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Americanas adia novamente publicação de balanço de 2021 e 2022

Números devem sair na próxima quinta-feira. Demonstrações financeiras da companhia em recuperação judicial são o único meio dos investidores e credores entenderem a exata situação da varejista

Lojas Americanas. Foto: Adobe Stock
Crise contábil fizeram as ações caírem mais de 80% desde a revelação das inconsistências. Foto: Adobe Stock

Os investidores e credores da Americanas vão precisar esperar mais um pouco para saber a real situação financeira da varejista, em recuperação judicial desde o início de 2023.

A companhia adiou para a próxima quinta-feira, 16/11, a divulgação de seus resultados financeiros relativos aos anos de 2021 e 2022. A previsão era de que a divulgação ocorreria nesta segunda-feira, 13/11. O imbróglio já dura onze meses.

No comunicado divulgado para o mercado, a varejista afirmou que “foi vítima de uma fraude sofisticada e muito bem arquitetada, o que tornou a compilação e análise de suas demonstrações financeiras históricas uma tarefa extremamente desafiadora e complexa”.

Por conta disso, “apesar do trabalho de elaboração de 2021 e 2022 já estar finalizado e dos procedimentos de auditoria de ambas terem sido substancialmente concluídos, ainda não foi possível cumprir todo o rito interno de aprovação previsto na governança”, disse outro trecho da nota.

O texto assinado pela diretora Financeira e de Relações com Investidores da Americanas, Camille Loyo Faria, confirma que a divulgação vai acontecer até o dia 16 de novembro, antes da abertura de mercado.

“Na mesma data, a Companhia conduzirá um conference call, aberto para seus investidores e mercado em geral, para discutir seus resultados”.

No encontro também deve ser apresentado a evolução do plano de recuperação judicial e o plano estratégico que vai nortear o desempenho operacional e financeiro.

Para Max Mustrangi, sócio fundador da Excellance, empresa que atua reestruturação de empresas, apesar do tamanho da fraude na Americanas, a demora para a publicação do balanço não se justifica.

“O resultado obtido é tão ruim que provavelmente existe um conflito entre as partes envolvidas que não interessa a publicação. É um sinal péssimo que a empresa dá depois de tanto tempo”.

O caso Americanas

As lojas Americanas estão em recuperação judicial desde janeiro, depois que o ex-presidente Sergio Rial, que ficou apenas nove dias no cargo, anunciou inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões. As dívidas chegam a quase R$ 42 bilhões.

Investidores e credores

Os números do balanço financeiro da Americanas em 2022 são muito importantes, pois eles vão ajudar a dar base a um possível acordo com os credores.

Segundo analistas, dois pontos serão analisados com atenção: a condição da dívida e alavancagem da empresa. Isso porque a fraude aconteceu nas chamadas operações de risco sacado, ou seja, ao invés da varejista fazer os pagamentos aos fornecedores, os bancos é que assumiram esses débitos.

Segundo o sócio fundador da Excellance, a demora na publicação dos balanços prejudica os investidores e o caixa dos credores. Para Max Mustrangi, inclusive, o período de retificação dos resultados financeiros deveria ser ainda maior.

“O certo seria abrir os demonstrativos financeiros da Nova Americanas desde a época da fusão com a Submarino. Não podemos esquecer que o balanço é um filme, que vai se somando no tempo, conclui.

A CPI da Americanas, na Câmara dos Deputados, também mostrou que diversos contratos de financiamento bancário ficaram de fora do balanço ou foram contabilizados de forma indevida.

Os dados financeiros de 2021 serão reapresentados pela Americanas, com o objetivo de mostrar a real situação da varejista antes de estourar a crise. Ainda não há previsão para a divulgação dos dados de 2023.

Americanas fora do novo mercado            

Na semana passada, a Bolsa do Brasil (B3) anunciou a suspensão da Americanas do Novo Mercado – nível mais alto de governança – por infrações do regulamento a que estão submetidas as empresas listadas nesse segmento.

A varejista é acusada de irregularidades relacionadas à efetividade de estruturas de fiscalização, controle, avaliação das informações financeiras e gerenciamento de riscos.

A B3 é a primeira entidade a emitir uma decisão formalizada sobre o caso. Com isso, a Americanas não pode mais utilizar o selo do Novo Mercado em suas comunicações e nem em seu ticker de negociação.

As ações AMER3 continuam sendo negociadas, pois o processo não prevê a deslistagem da companhia. A empresa também segue sujeita às normas do Novo Mercado.

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