Americanas aponta fraude em demonstrações financeiras e acusa diretoria anterior
Varejista afirmou, em relatório feito por assessores jurídicos, que havia um esforço da diretoria para ocultar do Conselho e do mercado a real situação financeira da empresa
A equipe de assessores jurídicos que investigam o rombo contábil na Americanas concluiu que as demonstrações financeiras da varejista vinham sendo fraudadas pela diretoria. A equipe era comandada pelo ex-presidente Miguel Gutierrez.
A informação faz parte de um relatório que foi apresentado ao Conselho de Administração da companhia. O teor do documento foi divulgado ao mercado em um comunicado nesta terça-feira, 13/06.
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Segundo a Americanas, os efeitos dos ajustes decorrentes das fraudes ainda está sendo apurado, mas “a expectativa da administração é de que o impacto nos resultados mais recentes seja significativo”.
A varejista está em recuperação judicial após encontrar um rombo contábil de R$ 20 bilhões no início do ano. A soma das dívidas com os 16.300 credores elevou o impacto no caixa da companhia para R$ 43 bilhões.
O que diz o relatório das Americanas?
O fato relevante enviado pela Americanas ao mercado foi baseado em documentos entregues por um comitê de investigação independente e por documentos complementares identificados pela administração e seus assessores.
Segundo essa investigação, a fraude acontecia principalmente “em operações como contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (“VPC”).
Esses incentivos comerciais, que são normalmente usados por empresas do setor varejista, “teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da companhia. Eles atuavam como redutores de custo no balanço, mas sem efetiva contratação com fornecedores”, afirmou a Americanas.
“Esses lançamentos, feitos durante um significativo período, atingiram, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022.”
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Ainda de acordo com o documento, números preliminares e não auditados indicam que as operações de financiamento de compras, como risco sacado, forfait ou confirming, somam R$ 18,4 bilhões. Já as operações de financiamento de capital de giro alcançam R$ 2,2 bilhões.
A Americanas também identificou R$ 3,6 bilhões em lançamentos de redutores da conta de fornecedores oriundos de juros sobre operações financeiras. Esses dados deveriam ter transitado pelo resultado da companhia ao longo do tempo.
A companhia informou que os ajustes contábeis definitivos serão auditados e apresentados nos demonstrativos financeiros históricos. Essa publicação será feita assim que os trabalhos estiverem concluídos.
De acordo com o fato relevante, o conselho orientou a Americanas e seus assessores a apresentar o relatório às autoridades e que vai avaliar as medidas visando ao ressarcimento dos danos causados pela fraude.
Quem eram os diretores na época?
A Americanas destacou em seu relatório que o ex-diretor-presidente da companhia, Miguel Gutierrez, teria participado do esquema. A equipe também incluia os executivos Anna Saicali, José Timótheo de Barros, Márcio Cruz Meirelles, Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.
Miguel Gutierrez desligou-se da companhia em 31 de dezembro de 2022, assim como os demais colaboradores.
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