Drex quer abrir espaço para inovação e entrada de novos participantes
Real digital está em fase de testes desde o ano passado e ainda não tem data de lançamento oficial
O Drex, ou real digital, está em testes desde março de 2023, mas ainda não há uma data para o lançamento da moeda para uso pela população. Os entusiastas defendem que as oportunidades e avanços são imensos. Por outro lado, os desafios também são consideráveis. O tema foi discutido nesta quinta-feira (22/08) durante o Conecta ABBC.
“Quando a gente fala em tokenização, às vezes fica como uma coisa etérea para as pessoas”, disse Fabio Araujo, economista do Banco Central do Brasil e um dos responsáveis pelo projeto do Drex. “Eu acho que os dois aspectos fundamentais são melhoria de acesso (pelas empresas e pelos consumidores) e a reconciliação da informação”, afirmou. A reconciliação da informação, como explicou o economista, é o compartilhamento dos dados e plataformas. “Hoje, essa reconciliação da informação é um processo muito custoso, tem vários silos organizacionais, e isso gera concentração de poder e dificulta a entrada de novos participantes”, disse.
“Quando você facilita a reconciliação da informação, esse espaço para inovação se abre”, afirmou.
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Pedro Castelar, chefe de gabinete da presidência da CVM, concorda. “O Drex é uma ferramenta importante para evitar silos e garantir interoperabilidade, uma plataforma mais integrada no sistema inteiro”, disse.
Em mais de um ano em meio aos testes, diz ele, um pouco do “frenesi” em torno da tecnologia passou – o que não é ruim. “Cada vez mais, a gente entende que dá para tokenizar tudo, mas nem tudo precisa ou deve ser tokenizado. É preciso entender qual o valor que vou agregar tokenizando determinado ativo”, disse. Segundo ele, no mercado de capitais, os benefícios trazidos pela tecnologia, como fragmentação e os contratos inteligentes, tendem a gerar valor.
Brasil é vanguarda em tokenização
Esse processo de tokenização no Brasil, diz Nelson Rocha Augusto, membro do conselho de administração da ABBC e presidente do Banco Ribeirão Preto, mostra o avanço do país. “O Brasil é vanguarda em relação ao sistema financeiro na comparação com outros países emergentes e é sempre visto como o país que tem dificuldade de avançar na produtividade como um todo, mas não no que diz respeito ao funcionamento do sistema financeiro, especialmente na digitalização”, diz. “A meu ver, não tem como discutir o futuro da tokenização sem entender o presente da tokenização e a enorme velocidade desse processo como fator de aumento de eficiência, segurança e acesso”.
Araujo, do BC, comentou também que ainda não se sabe todas as aplicações que serão possíveis com o Drex. “Depois que o Pix foi lançado, os casos de uso se mostraram muito mais amplos do que se imaginava”, disse. Para saber o que será possível com a tokenização do real, “a gente precisa fazer testes com a população, é uma tecnologia ainda mais flexível que o Pix”.
“Os testes têm avançado. Cabe a nós, do mercado, mostrar que a gente está vendo os testes funcionarem de forma bastante positiva porque, ainda que em ambiente controlado, são casos reais”, disse Nelson Rocha Augusto, envolvido no consórcio do Drex liderado pela ABBC. “O caso de uso do nosso consórcio tem potencial de destravar crédito, e os testes foram muito bem sucedidos”.
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