Objetivos financeiros
O buraco é (bem) mais embaixo
Carol Stange
Educadora e planejadora financeira, especialista e analista em investimentos, Carol Stange atua como multiplicadora do programa “Eu e meu dinheiro” do Banco Central e acumula as certificações CEA (Anbima) e CNPI-T (Apimec), além de ser Consultora CVM, criadora da marca “Como enriquecer seu Filho” e cofundadora do Instituto de Educadores Financeiros.
Não é o que você pode estar pensando. Permita-me contextualizar: a expressão “o buraco é mais embaixo” refere-se à inevitável cova que será nosso destino final.
Sim, o buraco está debaixo da terra, invisível aos nossos olhos, mas é uma realidade inescapável. Eu poderia ter substituído essa expressão por “as coisas não são tão simples quanto parecem”, mas confesso que, nesse caso, eu não teria chamado tanto sua atenção, especialmente ao abordar o intrincado tema do planejamento da aposentadoria.
Como se preparar para a aposentadoria?
Embora seja consenso que todos enfrentaremos esse destino em algum momento (espero que tardiamente), surpreendentemente, apenas 2 em cada 10 pessoas no Brasil se preparam adequadamente para a aposentadoria.
Parece, e é, um enorme desafio falar desse tema. Trata-se de uma etapa da vida ainda distante e o presente demonstra ser tão mais interessante e tão mais urgente, não é verdade?
Engana-se aquele que pensa que, ao superar a barreira inicial de “preciso planejar meu futuro” e investir efetivamente com esse propósito, o desafio termina.
É aqui que começamos a cavar mais; surge a parte 2 dessa missão, que é determinar o percentual ideal para que o esforço dedicado ao planejamento da aposentadoria não seja em vão.
Afinal, mil reais por mês podem ser significativos para uma pessoa, enquanto para outra, receber menos de 30 mil reais mensais seria inaceitável.
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Curiosamente, pude observar essa preocupação muito de perto em um e-mail recebido poucos dias atrás. A autora do e-mail perguntou-me, após contar-me brevemente sobre seu salário, composto de recebimentos previsíveis e benefícios trabalhistas comuns oferecidos por grandes empresas do mercado de trabalho formal, o seguinte:
“Invisto 10% da minha renda bruta pensando na minha aposentadoria. Não sei se é muito, se é pouco ou se já está bom. Existe um percentual ideal para esse objetivo? Se sim, como calcular?”
À primeira vista, qualquer impulso aponta responder com a máxima: quanto mais, melhor. No entanto, é crucial considerar um dado vital que falta para determinar o percentual ideal: a idade e o estágio do ciclo de vida financeira.
Explico. O percentual ideal de poupança e investimento para a aposentadoria varia de acordo com nosso momento de vida. Por ciclo de vida financeira, basicamente mapeamos se estamos falando de alguém em fase de acumulação, rentabilização ou de usufruto de patrimônio e recursos investidos.
Já a idade rapidamente indica se o tempo está a favor da pessoa, permitindo que ela poupe e invista valores menores ao longo de muitos anos, ou se será necessário fazer aportes significativos em um curto espaço de tempo.
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Quem tem por volta de 25 anos hoje e pretende se aposentar aos 70 anos, mas ainda não guardou dinheiro para esse objetivo, vai ter que poupar anualmente cerca de 10% da sua renda. Mas só poupar não é o suficiente. É preciso investir esse dinheiro de forma que ele gere retorno acima da inflação.
Àqueles que têm entre 30 – 45 anos precisam andar mais depressa, poupando ao menos 25% da renda.
Quanto aos indivíduos com mais de 50 anos, o percentual ideal de poupança é igual à idade. Por exemplo, alguém com 55 anos idealmente deveria poupar 55% do salário.
Investir de forma a superar a inflação é uma regra imutável aplicável a todas as idades, ciclos de vida e percentuais de poupança.
Há diversas opções de investimentos seguros e com remuneração compatível com esse objetivo. A escolha do produto apropriado depende não só do ciclo de vida financeira e da idade, como também do planejamento financeiro e do perfil do investidor.
Se o mundo dos investimentos favorece os pacientes, o planejamento de aposentadoria recompensa aqueles que, além de serem pacientes, começam o quanto antes. Isso evidencia que o buraco é, de fato, bem mais embaixo do que geralmente imaginamos.
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