Americanas: veja principais pontos do plano de recuperação judicial aprovado por credores
Varejista chegou a um acordo para sanar R$ 50 bilhões em dívidas. Jorge Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles farão aporte de R$ 12 bilhões e voltam a controlar a empresa
Após quase um ano desde a divulgação do rombo bilionário nos seus balanços, a Americanas conseguiu aprovar seu plano de recuperação judicial, em Assembleia Geral de Credores, com apoio de 91,14% deles.
A previsão é que a homologação do plano na Justiça ocorra já em janeiro, após o recesso. O saldo de créditos a serem reestruturados será de R$ 50,1 bilhões.
O plano de recuperação judicial da companhia ainda envolve o aumento de capital no valor de R$ 24 bilhões, sendo metade via emissões de novas ações e a outra um aporte de Jorge Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles, que deixam de ser acionistas de referência para serem os controladores.
A Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial em janeiro deste ano, mas precisava aprovar esse plano para começar a valer. O CEO da empresa, Leonardo Coelho, afirmou que o pedido cria um caminho para a reconstrução operacional e financeira da varejista.
“Foco total na operação para levar a melhor experiência de consumo a nossos milhares de clientes e seguir contribuindo com o impacto econômico e social de norte a sul do país”, disse o executivo em nota. Puderam votar na assembleia os credores chamados de quirografários (classe 3), que são fornecedores e investidores. Eles representam a maior parte da dívida da empresa.
Segundo a CFO da Americanas, Camille Faria, a meta é que o plano leve a companhia para uma rentabilidade positiva já em 2025. Além de atingir patrimônio líquido positivo e Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) superior a R$ 2,2 bilhões, com caixa e recebíveis de R$ 2,5 bilhões e dívida financeira bruta de até R$ 1,5 bilhão.
“O plano aprovado nos permite uma reestruturação de dívida e equacionamento financeiro para que possamos focar na estratégia de negócios (…) com plena captura da transformação que estamos promovendo em toda a companhia”, em nota.
Dívidas da Americanas
No fim de 2022, após diversas auditorias, a fraude nos resultados da varejista atingiram R$ 25,2 bilhões. A dívida trabalhista é de R$ 82,9 milhões.
Os créditos quirografários (sem garantia) – que incluem fornecedores, investidores, prestadores de serviços e outros credores – somam R$ 49,9 bilhões. E as dívidas com microempresas e companhias de pequeno porte são R$ 180,2 milhões.
Pagamento das dívidas
Os credores de débitos sem garantias, com dívidas até R$ 12 mil, vão receber o pagamento em parcela única, em até 30 dias da homologação do plano de recuperação judicial.
Os que têm dívidas acima de R$ 12 mil podem renunciar ao valor acima desse corte para receber no mesmo prazo. Quem decidir não renunciar, terá deságio de 50% e amortização em 48 parcelas. Outra opção é deságio de 70% para pagamento em parcela única em 2039.
O plano prevê ainda R$ 2 bilhões para pagamento de credores financeiros por meio de mecanismo de leilão reverso e R$ 6,7 bilhões para aqueles que optarem por receber antecipadamente, mas com forte desconto.
Emissão de novas ações
A Americanas alterou a cláusula que estabelece o preço de emissão das novas ações no aumento de capital previsto no plano.
O valor da ação foi calculado com base no critério de 1,33 vezes o preço médio ponderado por volume de negociação das ações ordinárias nos 60 dias antes da véspera da aprovação do plano.
Divulgação de resultadas adiada
A Americanas adiou a publicação das informações trimestrais da varejista do 1º, 2º e 3º trimestres de 2023. A nova estimativa da varejista é que os números sejam divulgados até 31 de janeiro de 2024. A previsão inicial era 29 de dezembro.
“Desde a divulgação das demonstrações financeiras de 2022 e de 2021 ao mercado em 16 de novembro de 2023, a companhia tem concentrado seus esforços em concluir os trabalhos dos informes trimestrais de 2023 na maior brevidade possível”, afirmou em comunicado.
Caso Americanas
As lojas Americanas estão em recuperação judicial desde janeiro, depois que o ex-presidente Sergio Rial, que ficou apenas nove dias no cargo, anunciou inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões. As dívidas ultrapassam os R$ 42 bilhões.
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