“Uma carteira de investimentos alinhada a seus objetivos te ajuda a dormir em paz”, diz professor Mira
Com quase 30 anos de experiência como investidor e 25 anos como educador, o Professor Mira compartilha estratégias essenciais para alinhar investimentos às metas pessoais
“Se você não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve”. A frase, do livro Alice no País das Maravilhas, foi adaptada e adotada pelo professor Mira para mostrar a importância do primeiro passo para investir: a definição de suas metas e objetivos. Para o educador e influenciar de finanças, toda a estratégia para sua carteira de investimentos precisa começar desse ponto. Mas muita gente passa direto para o segundo passo, que é a escolha dos produtos de investimento – CDBs, títulos públicos, ações, criptomoedas e fundos imobiliários. O resultado pode ser uma carteira que não faz sentido e que não leva a seus objetivos.
Com seus 25 anos como professor e mais de 50 mil alunos no currículo, Mira desenhou um método para atender ao que ele considera as principais demandas que ele recebe. “Muito é dito na internet, o investimento funciona assim, você investe aqui e ganha X de taxa, tal ativo valorizou, desvalorizou, ganhou, perdeu. As pessoas têm essa informação, só que isso não leva nada a lugar nenhum”, diz ele. “Antes, meu trabalho na internet me frustrava um pouco também, porque se eu falar que acho que essa ação vai subir, com base nos meus estudos, isso não muda a vida de ninguém. Então, eu conseguia agregar muito pouco”.
Em conversa com o Bora Investir, Mira detalhou os quatro pilares de seu método: Mapear, Investir, Revisar e Acelerar. Confira!
1. Mapear: Como definir os seus objetivos de investimento
“Essa jornada tem que começar por um motivo. Se você não tem objetivos, por que que vai deixar de comer um McDonald’s para comprar uma ação?”, questiona Mira, ressaltando a importância de mapear as necessidades e metas individuais antes de iniciar qualquer estratégia de investimento.
Mapear envolve identificar os objetivos financeiros que cada investidor deseja alcançar. Seja para comprar uma casa, financiar a educação dos filhos ou garantir a aposentadoria, ter metas bem definidas é crucial para direcionar as decisões de investimento.
Definir esses objetivos te ajuda em duas frentes. Primeiro, a montar a sua carteira e escolher os produtos em que investir (veja mais abaixo). Em segundo, a seguir o plano e continuar investindo com consistência. “A satisfação com consumo é muito mais imediata. Pouca gente tem prazer em comprar uma ação,” o que evidencia a necessidade de transformar objetivos abstratos em metas concretas e tangíveis.
Só depois que o objetivo foi escolhido, começa o trabalho de matemática financeira. Mas Mira sugere um cálculo um pouco diferente do que é mais difundido. “Normalmente, qual é a lógica da matemática financeira? Você vê quanto tem, qual é a taxa de juros, quanto eu vou colocar todo mês, e sabe o resultado lá na frente. Eu fiz a lógica inversa: quanto você quer ganhar? A partir disso, você sabe o quanto precisa acumular de dinheiro, então sabe o quanto precisa investir todos os meses, o tempo que quer para realizar esse sonho e quanto precisa de retorno”, diz ele.
2. Investir: Alinhando os investimentos às suas metas
Muita gente que começa a investir pula o primeiro passo e vai direto para o segundo: a escolha dos ativos para compor a carteira. “Se isso não estiver alinhado à sua meta, você vai ficar perdido”, alerta o Professor Mira. Investir, diz ele, não é apenas sobre escolher ativos, mas sim alinhá-los de maneira estratégica às metas previamente mapeadas.
Sem um objetivo claro, “você compra bitcoin porque subiu, vende quando cai. Comprar o Tesouro, aí a taxa sobe e você vende. Se você sabe o que quer, não vai ficar pulando de galho em galho”, diz Mira.
Em vez disso, diz ele, o importante é conhecer o retorno esperado de cada tipo de investimento e “casar cada objetivo” com os ativos e prazos adequados. “Se você precisa de um retorno de 10% e vê um CDB que paga 15%, sabe que aquilo te atende”, exemplifica ele.
Segundo ele, por exemplo, a renda fixa é indicada para metas de curtíssimo e curto prazo, oferecendo segurança e previsibilidade. Já a renda variável se mostra mais adequada para o longo prazo, em que a volatilidade pode ser aproveitada para maiores retornos.
Essa etapa também envolve a seleção consciente dos produtos financeiros. “Existem técnicas de como você define a expectativa para todos os tipos de ativo,” explica o Professor Mira. Cada investimento deve ter um propósito claro, seja pela expectativa de dividendos, valorização ou outro fator que se alinhe com a meta específica do investidor.
3. Revisar: Monitorando e organizando seu patrimônio
“Aqui, você já sabe como cada ativo funciona, mas precisa ter uma visão global do patrimônio,” afirma o Professor Mira, destacando a importância da revisão contínua da carteira de investimentos.
Revisar envolve organizar todos os ativos de maneira coesa, garantindo que cada um deles continue alinhado com os objetivos financeiros. “A primeira coisa é entender o porquê você comprou essa ação. É porque acha que vai pagar bons dividendos? É porque acha que vai valorizar? Tudo bem. Você tem um motivo,” orienta o professor. Caso algum ativo não possua mais um propósito válido, é fundamental “faxinar essa carteira,” realinhar os investimentos e, se necessário, retornar ao pilar de mapeamento.
Essa revisão constante permite ajustes conforme mudanças no mercado ou na vida do investidor, mantendo a carteira sempre relevante e eficiente. “Se sua carteira atende seus objetivos, você vai dormir em paz,” conclui.
“Dinheiro é ponte, não é fim. Ele é a ponte que vai levar você até o seu objetivo, que no fim das contas, em alguma medida, é ter mais tempo com quem você ama, ter mais qualidade de vida, poder criar os seus filhos, viajar, estar com seu cônjuge, fazer aquilo que você gosta”, diz.
4. Acelerar: Potencializando os resultados dos investimentos
Embora nem todos os investidores necessitem acelerar seus resultados, existem estratégias que podem potencializar o crescimento do patrimônio. A aceleração dos resultados pode ser alcançada de diversas maneiras, como reinvestir os rendimentos obtidos para aumentar o montante investido sem necessidade de aportar mais capital. Outra estratégia é disponibilizar ativos como ações e fundos imobiliários para empréstimo e assim gerar renda passiva.
Para conhecer mais sobre finanças pessoais e investimentos, confira os conteúdos gratuitos na Plataforma de Cursos da B3. Se já é investidor e quer analisar todos os seus investimentos, gratuitamente, em um só lugar, acesse a Área do Investidor.