Petrobras distribuirá R$ 14,9 bi em dividendos após lucro cair 47% no 2º trimestre
Ganhos da estatal caíram de R$ 54,3 bilhões para R$ 28,7 bilhões e resultados foram mal recebidos por analistas
Com a nova política de distribuição de dividendos anunciada nesta semana, a Petrobras aprovou o pagamento total de R$ 14,9 bilhões aos acionistas (R$ 1,149304 por ação ordinária e preferencial). Em julho de 2022, a estatal pagou R$ 87,8 bilhões de dividendos referentes ao segundo trimestre.
Os lucros aos acionistas serão pagos em duas parcelas iguais nos meses de novembro e dezembro.
A distribuição de proventos acontece após o lucro líquido da companhia registrar queda de 47% em relação ao mesmo período do ano passado. Os ganhos da estatal caíram de R$ 54,3 bilhões para R$ 28,7 bilhões.
O resultado menor da estatal foi puxado por três fatores, segundo seu próprio balanço:
- desvalorização do petróleo tipo Brent no mercado internacional, após um forte avanço no mesmo período do ano passado por conta da guerra na Ucrânia;
- queda de 40% nos ‘crack spreads’ internacionais do diesel (diferença entre o preços do petróleo bruto e dos produtos refinados a partir dele);
- maiores despesas operacionais, principalmente com tributos e impairment (redução do valor de ativos).
“Estes efeitos foram parcialmente compensados por maiores ganhos de capital com venda de ativos, menores despesas financeiras – fruto dos ganhos com variação cambial devido à apreciação do real frente ao dólar – e menores despesas com imposto de renda”, informou a estatal no comunicado.
Com esse resultado entre abril e junho, a Petrobras acumulou lucro líquido de R$ 66,94 bilhões no 1º semestre de 2023. Esse valor é 32% menor que o registrado nos primeiros seis meses do ano passado, de R$ 98,8 bilhões.
Importante pontuar que esse é o primeiro resultado da empresa após a aprovação da nova política de preços dos combustíveis, em maio.
A nova fórmula leva em conta custos internos de produção (capacidade de refino e logística), os preços de importação e exportação de petróleo e derivados e a métrica que busca vários fornecedores para um suprimento.
Por que as ações da Petrobras caíram?
Como reflexo dos resultados, as ações da Petrobras ON figuram entre as maiores quedas do Ibovespa, movimento que vai na contramão dos contratos futuros de petróleo e de companhias do mesmo setor.
Os resultados foram mal recebidos por analistas. O Safra apontou que o segundo trimestre da Petrobras foi “medíocre” e abaixo do esperado, refletindo menores do petróleo e spreads de diesel. A XP também afirma que o resultado não veio tão bom quanto os anteriores, mas diz que dividendos seguem sólidos. Já o Citi voltou a dizer que a diferença entre o preço dos papeis da Petrobrás e pares internacionais, mesmo considerando dividendos favoráveis, diminui e, por isso, o espaço para uma alta está mais limitado.
Preços dos combustíveis deve subir em breve
Em entrevista a Globonews na manhã desta sexta-feira, 04/08, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que a Petrobras está “no limite do preço marginal” e deve reajustar os preços dos combustíveis no país em caso de oscilação para cima no mercado externo.
“É claro que se houver oscilação para cima, a Petrobras terá responsabilidade com esses investidores, com a empresa, com a necessidade de seus reinvestimentos para modernizar a empresa, os repasses serão feitos. Por isso, eu quero tranquilizar os investidores”, disse.
Com a nova política de preços, os valores cobrados pelos combustíveis no mercado externo se descolarem dos valores praticados pela estatal, o que provocou essa pressão por um reajuste.
Receita de vendas e EBITDA
A receita de vendas caiu 33,4% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, de R$ 170,9 bilhões para R$ 113,8 bilhões – reflexo da queda no preço do petróleo.
“Este efeito foi parcialmente compensado por maiores volumes, com destaque para a maior competitividade da gasolina frente às principais alternativas de suprimento dos nossos clientes”, disse a empresa em nota.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) teve retração de 42,3% no trimestre, para R$ 56,69 bilhões, ante R$ 98,26 bilhões do mesmo período no ano anterior.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que a companhia “apresentou uma performance financeira e operacional consistente no segundo trimestre, mantendo sua rentabilidade de maneira sustentável e com total atenção às pessoas”.
Dívida e investimentos
A dívida bruta da companhia bateu os US$ 57,9 bilhões no 2º trimestre, alta de 8,2% em relação ao mesmo período de 2022.
Já os investimentos somaram US$ 3,24 bilhões, alta de 5,5% na comparação entre abril e junho do ano passado.