Mulher Trader: investidora conta como superou barreiras profissionais e se encontrou no day trade
Ao Bora Investir, Paula Reis, a Mulher Trader, ressalta a importância das mulheres se sentirem confortáveis no day trade
Por Victor Rabelo
Depois de dar aulas de inglês, ser bancária, assessora de investimentos, abrir (e falir) uma loja de lingerie, Paula Reis, conhecida nas redes sociais pelo nome “Mulher Trader”, se especializou em day trade e hoje estimula mulheres a trilhar seus próprios caminhos no mundo dos investimentos.
Com 20 anos de mercado financeiro, sendo 12 no corporativo e oito anos vivendo de forma autônoma, Paula, além de ser trader, é analista CNPI-T (Certificado Nacional do Profissional de Investimento – Técnico). Em suas redes sociais, a “Mulher Trader” busca desmistificar conceitos complexos de renda variável em linguagem simples e fomentar a autonomia financeira das mulheres.
Para a influenciadora, as mulheres ainda se sentem muito solitárias no universo de day trade e é preciso criar ambientes de aprendizagem e networking seguros, onde não haja nenhum tipo de constrangimento.
A “Mulher Trader” conversou com o Bora Investir e contou sobre o começo e as reviravoltas em sua carreira, as dificuldades de ser mulher em um ambiente ainda muito masculino e deu dicas para quem quer dar os primeiros passos no day trade.
Confira abaixo os principais trechos da entrevista:
Bora investir: Quando você começou a fazer day trade e por quê?
Paula Reis: Foi em 2016. Eu estava reestruturando a minha vida financeira depois da falência da minha loja de lingerie e de uma demissão no banco em que trabalhava. Estava montando uma carteira de ações, só que eu tinha muitas dúvidas. Eu usava a carteira recomendada da corretora, mas eu não ficava feliz.
Eu tinha aquela dúvida que todo mundo tem que é: “só porque eu comprei, a ação caiu?”. Então, eu conversei com um amigo que trabalhava em corretora e ele me disse: “Paula, você tem que estudar análise gráfica. Só assim você vai conseguir ser uma investidora de ações. O que você está me perguntando está muito relacionado ao preço e isso você só vai desvendar nos gráficos e não com uma análise fundamentalista”.
Eu brinco que é serendipidade (capacidade de descobrir coisas boas por acaso) porque eu só queria achar um jeito de fazer minha carteirinha de ações crescer e, no fim, descobri que tinha uma profissão vinculada a isso, que eu podia ser trader.
Bora investir: Você começou operando quais produtos?
Paula Reis: Comecei com mini índice e minidólar, mas continuava com as ações em swing trade. Isso foi muito interessante porque eu não podia perder muito, pois eu já vinha de muitas perdas financeiras com toda essa trajetória. Eu sabia de gerenciamento de risco porque lidava com fundos de investimentos no banco.
Então, enquanto eu estava aprendendo os gráficos e não podia, de fato, colocar dinheiro no day trade, eu utilizava o swing trade em ações para ir adaptando toda a minha estratégia, entendendo, testando. Isso foi muito relevante porque você perde muito menos do que você perderia numa alavancagem de day trade.
Quando fui operar na minha conta no day trade, eu já tinha toda essa escola, tanto dos simuladores quanto da minha carteira de swing trade em ações.
Bora Investir: O day trade é uma prática que muitas vezes está relacionada ao universo masculino. Como você acha que as mulheres podem ganhar espaço?
Paula Reis: Eu participo de muitos eventos e tenho recebido mensagens de mulheres dizendo assim: “Paula, eu te vi no evento, adorei te ver pessoalmente, mas fiquei com vergonha de falar com você”.
Isso mostra o tamanho da insegurança que as mulheres têm. Se ela tem vergonha de falar com uma pessoa que ela admira, que ela acompanha na internet, imagina de levantar a mão num curso e fazer uma pergunta. Por isso que é tão importante a gente ter um momento de networking, um espaço em que as mulheres realmente se sintam seguras.
Naturalmente as mulheres têm uma autocobrança muito forte, têm uma régua muito alta para tudo o que fazem. Muitas vezes pensamos: “não vamos perguntar isso porque é besteira, vou falar asneira aqui”. Isso é da construção da nossa educação, não é nem do mercado financeiro. Inclusive, quando a gente chega aqui no mercado de traders, a gente observa que todo mundo quer se ajudar, todo mundo sabe que é uma jornada muito difícil, são muitos altos e baixos até conseguir ter uma renda disso.
Bora Investir: Qual dica você dá às mulheres que querem conhecer mais sobre day trade?
Paula Reis: A primeira é assistir meus conteúdos lá no Hub Educacional da B3, que é tudo gratuito e tem certificado. Depois, testar muito no simulador. O simulador, se bem utilizado, é uma ótima ferramenta. É como um piloto de avião, que simula antes de realmente voar. Você vai ter todo acesso ao ambiente, vai entender como que é abrir e fechar uma ordem com tranquilidade, sem o peso de errar e perder dinheiro. A gente consegue, inclusive, fazer um plano de um, dois, três meses testando uma mesma estratégia pra ver se é possível replicar.
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