Índices

Em meio a conflitos e tarifaço, veja como se comportou o índice que mede volatilidade esperada do mercado em 2025 

Até sexta-feira (21), o S&P/B3 Ibovespa VIX acumulou alta de 4,57%

O ano ainda não terminou, mas, a essa altura, já é possível afirmar que um dos fatores que marcou 2025 em termos econômicos e políticos foi a incerteza. A manutenção dos conflitos entre Israel e Palestina, Rússia e Ucrânia, além da guerra comercial travada pelos EUA, com as tarifas impostas pelo presidente norte-americano Donald Trump, fizeram com que o mercado não vivesse dias de calmaria e tivesse volatilidade alta. 

Assim, com toda essa instabilidade, este foi um ano que o investidor precisou estar atento a diferentes fatores que afetam diretamente os investimentos. E uma ferramenta disponível que pode contribuir para a análise de cenário no Brasil é o S&P/B3 Ibovespa VIX.  

O índice foi criado no ano passado no Brasil com o objetivo de medir a volatilidade implícita de curto prazo nos preços de opções do Ibovespa B3. Isso quer dizer, em resumo, que ele mede o quanto o mercado espera de oscilação no índice nos próximos 30 dias corridos. 

Veja como o S&P/B3 Ibovespa VIX se comportou em 2025 

Neste ano, apesar do contexto político e econômico, o S&P/B3 Ibovespa VIX só atingiu um patamar elevado em abril, quando o Trump anunciou sua política de tarifas. De acordo com a S&P, um VIX até 15 pontos é considerado baixo. De 15 a 20, o nível de volatilidade esperada é considerado moderado. De 20 a 25, é médio, de 25 e 30 é alto e, acima de 30, é muito alto e “geralmente indica turbulência extrema no mercado”. 

Fonte: S&P Dow Jones Indices

Até sexta-feira (21), o índice acumulou alta de 4,57%, e teve seu pico em 7 de abril de 2025, aos 26,57 pontos. 

“O ano de 2025 teve vários elementos de incerteza — tensões geopolíticas, desaceleração global, guerra comercial e um dólar perdendo força — mas isso não se traduziu em pânico contínuo nos preços das opções brasileiras”, analisa Marcos Piellusch, professor da FIA Business School. 

Piellusch argumenta que o salto de volatilidade em abril foi causado pelo anúncio de tarifas nos EUA pelo governo Trump, que gerou um choque imediato e direto nos mercados globais. “Tarifas impostas de forma abrupta costumam afetar expectativas de comércio internacional, cadeias de suprimentos, fluxo financeiro e crescimento global. É exatamente o tipo de evento que provoca reprecificação rápida de risco, levando o VIX a refletir uma piora abrupta no humor dos investidores”, comenta. 

Para ele, outros eventos não produziram o mesmo efeito em 2025 porque “conflitos e incertezas macro foram se acumulando ao longo do ano, mas de forma gradual. O mercado se adapta à incerteza quando ela é contínua, o que assusta é o choque inesperado”, diz. 

Como os investidores podem usar o S&P/B3 Ibovespa VIX 

Como mencionado, o índice é um termômetro de quanto o mercado projeta de oscilação do Ibovespa B3 no curto prazo. Mike Orzano, diretor de Produtos de Bolsa e Ativos Digitais da S&P Dow Jones Indices, explica que quando o VIX está alto, indica que o mercado está receoso e a faixa de retornos esperados para o Ibovespa B3 provavelmente será maior. Por outro lado, se estiver baixo, os mercados estão calmos e a faixa de retornos esperados é estreita. 

“O S&P/B3 Ibovespa VIX tende a ter uma correlação negativa com o Ibovespa, o que oferece propriedades de hedge potencialmente atraentes para o mercado de ações”, comenta Orzano. 

Segundo Piellusch, “o VIX brasileiro funciona como um ‘radar antecipado’ de risco. Ele ajuda o investidor a interpretar o humor do mercado, entender se vale assumir mais risco ou se proteger, e precificar melhor o custo dos hedges”. Ele entende que “o importante não é o valor absoluto, mas se ele está alto para o padrão do Brasil. Se a média histórica é, por exemplo, 15–20 pontos e ele vai a 30, isso importa muito mais do que o número isolado”, completa. 

Piellusch recomenda também que os movimentos bruscos do índice sirvam como gatilho para revisão de carteira. Sendo assim, para ele, uma subida repentina indicaria ao investidor reduzir o risco, enquanto a queda repentina daria espaço para uma maior exposição ao risco. Do mesmo modo, o professor afirma que volatilidade baixa pode deixar o hedge mais barato, e a alta da volatilidade deixaria essa proteção mais cara. 

Para Orzano, “embora o VIX não possa prever movimentos futuros do mercado de ações, ele pode ser usado para fornecer uma estrutura para a provável faixa de movimentos do mercado nos próximos 30 dias”, diz. 

Como o índice é calculado? 

O S&P/B3 Ibovespa VIX é calculado a partir dos prêmios dos contratos de opções de compra e venda de Ibovespa B3. Esses contratos são instrumentos usados pelo mercado para a realização de diversas estratégias de investimento. A importância desses contratos de opções para índice são os preços cotados, também conhecidos como prêmio

O prêmio é calculado com base em cinco fatores: o preço de exercício das opções, o preço do ativo (à vista), o tempo para o vencimento, a taxa básica de juros e volatilidade esperada para o período. De todas essas variáveis, a única que não é conhecida por todos os investidores é justamente a volatilidade – cada agente financeiro usa sua própria expectativa para calcular os prêmios das opções. 

O que S&P/B3 Ibovespa VIX faz é calcular qual é a expectativa que está implícita no preço desses contratos. “Os investidores frequentemente utilizam opções como proteção contra quedas no mercado. Assim, quando há expectativas elevadas de volatilidade no mercado, há maior demanda por opções do Ibovespa B3, o que aumenta seus preços e, consequentemente, o VIX sobe”, explica o diretor da S&P Dow Jones Indices. 

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