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China: deflação e tombo nas exportações preocupam o mercado

Preços ao consumidor e ao produtor caem pela 1ª vez desde 2020. Exportações têm pior resultado em três anos. Recuperação do país pós-pandemia está bem abaixo do esperado

Fachada de pedra do prédio do Banco Central chinês com bandeira do país hasteada
A economia chinesa é uma das mais poderosas e influentes do mundo. Foto: Eagle - Adobe Stock

A China, segunda maior economia do planeta, passa por um momento raro na sua economia. Ao mesmo tempo em que os preços estão em deflação, diante de uma demanda mais fraca, as exportações e importações despencam ao pior patamar em três anos.

O índice de preços ao consumidor (CPI, sigla em inglês) do país caiu 0,3% em julho em relação ao mesmo mês do ano anterior, depois de permanecer estável em junho, considerando o mesmo período de 2022. É a primeira queda em mais de dois anos, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas do país (NBS).

Enquanto isso, o índice que mede o custo de produtos na porta de fábrica (PPI) caiu 4,4% em relação ao ano anterior, ante declínio de 5,4% em junho. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 09/08.

A demanda doméstica e global mais fraca, aliada aos preços das commodities em declínio no país, trazem um impacto direto na inflação, o que atrapalha ainda mais a recuperação econômica.

Esse conjunto de fatores se refletiu na balança comercial chinesa, que despencou no mês passado. Se o gigante asiático cresce menos, o impacto é direto em toda a cadeia global, principalmente nos seus principais parceiros comerciais, como o Brasil.

Queda nas exportações e importações da China

Em julho, o total das exportações chinesas despencou 14,5% em relação ao ano anterior, o pior declínio desde fevereiro de 2020. As importações foram na mesma toada e afundaram 12,4%, segundo a administração alfandegária do país.

Nos dois casos, os números vieram bem piores que o esperado pelo mercado. Somente os embarques para os Estados Unidos caíram 23,1% em julho.

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O economista-chefe do banco Master, Paulo Gala, afirma que os dados mostram uma retomada da China bem pior do que se imaginava. “Esses números mostram que a atividade econômica mundial está mais fraca do que se esperava e a segunda maior economia desacelerando é uma indicação de que o mundo não está crescendo de maneira consistente”.

Impactos nas commodities

Os economistas previam que a retomada da atividade econômica no gigante asiático no pós-pandemia seria impulsionada pela demanda doméstica. No entanto, a crise no mercado imobiliário, que atingiu a construção, impediu essa melhora.

A queda na venda de casas e o alto endividamento das incorporadoras, após a realização de fortes investimentos sem retorno, é o principal problema do setor. Os apoios ainda incipientes do governo tornam a retomada ainda mais difícil.

A China é um dos maiores importadores de minério de ferro do mundo: o insumo é usado em seu robusto mercado imobiliário. No entanto a crise no setor está sufocando a recuperação da economia local.

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