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Como calcular a rentabilidade de ações? Entenda com o Bora!

Entenda como calcular a rentabilidade de ações e quais são os principais indicadores para o cálculo com o Bora Investir

Boneco representando um homem com várias setas apontando direções ao redor
O Bora Investir preparou algumas recomendações para ajudar o investidor de primeira viagem. Foto: Adobe Stock

À primeira vista, a tarefa de calcular a rentabilidade de ações pode parecer um verdadeiro bicho de sete cabeças para o investidor iniciante. Mas, para saber o que fazer para multiplicar seu dinheiro, é preciso entender quais são os papéis que te darão melhor retorno, assim como comparar investimentos, entre outros aspectos importantes. 

Por isso, o melhor a ser feito é arregaçar as mangas e aprender um pouco mais sobre o universo das aplicações. Para ajudar quem está iniciando nessa trilha, reunimos dicas e recomendações valiosas. No final, além de calcular a rentabilidade das ações, você vai ver que não há sete cabeças nesse bicho e nem há bicho algum, na verdade. Bora entender?!

O que é a rentabilidade de ações?

A rentabilidade de uma aplicação é um percentual do valor que retorna para a pessoa sobre a quantia que ela investiu, como na compra de ações. 

A rentabilidade é um conceito importante, pois ajuda a compreender se um investimento está indo bem na comparação com outros. Por exemplo, é possível comparar a rentabilidade da compra de ações em relação a deixar o dinheiro na poupança ou comprar um CDB.

“Em termos simples, para calcular a rentabilidade, devo comparar quanto tinha antes de comprar as ações, isto é, de fazer o investimento, e quanto tenho em um determinado momento”, explica Marcelo Lema, professor de Finanças da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo).

O especialista explica que no caso de ações, há dois principais tipos de ganhos: a valorização e o pagamento de dividendos. “No caso da valorização, imagine o seguinte exemplo: se você comprou R$ 100 em ações há um mês e vai vendê-las hoje por R$ 150, o preço de mercado, você ganhou R$ 50 sobre os R$ 100 investidos. Assim, nesse caso, a rentabilidade é de 50%”, diz Lema.

Já os dividendos são a parte dos lucros que uma empresa gera e reparte aos acionistas dela. “No Brasil, de maneira geral, as pessoas costumam se preocupar mais com a valorização das ações e se esquecem um pouco de observar os dividendos, pois ainda não é algo tão comum na nossa cultura”, avalia o professor.

Para entender o conceito, a partir daquele mesmo exemplo, considere que você comprou há um mês R$ 100 em ações de uma empresa e ela já está pagando dividendos aos acionistas. Se você tiver direito a R$ 20 de dividendos, por exemplo, isso que significa que você ganhou 20% sobre o investimento feito, em função dos dividendos.

+ O que são dividendos e como receber esses valores

Qual a diferença entre rentabilidade e lucratividade?

Os conceitos de rentabilidade e lucratividade são bem semelhantes, sendo que o primeiro é considerado mais importante e mais fácil de entender, porque serve como referência para comparar o quanto cada tipo de investimento rende.

“A rentabilidade é tudo o que a pessoa está ganhando em relação ao investimento que fez”, resume Lema. “No nosso exemplo, se uma ação foi comprada por R$ 100, valorizou ao ser vendida a R$ 150 e ainda pagou R$ 20 de dividendos, então, ao todo, o investidor ganhou R$ 70. Esses R$ 70 gerados são a rentabilidade bruta, no caso, de 70%.”

O conceito de lucratividade é próximo disso, mas se refere mais aos valores monetários. O professor explica que retorno bruto em nosso exemplo foi de R$ 70, mas é preciso lembrar que quando compramos ações existem algumas taxas a serem pagas, como de corretagem ou emolumento, por exemplo, além de impostos, em alguns casos.

“Deve-se descontar do retorno consolidado os valores dessas taxas e impostos para se verificar a lucratividade”, afirma Lema. “No nosso exemplo, vamos considerar que após os descontos, dos 70% de retorno total (R$ 70) sobraram R$ 60. Essa é a lucratividade.”

Enquanto a rentabilidade é um percentual, a lucratividade costuma ser medida como um valor monetário, apesar de serem conceitos próximos. 

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Por que aprender a calcular a rentabilidade de uma ação?

Quem pensa em investir deseja fazer seu dinheiro se multiplicar. Por isso, como estamos vendo, é importa saber a melhor maneira de conseguir isso. O que passa pela importância de saber calcular a rentabilidade de uma ação.

“Quando você sabe o quanto aquela ação está gerando de rentabilidade, consegue administrar melhor seu investimento”, resume Lema. Assim, ao comparar sua ação com outros investimentos e avaliar que está com boa rentabilidade, você fica feliz e continua com aquele investimento. Já se não estiver, você pode sair do investimento e ir para outro.

