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China cresce 6,3% no 2º trimestre, mas recuperação econômica desacelera

Resultado veio abaixo do esperado pelo mercado financeiro. A fraca demanda interna e externa deve desacelerar ainda mais a segunda maior economia do planeta

A recuperação econômica da China perdeu força no segundo trimestre de 2023. O resultado coloca em risco a meta de crescimento fixada pelo governo do país e aumenta as preocupações com o ritmo fraco da economia mundial.

O Produto Interno Bruto (PIB) chinês cresceu 6,3% no segundo trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2022, segundo o Escritório Nacional de Estatísticas (NBS) divulgou nesta segunda-feira, 17/07.

O resultado veio abaixo das expectativas do mercado, de alta de 6,9%. No entanto, ficou acima dos 4,5% registrado no primeiro trimestre de 2023 ante um ano antes. A meta de crescimento do governo chinês neste ano é de 5%.

Importante lembrar que nessa mesma época, no ano passado, dezenas de cidades chinesas ainda estavam em confinamento por conta da pandemia. Portanto, essa avanço na comparação anual vem de uma base comparativa muito baixa.

Outro ponto de atenção é o confronto trimestral. A economia do país avançou 0,8% no 2º trimestre, ritmo mais lento ante os 2,2% nos três meses anteriores.

O que é o PIB e por que ele é importante para a economia do país?

Motores da economia chinesa em desaceleração

A perda de ritmo da China foi impactada principalmente pelo menor desempenho dos gastos do consumidor, que tem sido um dos grandes motores da economia do país.

Em junho, as vendas no varejo subiram 3,1% em relação ao ano anterior, ante 12,7% em maio. Esse dado mais ameno refletiu na estabilidade dos preços aos consumidores e na deflação do índice de preços ao produtor (IPP), que caiu ao menor nível desde dezembro de 2015.

Em entrevista à agência de notícias Bloomberg, o economista-chefe para a Ásia-Pacífico da S&P Global Ratings, Louis Kuijs, afirmou que os analistas esperavam uma recuperação liderada pelo consumo e pelo serviço. “Se isso está falhando, não há mais motor para a recuperação e isso não é um bom sinal”, disse.

O investimento no setor imobiliário, que representa um terço da economia do país, também piorou em junho. O investimento em ativos fixos subiu 3,8% nos primeiros seis meses de 2023 em relação ao ano anterior. No entanto, ficou abaixo dos 4% no período de janeiro a maio.

Pelo lado positivo, a produção industrial cresceu 4,4%, ante 3,5% em maio. A taxa de desemprego permaneceu inalterada em 5,2% em junho.

Para os economistas da Guide Investimentos, a desaceleração tanto no consumo das famílias como no investimento das empresas pode levar o governo chinês a tomar medidas econômicas.

“Os mercados estão ensaiando um começo de semana mais negativo, à medida que as preocupações com a economia lenta da China continue crescendo. Por outro lado, essa maior desaceleração levanta novamente especulações de que Pequim está preparando um pacote para estimular a economia”.

Impactos na economia global

A recuperação da china no pós-pandemia tem sofrido um duro revés diante da desaceleração da economia global.

Na semana passada, o Departamento de Alfândega do país divulgou que as exportações caíram 12,4% em junho em relação ao ano anterior, após uma baixa de 7,5% em maio. As exportações respondem por um quinto da economia chinesa.

“Existe uma fraca recuperação econômica global, desaceleração do comércio e investimento globais e aumento do unilateralismo, protecionismo e geopolítica”, disse o porta-voz da Administração Geral das Alfândegas da China, Lv Daliang.

A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, afirmou hoje, em entrevista a ‘Bloomberg TV’, que o crescimento mais lento na China pode se espalhar para outras economias, mas que os EUA estão em um “bom caminho”.

“Muitos países dependem do forte crescimento chinês para promover o crescimento em suas próprias economias, particularmente os países da Ásia, e o crescimento lento na China pode ter algumas repercussões negativas para os Estados Unidos”, disse Yellen.

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