Copom reduz Selic em 0,5 p.p., para 11,25%, conforme esperado pelo mercado
Essa é a quinta vez consecutiva que o comitê optou por cortar a taxa Selic nessa magnitude, o que era esperado pelo mercado
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) anunciou a redução da Selic em 0,50 ponto porcentual nesta quarta-feira (31/01). Assim, a taxa básica de juros do País vai a 11,25% ao ano. A decisão foi recebida sem surpresas pelo mercado.
Essa é a quinta vez consecutiva que o comitê optou por cortar a taxa nessa magnitude. A decisão foi unânime entre os integrantes do colegiado.
Fed mantém juros e mercado reage de forma negativa
O comunicado aponta que, se confirmado o cenário esperado, o BCB deve seguir o ritmo de cortes na próxima reunião, que acontece nos dias 19 e 20 de março.
“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, antevêem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz.
Como posicionar seus investimentos com novo corte na Selic?
Economistas destacam comunicado neutro
Os economistas do mercado avaliaram o comunicado do Copom como neutro e dentro do esperado. Segundo eles, o texto teve mínimas mudanças, que não interferem nas expectativas de mudanças no rumo da política monetária.
“Desde a última reunião, não houve alterações relevantes da dinâmica inflacionária, das expectativas, das projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos que justifiquem uma sinalização divergente das anteriores”, aponta Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe Warren Investimentos.
Flávio Serrano, economista-chefe do Banco Bmg, afirma que o comunicado divulgado sofreu pouquíssimos ajustes em relação ao documento passado. “Assim, entendemos que o cenário mais provável é a continuidade dos cortes de juros no ritmo de 50bps por reunião. E, que esse processo deverá se estender até o 3º trimestre de 2024, com a taxa Selic fechando o ano perto de 9,50% a.a.”
De acordo com Rachel de Sá, chefe de Economia da Rico, a única mudança perceptível foi a retirada da menção à pressão das taxas de juros de longo prazo dos EUA. “Ao que tudo indica esse problema diminuiu bastante do fim do ano para cá na percepção do Comitê”.
“No cenário doméstico, o Copom manteve o mesmo recado, de que a economia continua enfraquecendo conforme o esperado, assim como a inflação, como resultado da própria política monetária. É um comunicado neutro, como esperado pela maior parte do mercado”, afirma.
Carlos Honorato, professor da FIA Business School, considera a diminuição da Selic como um movimento prudente e necessário dentro do contexto econômico atual. “Embora frequentemente haja uma inclinação para políticas fiscais e reformas estruturais mais amplas na abordagem da economia, a situação vigente justifica uma postura mais flexível na política de juros”, diz.
Honorato ainda ressalta que a perspectiva de redução dos juros tem um potencial significativo para impulsionar tanto os investimentos produtivos quanto o consumo, fatores cruciais para o crescimento econômico e a criação de empregos.
“No entanto, é essencial manter uma vigilância constante. O panorama econômico global apresenta volatilidade, particularmente com as incertezas nos Estados Unidos e as tensões geopolíticas em curso”, aponta.
Já Lucas Constantino, diretor da GCB Investimentos, destaca potenciais riscos que podem atrapalhar o trabalho do BC brasileiro. São eles: a deterioração fiscal, as incertezas no âmbito doméstico e o cenário internacional desafiador. Entretanto, segundo ele, mantido o panorama esperado, “podemos ter um recuo da taxa Selic até patamares próximos a 9,00%, a depender também da condução da política monetária mundial, especialmente nos Estados Unidos”.
De acordo com ele, uma postura mais conservadora do Federal Reserve dificultaria a margem de atuação de nosso Banco Central, uma vez que seria preciso ficar atento ao nível de diferencial de juros entre Brasil e EUA, bem como seu reflexo à economia doméstica. Nesta quarta-feira o Federal Reserve, Banco Central dos EUA, decidiu por manter a taxa dos Fed Funds em 5,25% a 5,50% ao ano.
O que motivou a decisão de redução da Selic?
Segundo o Copom, em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário esperado de desaceleração da economia.
“A inflação cheia ao consumidor, conforme esperado, manteve trajetória de desinflação, assim como as medidas de inflação subjacente, que se aproximam da meta para a inflação nas divulgações mais recentes”, afirma o comunicado.
No entanto, o Copom reforçou a necessidade de perseverar com a política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas. As expectativas de inflação para 2024 e 2025 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 3,8% e 3,5%, respectivamente.
“O Comitê ainda enfatiza que a magnitude total do ciclo de flexibilização ao longo do tempo dependerá da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular daquelas de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, completa.
Cautela com o cenário externo
Contudo, o comitê ressalta que, no âmbito externo, os desafios permanecem em relação à inflação. O comunicado destaca que o ambiente externo segue volátil, marcado pelo debate sobre o início da flexibilização de política monetária nas principais economias e por sinais de queda dos núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países.
“Os bancos centrais das principais economias permanecem determinados em promover a convergência das taxas de inflação para suas metas em um ambiente marcado por pressões nos mercados de trabalho. O Comitê avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”, aponta.
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