Índices

Qual o desempenho dos índices setoriais da bolsa no primeiro semestre?

Índice da indústria foi o único que teve rendimento positivo, descolando do Ibovespa

Os índices setoriais da B3, a bolsa de valores brasileira, funcionam como carteiras teóricas com ativos listados que correspondem àquela área, como por exemplo, Imobiliário, Financeiro, Agro e mais.

Assim, suas altas e baixas não refletem apenas o desempenho de uma empresa (apesar de seus desempenhos influenciarem o resultado), mas reportam o movimento de todo um setor no mercado.

O levantamento da Quantum Finance trouxe o desempenho de cada índice setorial no primeiro semestre de 2024, quando houve destaque para o setor de indústria. Confira!

Desempenho dos índices setoriais da B3 no 1º semestre de 2024

ÍndiceSetorRetorno – 1º semestre de 2024
INDXIndústria3,53%
ICBCommodities-0,03%
IAGRO B3Agronegócio-5,24%
UTILUtilidade Pública-6,53%
IEEEnergia Elétrica-7,02%
Ibovespa-7,66%
IMATMateriais básicos-9,67%
IFNCFinanceiro-11,88%
ICONConsumo-14,03%
IMOBImobiliário-16,84%
Fonte: Quantum Finance

No levantamento, vemos que os índices INDX (+3,53%) e ICB (-0,03%) indicam que a indústria e o setor de commodities tiveram um desempenho relativamente estável, com a indústria um crescimento do setor industrial. Os desempenhos desses índices descolaram do Ibovespa, principal índice de ações da bolsa, que caiu 7,66% nos primeiros seis meses do ano.

Segundo Marcos Piellusch, professor da FIA Business School, a indústria brasileira tem se beneficiado de uma recuperação pós-pandemia, com uma demanda doméstica e externa aquecida para produtos manufaturados. 

“A demanda interna e externa por produtos manufaturados tem se mantido robusta, e a estabilização dos preços de insumos básicos favoreceu a margem de lucro das empresas”, afirma.

Para Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, vale acrescentar que políticas públicas de incentivo, como subsídios e investimentos em infraestrutura, também ajudaram a modernizar e aumentar a eficiência das indústrias, contribuindo para o crescimento do setor.

Já em relação às commodities, o professor da FIA Business School aponta que o desempenho das empresas foi influenciado pelos preços internacionais e pela demanda global. “O agronegócio brasileiro continuou a ser um pilar, com exportações sólidas de soja, milho e carne, embora as quedas de preço em alguns momentos tenham neutralizado os ganhos”.

Ações de consumo e mercado imobiliário em baixa

Lima ainda aponta que, por outro lado, o setor de consumo registrou uma queda significativa no ICON (-14,03%), por fatores relacionados à alta taxa de juros, que manteve elevado o custo do crédito e reduziu o poder de compra dos consumidores. 

“Vale acrescentar, que a baixa confiança dos consumidores, exacerbada pela instabilidade econômica, também teve um papel importante”, destacou.

Já no setor imobiliário o impacto foi ainda maior, segundo o analista da Ouro Preto Investimentos, com uma queda de 16,84% no IMOB. Esse impacto está diretamente ligado às altas taxas de juros, que acabam tornando o financiamento imobiliário mais caro, o que reduz drasticamente a demanda por imóveis.

Outros índices setoriais

Piellusch ainda aponta que o cenário dos outros setores, que também tiveram desempenho negativo no período. O IAGRO B3 (-5,24%), por exemplo, teve um desempenho negativo, mas menos acentuado comparado a outros setores.

“O setor agropecuário enfrenta desafios climáticos e logísticos, como por exemplo algumas regiões com enchentes e outras com secas. Isso afeta a produção de grãos, como milho e soja, resultando em menores volumes de colheita. A variação cambial também afeta o setor, elevando o custo de insumos importados, como fertilizantes e defensivos. Isso pressiona a margem dos produtores”, destaca.

No entanto, ele afirma que a demanda se mantém relativamente resiliente devido à demanda global por alimentos e produtos agrícolas brasileiros, o que limitou as perdas.

O índice UTIL (-6,53%), índice de utilidades públicas, reflete desafios regulatórios e mudanças nas políticas tarifárias, aponta ele. “As empresas de utilidades públicas enfrentam incertezas regulatórias e necessidade de investimentos em infraestrutura”.

Por fim, o índice de Energia Elétrica (IEE) caiu 7,02%, possivelmente devido a preocupações com a sustentabilidade energética e mudanças na matriz energética. “O setor de energia elétrica está lidando com a transição para fontes de energia renovável e desafios em infraestrutura”, diz o professor.

Perspectivas para o segundo semestre

De acordo com Sidney Lima, para o restante de 2024, a indústria deve continuar a se expandir, apoiada por investimentos em infraestrutura e tecnologia. 

Ele também destaca que o setor de commodities pode se beneficiar da estabilização dos preços e do aumento da demanda global, especialmente da China e dos EUA. “Caso comece a existir uma flexibilização maior da taxa de juros lá fora, o benefício tende a ser maior, devido à possibilidade de aumento de demanda direta”.

Já para o setor de consumo, ele afirma que pode começar a mostrar sinais de recuperação com a esperada queda na taxa Selic, que aumentará o poder de compra dos consumidores, e consequentemente aumento de demanda.

“No setor imobiliário, também se espera uma melhoria gradual com a redução dos juros, incentivando novos investimentos e compras no setor, contudo a incerteza e o posicionamento do Banco Central Brasileiro, afastando a possibilidade de flexibilização da taxa de juros por aqui, seguem afastando uma reação mais consistente do setor”, aponta.

Setores que podem se destacar

Marcos Piellusch afirma que alguns micro setores podem se destacar daqui para frente. São eles: 

  • Tecnologia e Inovação: Com o avanço da digitalização e a crescente demanda por soluções tecnológicas, este setor tem potencial de crescimento.
  • Saúde e Farmacêutico: A demanda por serviços de saúde e produtos farmacêuticos continua alta, e investimentos em biotecnologia e inovação podem impulsionar o setor.
  • Energia Renovável: Com o foco crescente em sustentabilidade, o setor de energia renovável tem grandes chances de expansão, atraindo investimentos tanto nacionais quanto internacionais. 

“Embora o primeiro semestre de 2024 tenha sido desafiador para vários setores, as expectativas para o segundo semestre indicam possíveis recuperações, especialmente se houver um ambiente econômico mais estável e políticas favoráveis. Os setores de consumo, imobiliário e financeiro têm potencial para se destacar, impulsionados por condições macroeconômicas favoráveis e medidas específicas de estímulo”, completa.

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