Por exemplo, imagine alguém que comprou ações da empresa X, mas ela não está dando rentabilidade ou está dando uma rentabilidade negativa. Nesse caso, a pessoa pode pensar: “vou esperar um pouco mais e tentar recuperar o que perdi”. E, assim, tentar buscar uma rentabilidade positiva.

Ou pode agir de modo diferente: “quer saber, não acredito mais que essa ação vai voltar a subir tão rapidamente ou nunca mais vai subir”. Com isso, ela admite a perda do valor, a rentabilidade negativa nessa operação, e parte para outra ação que, de repente, tem uma perspectiva de crescimento mais rápida.

Imagine um jóquei que no meio de uma corrida percebe que o seu cavalo começa a perder velocidade e, ao olhar para o lado, vê que outro cavalo vai passar rápido, sem ninguém montado nele. Nessa prova hipotética, o jóquei pode mudar de cavalo, então, salta para o cavalo mais veloz. 

Essa analogia serve apenas para ilustrar a importância de calcular a rentabilidade na hora de escolher em qual ação investir ou onde manter seus investimentos.

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Como calcular a rentabilidade dos investimentos em ações?

Para ajudar a calcular a rentabilidade das ações, existe uma série de indicadores que podem ajudar o investidor. O professor Marcelo Lema, da PUC-SP, afirma que para um investidor inicial, alguns indicadores são mais úteis. Ele recomenda que a pessoa conheça três deles: rentabilidade sobre o ganho de capital, dividend yield e P/L (preço sobre lucro).

Rentabilidade sobre os ganhos

Como já vimos, a rentabilidade sobre os ganhos é a melhor maneira de saber se um investimento está com um bom desempenho se comparado a outras opções. A fim de calcular a rentabilidade de uma ação, é preciso considerar a variação do preço dela, ou seja, sua valorização ou desvalorização no período.

Assim, se alguém comprou R$ 4.000 em ações há três anos e as vendeu por R$ 5.000, elas valorizaram R$ 1.000 no período, o que significa uma rentabilidade de 25%.

Essa rentabilidade é nominal, que é o valor bruto do investimento sem o desconto da inflação. Mas há a chamada rentabilidade real, quando ocorre o desconto da inflação do período (em nosso exemplo, dos três anos) na porcentagem de retorno ao investidor.

Vamos supor que no período de três anos, a inflação acumulada alcançou 8%. Com isso, a rentabilidade nominal de 25% do exemplo cairia para uma rentabilidade real de 17%, com a inflação descontada.

Dividend yield

Dividend yield (rendimento de dividendos) é um indicador que apresenta uma estimativa do

retorno somente de dividendos de um investimento em ações. Como vimos, os dividendos são uma parte do lucro líquido que as empresas distribuem aos acionistas.

O dividend yield indica qual é o potencial de pagamento de dividendos, em relação ao investimento que a pessoa faz para comprar as ações. Isso possibilita, por exemplo, que o investidor possa comparar negócios de um mesmo setor. 

No entanto, não é recomendado que o investidor avalie uma ação com base apenas nas informações de dividend yield. Muitas empresas podem apresentar uma taxa alta desse indicador, pois suas ações estão caindo, ou isso representar uma distribuição pontual de dividendos, que não será mantida. 

P/L (Preço/Lucro)

O índice preço/lucro (P/L) relaciona o preço das ações de uma empresa com seu lucro por ação. Esse indicador é uma das ferramentas mais utilizadas por meio das quais investidores determinam a avaliação relativa de uma ação. Para determinar o valor P/L, basta dividir o preço atual da ação pelo lucro por ação. 

Conforme a fórmula: P/L = Valor de mercado por ação / Lucro por ação

A relação P/L ajuda a determinar se uma ação está supervalorizada ou subvalorizada. Da mesma maneira que ocorre com outros indicadores, o P/L não deve ser considerado de forma isolada. A recomendação é sempre utilizá-lo juntamente com outros indicadores.

Outros indicadores

Existem muitos outros indicadores que permitem ao investidor obter dados importantes sobre uma empresa, seu desempenho passado, presente e expectativas futuras. Alguns deles são LPA (Lucro por Ação), P/VP (Preço sobre Valor Patrimonial da ação), ROE (Return on Equity ou Retorno sobre Patrimônio Líquido) ou EBITDA (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês).

No entanto, é mais eficaz que um investidor inicial siga algumas recomendações do que se preocupe em dominar esse universo dos indicadores

“É importante nunca colocar os recursos em uma única ação de uma única empresa. Em vez disso, sempre prefira fazer uma carteira de ações, com ao menos cinco ou seis empresas e de setores diferentes. Isso ajuda a ter uma boa rentabilidade e diminui riscos”, explica Marcelo Lema. 

