Drex X Pix: entenda a diferença entre a nova moeda digital e o meio de pagamento
Moeda vai permitir transações em grandes valores atrelada a contratos inteligentes e a uma carteira digital. Já o PIX faz transferências instantâneas em reais, vinculado a telefone, CPF ou e-mails
O anúncio da chegada de uma moeda digital brasileira, o Drex, a partir do fim de 2024 tem gerado muitas dúvidas sobre a diferença do seu uso com o PIX, conhecido meio de pagamento entre os brasileiros.
Apesar de serem considerados da mesma família, por conta da relação tecnológica – e do mesmo pai, o Banco Central (BC), como todo filho os dois meios possuem características muito distintas.
O PIX é uma ferramenta de transação instantânea, pela qual é possível enviar dinheiro (em reais) e fazer pagamentos de contas e consumos comuns do nosso dia a dia, como ir à padaria ou pagar um prestador de serviços, por exemplo.
Já o Drex é o próprio dinheiro a ser transferido, ou seja, o real totalmente virtual. Com ele será possível atrelar contratos para grandes compras, como de um carro ou um imóvel. Além de reduzir o custo de operações financeiras complexas, como enviar dinheiro ao exterior ou conseguir um empréstimo.
Pelo lado da tecnologia, o PIX é um meio de pagamento atrelado a uma chave – vinculada a um telefone, CPF ou email. A transferência do dinheiro é feita em reais e obedece a limites de segurança impostos pelo BC e pelas instituições financeiras.
Já o Drex é uma moeda que utiliza a tecnologia blockchain, a mesma das criptomoedas, e possui um rastreamento completo – desde quando foi emitido até o destinatário. Ele vai depender de uma carteira digital, o ‘Wallet’, que permitirá transações com valores maiores.
Em entrevista ao B3 Bora Investir, o diretor de inovação da Fenasbac, Rodrigoh Henriques, explicou que PIX e Drex juntos vão baratear os produtos e serviços bancários, cada um com a sua função.
“O Pix na instantaneidade, em garantir que aquele pagamento aconteceu. O Drex em transações complexas, para garantir que as etapas de uma grande compra – como a de um carro – sejam cumpridas. Portanto, o que tem no centro do uso do Drex é o contrato inteligente”.
Números do PIX
O PIX foi lançado em 2020. Dois anos depois, em dezembro de 2022 o número de transações aumentou em 107%, de R$ 1,4 bilhão (dez/21) para R$ 2,9 bilhões (dez/22).
Hoje são 133 milhões de pessoas e 11,3 milhões de empresas que usam o sistema de pagamentos instantâneo. Até agosto deste ano, já foram mais de 650,7 milhões de chaves cadastradas, 619,5 milhões apenas de pessoas físicas.
Segundo o Banco Central, 71,5 milhões de pessoas foram incluídas no sistema bancário através do meio de pagamento.
Em média, os valores transferidos ou pagos via Pix são de R$ 257. E a maioria (93%) das operações entre pessoas físicas são de valores abaixo de R$ 200.
Em dezembro de 2022, ocorreu a maior transferência de recursos registrada por meio do PIX: R$ 1,2 bilhão, segundo o BC.
“O PIX teve rápida aceitação pela população brasileira. Tanto a quantidade de transações quanto o volume financeiro cresceram progressivamente desde seu lançamento”, acrescentou o Banco Central.
Funcionalidades do Drex
O protótipo da moeda digital brasileira segue em fase de testes com bancos e instituições financeiras em todo o país. Seu nome é formado por um conjunto de palavras:
D: digital;
R: real;
E: eletrônico;
X: conexão, além de repetir a última letra de “PIX”.
O Drex não é uma criptomoeda, mas uma forma de representar o Real na forma digital. Dentre as principais funcionalidades, listamos algumas de fácil compreensão:
Compra e venda de imóveis e veículos – através de ‘contratos inteligentes’, onde após acordadas as regras e o termo assinado, a execução é feita de forma eletrônica e o dinheiro, via moeda digital liberado;
Garantia de empréstimos – com a população com seus bens digitalizados em forma de tokens, será possível dar uma fração do bem para pegar um crédito;
Juros mais baratos – com a garantia do bem para conseguir empréstimos, os juros podem ficar mais em conta;
Troca de investimentos entre pessoas – ou até a compra de frações de títulos, entretanto o papel das companhias que fazem a intermediação dos produtos ainda é um ponto em discussão.
Remessas internacionais – será possível enviar dinheiro para o exterior de forma mais barata, sem a necessidade de conversibilidade com o dólar. Isso só será possível quando outros BCs criarem moedas digitais.
Em relação ao valor do serviço, o coordenador da iniciativa do real digital no BC, Fabio Araujo, afirmou que é provável que haja custo para o consumidor.
“O Drex sempre está associado a um serviço financeiro. Então, essa prestação de serviço tem lá seu custo de operacionalização e o lucro de quem oferece esse serviço. É natural que os custos da plataforma sejam parte desse serviço”, disse numa transmissão sobre a moeda digital.
Futuro do PIX
A partir do 2º trimestre de 2024, o PIX poderá ser usado em débito automático, para contas como energia elétrica, condomínio e plano de saúde. As informações são do último relatório de Gestão do PIX, divulgado na segunda-feira, 04/09.
Segundo o diretor do BC, Renato Gomes, todas as instituições que ofertam PIX poderão entrar no PIX Automático.
“O uso de novas tecnologias que tornam a experiência de pagamento ainda mais rápida pode ser benéfico principalmente em alguns casos de uso específicos, como pagamentos de pedágios em rodovias, estacionamentos e transporte público”, afirmou.
Ainda segundo a autoridade monetária, futuramente o meio de pagamento poderá ser usado em operações internacionais, como remessas, pagamentos entre empresas e de compras de bens e serviços no exterior.
Em meio as discussões em torno dos juros do cartão de crédito, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que o PIX poderá ser uma alternativa ao cartão de crédito.
Segundo o relatório, o BC acompanha a oferta do setor financeiro, de soluções próprias que viabilizam o parcelamento com PIX.
“Há, por exemplo, soluções que vinculam uma concessão de crédito pessoal à transação PIX e soluções que permitem o pagamento de uma transação PIX na fatura do cartão de crédito”.
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