Gestores estão otimistas com a bolsa e veem pouco impacto das tarifas dos EUA
Painel na Expert XP 2025 discutiu as oportunidades na bolsa brasileira
Por Victor Rabelo
O cenário de taxa básica de juros, a Selic, em um patamar alto, incertezas na economia global e as tarifas aplicadas pelos Estados Unidos para produtos brasileiros pode gerar certo ceticismo para os investidores. Porém, para alguns gestores, o momento é de otimismo com a bolsa brasileira.
Sara Delfim, sócia-fundadora da Dahlia Capital, e Cesar Paiva, CEO da Real Investor, participaram de painel na Expert XP 2025 em que foram discutidas as oportunidades na bolsa de valores, com mediação de Fernando Ferreira, estrategista-chefe da XP Investimentos.
Bom resultado da bolsa no 1º semestre
Parte desse otimismo com a bolsa brasileira está fundamentado no resultado do Ibovespa B3, principal índice de ações da bolsa, no primeiro semestre de 2025. O índice acumulou alta de 15,44% nos primeiros seis meses do ano.
Ferreira contextualiza que esse crescimento está relacionado com o bom momento para países emergentes e com uma recuperação em relação ao ano anterior. “Vimos (no primeiro semestre) uma performance muito forte do Ibovespa e das bolsas na América Latina, mas também tem muito a ver com um 2024 fraco. Ainda tem muito valor para ser destravado e grande parte dessa alta foi liderada pelo fluxo de investidores estrangeiros”, diz. Ele ainda destacou que a XP estima que o Ibovespa encerre o ano aos 150 mil pontos, mas com possibilidade de atingir um nível ainda maior.
Para Sara, a alta está relacionada com uma realocação de ativos. “Os EUA sugaram o dinheiro do mundo por muito tempo, esse dinheiro agora migrou para mercados emergentes e levou o Brasil junto”.
A gestora acredita que esse movimento ainda pode ser impulsionado por uma queda de juros nos Estados Unidos em um primeiro momento e, no ano que vem, por uma queda na Selic. “O juro real (no Brasil) está na casa dos 10%, que é muito alto. E vemos uma acomodação da atividade econômica. Os economistas estão projetando queda na inflação no ano que vem e queda da taxa de juros no primeiro trimestre, mas não vamos demorar esse tempo para colocar isso no preço”, completa.
Tarifas de Trump
Apesar da preocupação com as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas pelos Estados Unidos, que devem entrar em vigor a partir de 1º de agosto, os gestores entendem que, caso não haja uma escalada na relação dos dois países, as perspectivas para o mercado brasileiro seguem positivas.
“Mudou um pouco o cenário, trouxe mais volatilidade e requer mais atenção. Mas também abre oportunidades. Porém, no final, o jogo não muda, só torna mais truculento”, comenta Sara Delfim.
Paiva ressalta que, em poucos meses, o Brasil passou de beneficiado para o maior afetado pelas tarifas, mas, mesmo assim, ele acredita que ainda não é motivo para grandes preocupações. “Colocaram um pouco de água no chope. Quando aconteceu o tarifaço em abril, a gente começou a ver como algo positivo. Ficamos na lista de países com 10% de tarifas. No relativo, estávamos bonitos. Quando olhamos para nossa carteira, quase não tem impacto. Alguns setores pontuais vão ser impactados, mas não muda muito”.
Para ele, se a situação permanecer como está, o efeito deve ser pouco significativo. “A gente acha que se ficar nos 50% está bom. Nossa preocupação é escalar e, nesse caso, o maior prejuízo vem no fluxo de investidor estrangeiro que estava vindo. Apesar de pouco impactado, o Brasil pode começar a gerar algum receio nos investidores estrangeiros”, comenta.
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