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Fed reforça que vai agir com cautela em novos avanços de juros nos EUA

Ata do FOMC revelou que BC está atento à inflação, que segue elevada, apesar dos sinais de desaceleração. Fed fala em forte crescimento da economia americana no 3º trimestre

Em meio a uma batalha firme contra a inflação nos Estados Unidos, os membros do Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, concordaram em proceder “com cautela” caso seja necessário uma nova elevação da taxa básica de juros.

Segundo a ata do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), divulgada nesta terça-feira, 21/11, a autoridade monetária só vai retomar o aperto se os próximos números da economia americana apontarem para um “progresso insuficiente na redução da inflação”.

Os preços ao consumidor seguem elevados nos Estados Unidos, embora mostrem uma perda de ritmo nos últimos meses. Em outubro, a inflação ficou estável, e o núcleo – que exclui alimentos e energia – teve a menor expansão em dois anos.

“Os membros também concordaram que as suas avaliações levariam em conta uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre as condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas de inflação, e desenvolvimentos financeiros e internacionais.”

Em setembro, o Federal Reserve manteve a taxa básica de juros (Fed Funds) no intervalo entre 5,25% e 5,50% ao ano. A meta de inflação segue em 2%.

Ainda de acordo com o documento, a economia americana cresceu em um ritmo forte no 3º trimestre, diante de um mercado de trabalho resiliente e de uma baixa taxa de desemprego.

Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, o tom da ata foi cauteloso ao sugerir que ainda existe chance de novas altas devido à inflação persistente e mesmo com perspectivas de crescimento mais adversas.

“Apesar disso, não projeto novas altas de juros e acredito ainda que esse foi um texto em linha com o fim do ciclo de alta de juros. (…) Acredito que a ata do FOMC deve impactar pouco os mercados”.

Treasuries x juros

As autoridades do Fed se reuniram no momento em que a crise nos títulos do Tesouro americano (Treasuries) elevou os rendimentos (yields) acima de 5% – maior patamar em 16 anos.  

Esse aumento no custo dos empréstimos – diante do descontrole na emissão de dívida pelo governo de Joe Biden para cobrir o descompasso no orçamento – pesou no custo da concessão de crédito e surpreendeu a autoridade monetária.

“Qualquer que seja a origem do aumento dos rendimentos de longo prazo, as mudanças persistentes nas condições financeiras poderão ter implicações na trajetória da política monetária e, portanto, seria importante continuar a acompanhar de perto a evolução do mercado”, concluiu a ata.

Inflação na Europa

A preocupação com a inflação elevada também permanece na zona do Euro. Hoje, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que há risco de alta nos preços, o que exigirá atenção da autoridade monetária.

“Nossas decisões futuras garantirão que os juros sejam fixados em níveis suficientemente restritivos pelo tempo que for necessário. Condicionamos essas decisões aos dados recebidos, o que significa que podemos agir novamente se observarmos riscos crescentes de não atingirmos nossa meta de inflação”, disse.

A meta de inflação da zona do euro é a mesma dos Estados Unidos, de 2%. Assim como o problema no mercado de trabalho, que vê nos aumentos salariais um potencial impulsionador da demanda e, portanto, dos preços.

“Para avaliar como os salários estão evoluindo e se representam um risco para a estabilidade de preços, estaremos monitorando de perto uma série de acontecimentos”, concluiu Lagarde.

A próxima decisão sobre os juros na zona do Euro será tomada no dia 14 de dezembro. As taxas bateram os 4% em setembro – nível mais alto desde o lançamento do Euro, em 1999.

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