de preferência, uns 10 a 15 fundos diferentes, que atuem em muitos segmentos do mercado imobiliário e de recebíveis.
Mas calma… não precisa começar já com 15, basta que você tenha a diversificação como meta (desde que a cumpra!). Vai diversificando aos poucos, ao longo do ano.
E assim como talvez você queira desenvolver melhor uma característica da sua personalidade no ano que vem, também vale começar com setores que você considere que possam se beneficiar do cenário econômico do próximo ano. Mas sempre buscando a diversificação, para que chegue em um nível em que sua carteira estará plural e preparada para qualquer cenário.
2023 vai começar com juros altos e inflação persistente. Cenário que favorece os fundos que investem nos recebíveis imobiliários (chamados de fundos de papel) e que não é muito animador para os fundos que investem em imóveis (chamados fundos de tijolo). Então aí está uma tendência para o início do ano. Fundos de papel tendem a distribuir rendimentos maiores do que os fundos de tijolo.
Mas os cenários econômicos sempre mudam e quando os juros caírem, os fundos que investem em imóveis, na economia real, vão se beneficiar. Já os fundos de papel tenderão a diminuir os rendimentos.
Parece fácil, não é mesmo? Se os juros forem permanecer altos, investimos em fundos de papel, e quando os juros forem cair, investimos em fundos de tijolo. Pois é, tão fácil quanto cumprir as nossas metas e resoluções de ano novo. Não se engane.
Não é fácil porque a economia muda a toda hora e não conseguimos saber com clareza se esses fatores macroeconômicos, como juros e a inflação vão subir ou cair.
Também porque há vários fatores mais específicos, microeconômicos, que influenciam no desempenho de cada segmento do mercado imobiliário. O setor de logística pode estar indo muito bem em uma fase em que o setor de shoppings atravessa dificuldades, por exemplo.
O que facilita mesmo é a diversificação. Ao invés de tentar prever o que vai acontecer na economia e no mercado imobiliário em 2023, comece a construir a sua carteira de investimentos plural, diversificada, com fundos de papel e de tijolo.
Tenha pedacinhos de muitos imóveis diferentes. Assim ao invés de tentar adivinhar o futuro ou o melhor investimento para o ano, você vai construindo um patrimônio sólido e gerador de renda para usufruir por muitos e muitos anos.
Bora investir em fundos imobiliários?
Desejo que em 2023 você possa SER como alguns imóveis e que também possa TER pedacinhos de vários deles, por meio dos FII.
Sobre Arthur Vieira de Moraes
Formado em direito, mestre em administração com ênfase em finanças e doutorando em administração, Arthur Vieira de Moraes é professor de finanças, palestrante, consultor, apresentador e sócio do Clube FII. Além de colunista do Bora, tem um canal no youtube sobre fundos de investimento imobiliário, além de debater o tema em seu Instagram.