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Pix faz 2 anos e deve ganhar função débito automático em breve

Banco Central também trabalha em outras inovações, como o Pix Internacional e o Pix Garantido – que funciona como uma opção de crédito

Celular mostrando aplicativo do banco central
Modalidade Pix no aplicativo do BC Crédito: Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Posso te fazer um Pix? Você aceita Pix? Se pagar no Pix tem desconto? Qual é o número do seu Pix? Essas perguntas entraram no dia a dia dos brasileiros nos últimos dois anos. Mais de 138 milhões de usuários entre pessoas físicas (127 milhões) e empresas (10,5 milhões) fizeram ou receberam alguns desses questionamentos. E o meio de pagamento mais utilizado pelos brasileiros, segue numa trajetória de crescimento com ampla adesão entre a população, instituições financeiras e companhias em todo o país.

Desde o seu lançamento, em novembro de 2020, foram movimentados quase R$ 13 trilhões por meio do Pix – R$ 7,5 trilhões apenas em 2022, segundo o Banco Central (BC). Em setembro, as transações ultrapassaram a marca de R$ 1,02 trilhão e, em outubro, avançaram ainda mais para R$ 1,03 trilhão. O meio de pagamento já tem 523,2 milhões de chaves cadastradas – cada pessoa pode registrar até cinco e empresas, até 20. Podem ser usados CPF ou CNPJ, e-mail, celular ou números aleatórios.

O bem-sucedido meio de pagamento instantâneo do Banco Central deve ganhar em breve novas funções. O débito automático dentro do sistema é agora uma prioridade do BC. O usuário vai poder agendar o pagamento de contas de água, luz, telefone e até serviço de streaming e clubes assinaturas. Outra função é a de parcelamento – o chamado Pix Garantido – onde mesmo que o cliente não tenha saldo em sua conta, o vendedor recebe pelo pagamento. Isso porque o banco ou fintech faz a intermediação da transação e garante que a parcela caia na data agendada.

A interligação do Pix brasileiro com sistemas de pagamentos instantâneos de diversos países também está em estudo. Apesar disso, já são observadas iniciativas individuais em diversos países que estão aceitando o instrumento de pagamento instantâneo brasileiro. É o caso, por exemplo, de comércios na Argentina, Paraguai, Uruguai, França e Portugal.

O Banco Central ainda vê espaço para que as novas tecnologias, que começam a entrar na vida dos brasileiros, possam trazer mais inovação ao Pix. Seja com a popularização do uso de QR Codes no varejo, seja com novos processos de pagamento como totens e checkouts de autosserviço. Vale lembrar que desde 2021, o BC já tem a função de QR Code gerado pelo pagador – na qual ele pode estar offline e o vendedor precisa estar conectado.

B3 Bora Investir conversou com o diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do Banco Central, Renato Dias de Brito Gomes. Ele falou sobre os dois anos de Pix, o impacto para as pequenas e médias empresas, as novas tecnologias e os próximos passos para trazer mais inovação ao meio de pagamento brasileiro.

B3: Como você avalia a trajetória de ampla adesão do Pix pela população?

Renato: A adoção massiva do Pix nos mais diversos caso de uso ao longo desses dois anos, está em linha com as expectativas do Banco Central, pois foi concebido para ser versátil, acessível e democrático. Além de já ter superado o esperado em relação à velocidade de sua adoção, já passa a marca de dois bilhões de transações e R$ 1 trilhão por mês. O Pix é mundialmente reconhecido como caso de sucesso. Foi amplamente adotado pela população, empresas e instituições governamentais em um curtíssimo espaço de tempo. O meio de pagamento tem feito frente aos objetivos públicos ao qual foi desenhado, promovendo redução de custos, eficiência e competitividade no setor, alavancando a digitalização e impulsionando a inclusão financeira e novos modelos de negócio.

B3: O Pix teve adesão imediata de pequenas e médias empresas, microempreendedores individuais e trabalhadores informais. Como você vê essa aceitação?

Renato: O Pix foi amplamente adotado por empreendedores, autônomos e empresas, independente do porte ou setor de atuação. Essa adoção era esperada, uma vez que é um meio de pagamento mais barato, com elevado grau de segurança, com disponibilidade de fundos imediata, de fácil integração e conciliação e que proporciona uma boa experiência aos clientes.

