ESG

Saiba como avaliar um investimento de impacto social e ambiental

Pequenas empresas são maioria neste segmento até agora, o que envolve riscos, mas gera oportunidades no Brasil

Investimentos de impacto ganham cada vez mais destaque no mercado financeiro. Foto: Pixabay
Investimentos de impacto ganham cada vez mais destaque no mercado financeiro. Foto: Pixabay

A economia sustentável e de impacto social tem ganhado cada vez mais destaque no mercado financeiro. Não somente por ser uma agenda da Organização das Nações Unidas (ONU), mas também por ser uma das frentes de atuação para mitigar diversos problemas estruturais nas sociedades, sobretudo no Brasil. Para os investidores, uma forma de contribuir com isso é através do investimento de impacto.

Segundo a Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), esse tipo de investimento pode tornar o mercado de capitais mais sustentável e prepará-lo para a transição para uma economia justa, inclusiva e de baixo carbono.

Como se investe em redução da desigualdade social? Em sustentabilidade ambiental? O Bora Investir conversou com especialistas para trazer algumas respostas. Confira!

Como avaliar um investimento de impacto?

Independentemente se você for um investidor iniciante ou profissional, a avaliação prévia de um investimento é a cartada certa antes de movimentar seu dinheiro. Algumas opções são olhar para a experiência anterior de uma empresa que você escolheu para investir, segundo Itali Collini, diretora da Potencia Ventures.

“Primeiramente, é essencial avaliar qual é a intenção de impacto socioambiental que os fundadores têm para a empresa em questão. É importante entender se a visão de impacto se manteria no caso de a empresa mudar de rumo”, diz.

Por isso, vale observar os objetivos da empresa ou fundo que se diz empenhado em investimentos de impacto.

“É olhar para empresas que tenham como objetivo solucionar um problema de inclusão financeira, por exemplo, que afeta tantas pessoas. Outra pode resolver o problema de moradia. Isso só para explicar que precisa haver intencionalidade. O investimento de impacto também tem que ser mensurável”, afirma Fernanda Camargo, diretora da Anbima e líder da Rede de Sustentabilidade.

Qual a sua intenção?

Neste tipo de investimento, avaliar a sua intenção com aquela causa social ou ambiental é necessário, além de verificar essa mesma intenção nas metas da empresa escolhida. Afinal, é justamente esse objetivo que vai nortear o foco dos seus investimentos e alimentar suas expectativas com os resultados, tanto do lado social que ajuda a resolver um problema social ou ambiental quanto do retorno financeiro que seja o suficiente para compensar o investimento aplicado.

“Uma boa recomendação é entender quais soluções oferecidas têm maior e menor potencial de rentabilização, ajustando expectativas e alinhando possíveis obstáculos”, observa Collini.

Listadas na bolsa ou não?

Vale entender a diferença entre empresas listadas em bolsa e aquelas que não são. A maioria das companhias envolvidas com projetos de impacto são de porte pequeno e não estão na bolsa, como as startups, por exemplo, o que demanda atenção do investidor a buscar sempre por mais transparência nas operações.

“Empresas tradicionais na bolsa, com mais facilidade, têm um objetivo para maximizar seu capital. Já uma empresa de impacto, quanto mais gera resultado, mais impacto provoca. O retorno financeiro é o resultado do impacto, não o foco”, aponta Camargo.

Como investir?

No caso de ser um investidor iniciante com vontade de aplicar recursos em investimentos de impacto, o caminho mais seguro pode ser por meio de plataformas de financiamento coletivo ou crowdfunding devidamente autorizadas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Já para investidores mais experientes, os fundos de investimento na bolsa são uma opção para compor a carteira, segundo Beto Scretas, senior advisor da coalizão pelo impacto do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE).

Essa estratégia, conforme Scretas, é uma maneira do investidor ganhar experiência na área para, depois, conseguir ampliar a carteira e diversificar com aplicação em fundos de investimento, que são voltados para investidores com mais experiência no mercado de capitais devido ao maior risco e volatilidade.

“Então, o investidor precisa ser paciente neste tipo de investimento, porque traz mais risco ao investir em uma empresa pequena que pode quebrar a qualquer momento. Mas também é uma forma de alinhar bolso e coração”, afirma.

No financiamento coletivo, os investidores podem fazer compras a partir de R$ 1 para ter participação no projeto e, assim, compartilham os riscos entre si, caso a empresa quebre ou o projeto não gere os resultados esperados.

Contudo, essa modalidade de investimento é recente e exige atenção. Em abril deste ano, a CVM autorizou a B3, bolsa de valores do Brasil, a oferecer uma solução de ativos tokenizados para as plataformas de crowdfunding, também conhecido como financiamento coletivo. Com isso, os investidores poderão usar a tecnologia da B3, com liquidação financeira via PIX, controle de titularidade e rastreabilidade das operações.

É impacto mesmo?

“Essa carteira de ações é à prova de futuro? Com tudo que existe de regulação e compensação que vem à tona no mercado, o modelo da empresa [de que tenho ações] para de pé ou não?”, indaga Camargo.

Na pandemia, Camargo lembra que surgiram até 60 tipos de fundos de investimentos que se diziam de impacto e traziam até as siglas ESG para induzir investidores a aportarem recursos. A Anbima passou a trazer orientações ao mercado financeiro para mostrar de forma metodológica quais são os critérios e fatores para classificar um fundo como de impacto ou não.

“Grandes empresas saem do universo de impacto, mas vão para ESG, que não é impacto. Ele é simplesmente uma medida de risco, porque a empresa pode gerar toneladas de emissão de carbono. Agora chegam as regulações para compensar carbono, então o teu lucro vai cair porque vai gastar para essa compensação. Impacto não é para ser gasto, por isso ESG não é impacto”, finaliza Camargo.

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