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BC Europeu deixa crise bancária de lado e sobe juros ao maior nível em 15 anos

Alta de 0,50 ponto percentual já era esperada, apesar das apostas para um aperto menor, diante da crise no Credit Suisse. BCE disse que monitora tensões no mercado

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A medida do BCE segue o plano da instituição para combater a inflação que tem dado sinais de reaceleração. Foto: Arquivo/Agência Brasil

O Banco Central Europeu (BCE) elevou as taxas de juros em 0,50 ponto percentual nesta quinta-feira, 16/03. A medida segue o plano da instituição para combater a inflação que tem dado sinais de reaceleração. Apesar da decisão ser esperada, muitos investidores apostavam em um aperto mais brando – diante das turbulências no Credit Suisse e na falência do Silicon Valley Bank e do Signature Bank.

O aperto na política monetária da zona do Euro eleva a taxa de empréstimo, a taxa de refinanciamento e a taxa de depósito em 3,75%, 3,50% e 3%, respectivamente. Elas estão no maior nível desde 2008.

A indicação dos próximos passos para a política monetária europeia foram retiradas do comunicado – o que rompe com a prática de reuniões recentes. Os analistas acreditam que essa medida foi tomada por conta dos problemas no Credit Suisse.

“O elevado nível de incerteza reforça a importância de uma abordagem dependente de dados para as decisões de juros do Conselho do BCE”, afirmou no comunicado. O banco central disse ainda que “está monitorando de perto as atuais tensões do mercado e está pronto para responder conforme necessário para preservar a estabilidade de preços e a estabilidade financeira”.

Em entrevista coletiva após a decisão, a presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde disse que as previsões do BCE foram finalizadas antes da instabilidade do mercado, mas que as tensões recentes implicam uma incerteza adicional sobre a inflação.

“Antes destes desenvolvimentos mais recentes, a trajetória de referência da inflação global já tinha sido revista para baixo, principalmente devido à queda nos preços da energia. Ao mesmo tempo, as pressões sobre os preços subjacentes permanecem fortes. A inflação, excluindo energia e alimentos, continuou a aumentar em fevereiro e a equipe do BCE espera que ela atinja a média de 4,6% em 2023, o que é mais alto do que o previsto nas projeções de dezembro”, disse Lagarde.

As projeções do BCE mostram que a inflação deve terminar o ano em 5,3%, cair para 2,9% em 2024 e 2,1% em 2025. Em relação a atividade econômica, Lagarde afirmou que a economia do bloco europeu “está preparada para se recuperar”.

Super Quarta

A decisão do BCE era muito aguardada pelos investidores, pois sugere um passo a ser dado na próxima quarta-feira, 22/03, quando o Federal Reserve (Fed) define a nova taxa básica de juros nos Estados Unidos.

Os economistas apostam em um aperto monetário de 0,25 ponto percentual – menor que o sinalizado pelo banco central americano – diante da crise provocada pela falência do SVB, o banco das startups.

No mesmo dia, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) brasileiro também se reúne para discutir a taxa de juros, a Selic. Parte da equipe do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acredita que o BC pode antecipar a queda dos juros diante da crise bancária internacional. A Selic está em 13,75% ao ano.

Pelo lado da Fazenda, o ministro Fernando Haddad, quer anunciar o novo arcabouço fiscal antes da reunião do Copom. Ele se reúne nesta sexta-feira, 17/03, com Lula para apresentar a proposta. Um eventual anúncio oficial, no entanto, deve ficar para a semana que vem.

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