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Demanda global fraca derruba exportações da China ao menor ritmo desde a pandemia

Vendas chinesas para o exterior vieram abaixo do esperado pelo mercado em junho. Escalada na guerra comercial tecnológica com os EUA pode piorar o cenário

China. Foto: Adobe Stock
Além do resultado ser pior que o esperado pelo mercado, ele mostra que os embarques chineses caíram em seu ritmo mais rápido desde o início da pandemia há três anos. Foto: Adobe Stock

A perspectiva de menor crescimento global, diante do aperto monetário nas economias para domar a inflação, golpeou em cheio a balança comercial da China no mês passado.

As tensões geopolíticas na área de tecnologia com os Estados Unidos também tem tornado o caminho árduo para a recuperação do comércio exterior da segunda maior economia do planeta.

As exportações da China caíram 12,4% em junho em relação ao ano anterior, após uma baixa de 7,5% em maio, segundo divulgou nesta quinta-feira, 13/07, o Departamento de Alfândega do país. As exportações respondem por um quinto da economia chinesa.

Além do resultado ser pior que o esperado pelo mercado, ele mostra que os embarques chineses caíram em seu ritmo mais rápido desde o início da pandemia, há três anos.

O economista para China da Capital Economics, Zichun Huang, afirmou que já espera um novo declínio nas exportações nos próximos meses. “A desaceleração global na demanda de bens continuará a pesar sobre as exportações. Mas a boa notícia é que o pior da queda na demanda externa provavelmente já ficou para trás”.

Para o porta-voz da Administração Geral das Alfândegas da China, Lv Daliang, a culpa para o fraco desempenho das exportações não é apenas do país asiático.

“Existe uma fraca recuperação econômica global, desaceleração do comércio e investimento globais e aumento do unilateralismo, protecionismo e geopolítica”, disse durante uma entrevista coletiva em Pequim.

Tensões tecnológicas

A fraqueza das exportações chinesas passa pelos Estados Unidos, que é o principal destino dos seus embarques. O centro desses problemas é a batalha tecnológica dos chips travada entre os dois países.

O país asiático impôs restrições à exportação de gálio e o germânio, dois metais essenciais para as indústrias de semicondutores, telecomunicações e veículos elétricos.

A partir de agosto, os exportadores vão precisar solicitar autorização do Ministério de Comércio da China se quiserem enviar os produtos para fora do país.

Nesta quinta-feira, o governo da China sinalizou que pretende apoiar o setor de tecnologia. No entanto nenhuma medida concreta foi anunciada.

Importações fracas na China

As importações feitas pela China também tiveram impacto na balança comercial em junho. Os desembarques de produtos caíram 6,8% em relação ao ano anterior, depois de baixa de 4,5% em maio. A expectativa do mercado era de queda na casa dos 4%.

O principal impacto veio da baixa de 13,6% na importação de semicondutores, seguido pela diminuição de 16,4% na compra de matérias-primas. Esse é o ponto de atenção para o Brasil, que tem na China a sua principal parceira comercial, e exporta commodities para o gigante asiático.

O menor ímpeto de compras impactou os preços na China, que registraram deflação de 5,4% em junho na comparação com o mesmo mês de 2022.

Esse foi mais um alerta para a economia global, já que a demanda mais fraca do país tem derrubado os preços das commodities. Se a população chinesa consome menos, há queda nas importações e investimentos.

*Com informações da Reuters

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