Mari Maria: não basta influenciar, é preciso fazer sentido
Em entrevista ao B3 convida, a influencer e empresária Mari Maria falou sobre como gerir o marketing pessoal e empresarial de maneira saudável
Ela começou a sua carreira na internet em 2014, com tutoriais de maquiagem no YouTube. Hoje, aos 30 anos, Mari Maria é mãe de dois filhos e reúne 21 milhões de seguidores no Instagram. Em 2017, lançou sua própria marca de maquiagem e, em 2022, tornou-se a representante brasileira no ranking das 10 influenciadoras de beleza mais bem pagas do mundo.
Nesta edição do B3 Convida, a CEO de uma gigante do ramo cosmético, a marca que leva o seu nome, conta como transformar desafios em sucesso e propósitos em fontes de renda.
Veja os principais trechos da entrevista!
B3: Qual foi a sua motivação para ajudar as pessoas e começar a fazer os vídeos?
Mari Maria: Quando eu comecei a fazer os vídeos eu sabia que podia virar um trabalho, mas fui muito despretensiosa. Meu marido sempre vislumbrou um trabalho neles. Ele sempre fala que o dinheiro está onde os olhos estão. Ele sabia que era uma oportunidade, mas eu comecei porque eu amava falar sobre maquiagem e achei um espaço para dividir a minha paixão. Comecei a gravar porque eu era obcecada pelo tema e continuo sendo: falo de maquiagem quase 24h por dia.
Eu não olhei aquilo como um trabalho em um primeiro momento, mas logo fui levando a sério. Eu sou muito focada: a partir do momento em que eu traço uma meta e digo que vou fazer alguma coisa, eu faço todo dia.
B3: Demorou para monetizar o canal?
Mari Maria: Morro de rir quando vejo uma influencer falar: “gente, só 20 mil views”. Eu fico: gente, “só”?! Quando eu tinha três, eu dava cambalhota, isso porque eu tenho quatro irmãs!
Eu tive vários momentos de vitória. O primeiro foi ganhar uma audiência, e eu já estava feliz só em poder ajudar as pessoas. Mas demorou uns dois anos para ver o dinheiro entrar depois de gravar vídeo todo dia.
Boca Rosa: demorei a entender que o dinheiro não era um vilão
B3: Mari Maria, como é a sua relação com o público?
Mari Maria: Eu me sinto uma grande amiga. É engraçado: esses dias eu tava no shopping e uma menina pediu um abraço e tiramos uma foto, e o pai dela tipo: “who?”, achando que éramos amigas de longa data. Ele perguntou quem era a amiga que ele não conhecia e ela disse: “não, eu sigo ela!”. Ele respondeu: “gente, vocês se tratam assim?”. Mas é esse o tipo de sentimento que eu tenho: posso não ter visto ela cara a cara, mas faço parte da vida dela.
Em quantos momentos ela estava precisando de uma palavra e eu consegui trazer essa conexão para ela? É assim que eu me sinto, e é isso que eu tento retribuir para as pessoas quando as encontro pessoalmente: o que eu esperaria de uma pessoa que eu sigo e admiro. Tento tratar as pessoas como eu espero ser tratada.
B3: Sua influência é um impulsionador para o negócio da Mari Maria?
Mari Maria: Com certeza. Sempre gostei muito de números de engajamento e métricas. Grande parte da minha trajetória eu foquei em engajamento, só que quando eu comecei a focar no meu negócio eu entendi que há uma diferença entre engajamento e conversão. Você pode ter 20, 30 ou 40 milhões de visualizações, mas não consegue converter esse público para aquilo que você quer. Eu digo que tudo engaja: se eu der uma cambalhota aqui e o vídeo fica legal, vai engajar. Meus sobrinhos fazem conteúdos que engajam muito mais que os meus, mas não converte.
Tentei unir os dois pontos: o engajamento e o foco em um produto. Eu deixo de ser a estrela do meu próprio negócio e deixa a estrela ser o produto. Essa é uma parte difícil do negócio: quando você é influenciadora, você quer ser estrela. Há muito ego envolvido. Você quer trabalhar sua imagem, quer comprar looks caros, mas o seu produto é mais importante. Você tem que gastar e investir no seu produto.
A imagem vai viver por um tempo, mas depois não vai mais fazer sentido para a grande maioria. A comunicação tá sempre girando. Eu trabalho com a minha imagem de uma maneira meio desapegada e brinco com a minha sobrinha: “eu quero passar o bastão para alguém!”. Em algum momento, alguém vai ter de falar por mim porque vai ter um momento em que eu vou querer estar mais off, buscar outras coisas.
Eu comecei a caminhar mais para esse lado e deixar o ego de lado para influenciar de uma forma que seja sustentável e faça sentido. Não adianta nada ter um supermarketing de milhões e falar muito sobre o que eu sou se o meu produto é a conexão com quem me conecta, e a pessoa está ali, esperando algo a mais de mim. O que eu estou fazendo por ela? Eu quero que as pessoas pensem: “eu gosto da Mari, mas o produto dela é muito bom”.