Varejo: quais empresas tiveram maior variação de lucro e receita nos últimos 3 anos
Empresas do setor de varejo vêm sofrendo nos últimos anos, primeiro com a pandemia e depois com juros altos
O varejo é um dos principais setores da economia brasileira e tem papel essencial na geração de riqueza do País. Contudo, é considerado também um dos setores mais cíclicos do mercado, e o resultado das empresas pode variar bastante.
Um levantamento da Quantum Finance mostrou a variação de Receita e Lucro/Prejuízo das empresas do setor de varejo listadas em bolsa. O período considerado foi do 1º trimestre de 2021 ao 1º trimestre de 2024. Confira!
Mas antes, um lembrete importante: o cenário mundial do começo do período levantado, em 2021, era de pandemia. A crise de saúde se transformou em crise econômica em diversos setores — e as empresas de varejo estão entre as que mais sentiram.
Variação de Receita Líquida das empresas de varejo na bolsa
Empresa | Δ 1T24/1T21 % |
LE BISCUIT ON – LLBI3 | 332,90% |
ENJOEI ON NM – ENJU3 | 153,90% |
VIVARA S.A. ON NM – VIVA3 | 104,20% |
LOJAS RENNER ON NM – LREN3 | 84,00% |
GRUPO SBF ON NM – SBFG3 | 84,00% |
GRAZZIOTIN ON – CGRA3 | 59,30% |
TECHNOS ON NM – TECN3 | 58,40% |
QUERO-QUERO ON NM – LJQQ3 | 35,10% |
ALLIED ON NM – ALLD3 | 25,90% |
MAGAZ LUIZA ON NM – MGLU3 | 12,00% |
MOBLY ON NM – MBLY3 | -14,20% |
CASAS BAHIA ON NM – BHIA3 | -15,90% |
LOJAS MARISA ON NM – AMAR3 | -100,00% |
A empresa Le Biscuit (LLBI3), com alta de 332,9% na receita líquida, foi o maior destaque no período levantado. Ela foi seguida por Enjoei (ENJU3) e Vivara S.A. (VIVA3), que tiveram variação positiva de 153,9% e 104,2%, respectivamente.
Entre os destaques negativos na receita, estiveram Lojas Marisa (AMAR3), Casas Bahia (BHIA3) e Mobly (MBLY3), com desempenho negativo em 100%, 15,9% e 14,2%, nesta ordem.
Variação de Lucro/Prejuízo das empresas de varejo na bolsa
Empresa | Δ 1T24/1T21 % |
VIVARA S.A. ON NM – VIVA3 | 815,20% |
QUERO-QUERO ON NM – LJQQ3 | 364,40% |
ALLIED ON NM – ALLD3 | 8,10% |
LE BISCUIT ON – LLBI3 | -8,80% |
MOBLY ON NM – MBLY3 | -16,50% |
GRAZZIOTIN ON – CGRA3 | -59,60% |
ENJOEI ON NM – ENJU3 | -69,10% |
MAGAZ LUIZA ON NM – MGLU3 | -89,20% |
LOJAS MARISA ON NM – AMAR3 | -100,00% |
LOJAS RENNER ON NM – LREN3 | -194,30% |
GRUPO SBF ON NM – SBFG3 | -204,80% |
CASAS BAHIA ON NM – BHIA3 | -245,00% |
TECHNOS ON NM – TECN3 | -246,30% |
Já em relação à variação do Lucro/Prejuízo das empresas de varejo, apenas 3 tiveram desempenho positivo no período dos três anos levantados. Vivara (VIVA3) teve aumento de 815,2%, Quero-Quero (LJQQ3), de 364,4%, e Allied (ALLD3), de 8,1%.
Nos destaques negativos estão Technos (TECN3), Casas Bahia (BHIA3) e Grupo SBF (SBFG3) com variação negativa do Lucro/Prejuízo em 246,3%, 245% e 204,8%, respectivamente.
Cenário atual do setor
Após o período de pandemia, outros fatores têm prejudicado o setor de varejo, como a conjuntura econômica de juros ainda elevados, falta de confiança dos investidores e necessidade de crédito.
“Temos visto um impacto macroeconômico muito grande de forma geral para o varejo, mas principalmente para aqueles segmentos mais dependentes de crédito e o e-commerce é o principal. Vemos a deterioração das expectativas para inflação e aumento das projeções para a taxa Selic”, afirma a analista da Levante Inside Corp, Caroline Sanchez.
Outro ponto que afetou o setor foi o caso Americanas, que colocou as grandes varejistas nos holofotes. Alex Agostini, economista chefe da Austin Rating, afirma que as redes demonstram problemas e sofrem com a taxa de juros real elevada, que deve permanecer, segundo as indicações do Bacen.
“Olhando uma classificação de análise de balanço, [em notas que vão de AA até H], hoje a maior parte das varejistas está na parte de baixo: E, F e H. Ou seja, de altíssimo risco”, afirmou Agostini durante o Fórum MoOve On 2024.
Agostini também avaliou o risco corporativo indiretamente, através dos balanços que vêm sendo divulgados. “Infelizmente é uma fotografia muito ruim. E com uma dificuldade de performance. Inclusive, algumas famílias que são [acionistas] majoritárias dessas empresas terão que fazer aportes pela sobrevivência das companhias e, cada vez mais, nós vamos ver Recuperação Judicial e negociações com credores”, alerta.
Desempenho das ações varejistas nos últimos 12 meses
O levantamento da Elos Ayta Consultoria demonstra como as ações de varejo têm sofrido nos últimos meses, com apenas 4 apresentando alta nos papéis. Confira!
Perspectivas para o setor
Segundo Claudio Felisoni de Angelo, presidente do IBEVAR e professor da FIA Business School, a tendência do setor de varejo de bens na bolsa depende das expectativas de vendas do setor.
“O indicador IBEVAR – FIA aponta para crescimento de 0,5% no período junho-agosto. No conceito de varejo ampliado a expansão é maior, ou seja, 1,1%”, destaca.
De acordo com Angelo, constata-se uma evolução positiva para quase todos os segmentos. Apenas para três ramos, projeta-se estabilidade: material de escritório, combustíveis e alimentos.
“Para todos os demais estima-se crescimento, embora discreto: artigos de uso pessoal (4,9%), tecidos e vestuário (4,5%), veículos e autopeças (4,2%), material de construção (3,0%) e móveis e eletrodomésticos (1,8%), artigos farmacêuticos (1,1%) e livros e papelaria (0,1%)”.
Para ele, esse resultado é obviamente positivo. “O crescimento é explicado principalmente pela expansão da massa real de pagamentos desde meados de 2022. Portanto, espera-se uma melhora do desempenho das varejistas na Bolsa”.
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