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B3: Diante desses resultados, você vê mais espaço para novas tecnologia atreladas ao Pix?

Renato: Sim. Apesar de amplamente utilizado, ainda há bastante espaço para crescimento, seja com a popularização do uso de QR Codes no varejo, seja com a adaptação gradual dos sistemas por parte das empresas ou, ainda, com a inovação nos processos de pagamento – com totens e checkouts de autosserviço ganhando o mercado, por exemplo. Além disso, há no âmbito da agenda evolutiva prevista para o Pix novidades que facilitarão ainda mais a adoção do meio de pagamento nas empresas. Vale citar, por exemplo, o que temos chamado provisoriamente de Pix automático – funcionalidade que facilitará os pagamentos recorrentes – e o Pix garantido – viabilizará o pagamento em data futura atrelado a um mecanismo que garanta o recebimento em data futura.

B3: Falando mais de inovações. Temos ouvido muito se falar de pagamento off-line, parcelamento de compras, transferências internacionais. Quais são as próximas novidades? É possível adiantar algo?

Renato: Apesar do expressivo uso do Pix, o meio de pagamento ainda não atingiu seu pleno potencial. Há bastante espaço para crescimento e existem diversos produtos e novidades previstos em sua agenda evolutiva. Além de aperfeiçoamentos contínuos nos mecanismos de segurança, estamos priorizando – mas ainda sem data de lançamento definida – o desenvolvimento do serviço que viabilizará os pagamentos recorrentes de forma automática, mediante prévia autorização do usuário, produto similar ao débito em conta, mas que independe do estabelecimento de convênios entre usuários recebedores e instituições financeiras específicas. Além disso, o BC vem acompanhando as iniciativas para interligações de sistemas de pagamentos de diferentes países, o que no futuro, viabilizará pagamentos transfronteiriços de forma mais ágil e prática. O ponto de interface entre Open Finance com o Pix é a fase 3, em que a iniciação da transação pode ser feita por meio de uma instituição diferente da que detém a conta do usuário. Essa possibilidade amplia o uso do Pix, promove maior competição, dá mais comodidade aos usuários, especialmente no comércio eletrônico, facilitando a jornada de pagamento. A iniciação de transação Pix via Open Finance já está ativa, mais de 15 instituições estão homologadas a ofertar o serviço e o volume de transações vem crescendo gradualmente.

B3O PIX trouxe benefícios, mas há relatos de golpes e crimes. Quais providências de segurança têm sido tomadas?

Renato: O Pix foi construído com uma série de mecanismos robustos de segurança. Além de inovar na experiência do usuário, na velocidade e na disponibilidade, adicionou camadas exclusivas para proteção, como marcadores de fraude, base compartilhada de informações, bloqueio cautelar e mecanismo especial de devolução, além da possibilidade de definição de limites pelo próprio usuário. As transações com suspeita de fraude no Pix representaram aproximadamente 0,007% do total das transações. Esse montante indica o baixo nível de indícios de fraudes por meio do Pix. A despeito do baixo índice, a segurança é um dos pilares fundamentais do Pix e, sendo uma disciplina dinâmica, é entendida como um trabalho contínuo de acompanhamento e aperfeiçoamento. As medidas são acompanhadas e há um debate permanente para evolução. Há no âmbito do Fórum Pix -comitê que subsidia o BC na definição de regras relacionadas ao Pix – o grupo de trabalho temático, Grupo Estratégico de Segurança (GE-Seg), coordenado pelo BC e que reúne os maiores especialistas em segurança financeira no país.

B3: O acesso aos dados dos usuários também é uma questão de segurança importante. Como vocês lidam com essa questão?

Renato: As informações pessoais e as informações relacionadas a operação – valor, dados bancários, etc – trafegadas nas transações Pix, assim como nas transações de TEDs e DOCs, estão protegidas pelo sigilo bancário, de que trata a Lei Complementar número 105, e pelas disposições da Lei Geral de Proteção de Dados. O tráfego das informações das transações é feito de forma criptografada na Rede do Sistema Financeiro Nacional (RSFN), que é uma rede exclusiva, de bastante resiliência e apartada da internet.

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