Mas como montar uma boa carteira? Segundo o professor, é preciso olhar o mercado, afinal, investir não significa somente colocar dinheiro em qualquer lugar. É necessário tentar entender quais são as empresas que têm possibilidade de crescimento, segundo cenários futuros (econômico, político, de mercado, etc.).

Para essa tarefa, é importante pesquisar em sites confiáveis para ter mais informações. Na dúvida, Lema recomenda que a pessoa busque ajuda de uma assessoria de investimentos, pois, certamente, ela terá informações para montar uma carteira com boas ações para ter uma perspectiva de ganhos interessante. 

Além disso, de acordo com especialista, é necessário ter um objetivo e pensar em longo prazo. “Pode ser um investimento para, por exemplo, comprar uma casa daqui a 5 anos, garantir uma aposentadoria daqui a 20 anos ou para os estudos da filha. Nunca é bom para o investidor inicial pensar em investir na bolsa com visão de curto prazo”, afirma o professor.

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Existe segredo para aumentar a rentabilidade de ações?

Muita gente que considera investir talvez pense: “deve haver um segredo para fazer boas aplicações na Bolsa ou aumentar a rentabilidade”. Será que isso existe?

“Não é exatamente um segredo. Para melhorar a rentabilidade, você tem que fazer boas escolhas. Isso é importante. E boas escolhas vêm de observação do mercado. Não é somente escolher um número como se fosse jogar na mega-sena”, afirma Lema.

Segundo o professor, a pessoa tem que olhar onde vai colocar o seu dinheiro, se faz sentido. Por isso é preciso estudar, ler um pouco sobre o mercado. Mas esse estudo não tem que ser algo chato. Afinal, estamos falando de investir os seus recursos.

Por exemplo, imagine que você quer comprar ações de um grande banco e escolhe um específico. Alguns questionamentos válidos, de acordo com Lema seriam:

  • Será que é um investimento interessante?
  • O que tem acontecido nos últimos meses ou anos com esse banco?
  • Quais são as perspectivas para esse banco nos próximos anos?
  • É uma empresa grande e estável? 
  • Ela está crescendo?
  • O lucro está aumentando ou diminuindo?
  • Tem perspectiva de crescimento?
  • Quais são os outros bancos que estão no mercado?

Responder essas perguntas é uma maneira que ajuda a montar o investimento, com conhecimento. Isso melhora a possibilidade de ganhos.

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Como investir em ações da Bolsa de Valores?

Agora que vimos como calcular a rentabilidade das ações, é hora de entender o que é preciso para começar a investir na Bolsa de Valores

De acordo com especialistas, existem alguns passos para isso, vamos conferir quais são:

Antes de começar a investir, é recomendável que a pessoa faça uma reserva de emergência, uma vez que é preciso pensar em longo prazo. Isso significa que os recursos para compra de ações devem trazer retorno somente após alguns anos.

O investidor deve considerar que não vai poder contar com esses recursos antes disso, para não perder rentabilidade, ou seja, deixar de ganhar. De maneira geral, a reserva de emergência deve cobrir ao menos seis meses do custo de vida da pessoa.

Após criar a reserva de emergência, é necessário que a pessoa compreenda qual é o perfil de investidor (conservador, moderado ou arrojado) dela e estabeleça o objetivo com o investimento. O perfil está ligado à tendência para encarar riscos. 

Investimentos de renda variável são mais apropriados para quem possui perfil moderado ou arrojado, de acordo com especialistas. O objetivo significa saber que resultados a pessoa espera alcançar com as aplicações. 

O passo seguinte é abrir uma conta em uma corretora de valores. Para escolher uma instituição financeira, a pessoa deve procurar referências. É a corretora que irá providenciar ao investidor um acesso ao sistema para comprar e vender ações. Com a conta aberta, a pessoa deve transferir para a instituição os valores que deseja investir.

É chegada o momento de acessar o home broker, o sistema de operações virtual que possibilita a compra e venda de ações. Uma dica importante é estudar o home broker da corretora escolhida a fim de entender melhor como é o funcionamento dele.

A pessoa deve observar quais são as alternativas de aplicações, analisar todas as informações que conseguir sobre as empresas e escolher, considerando o objetivo e o perfil dela. A partir das chamadas ordens de compra, o investidor utiliza os recursos transferidos para a corretora para comprar as ações que escolheu.

Na hora de acompanhar os resultados, é preciso lembrar que os investimentos devem ser considerados no longo prazo. Por isso, o investidor não deve se assustar com as inevitáveis variações nos valores que acontecem no dia a dia. 

A valorização das ações ocorre com o tempo. Por isso, ninguém deve se desesperar com o desempenho dos papéis em semanas ou meses. A performance durante um período de alguns anos é a que realmente importa. 

Uma última recomendação valiosa tem a ver com a constância dos investimentos. Os especialistas afirmam que mais relevante do que uma aplicação inicial é realizar aportes, mesmo que pequenos, mês a mês. A persistência é uma grande aliada do investidor. 

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