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Inflação nos EUA fica estável em outubro e tira pressão sobre juros

Na base anual, índice desacelerou para 3,2%, abaixo do esperado pelo mercado. Núcleo de inflação, que exclui alimentos e energia, teve a menor expansão em dois anos

Dólar. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Dólar mais fraco no exterior pode ajudar real. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O mercado financeiro global começou a terça-feira, 14/11, com um sentimento de alívio que não se via há meses. O respiro veio diante da estabilidade da inflação nos Estados Unidos registrada em outubro.

O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, da sigla em inglês) ficou estável no mês passado na comparação com o anterior. É também uma desaceleração em relação ao avanço de 0,4% em setembro e aos 0,6% registrados em agosto.

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Os dados são do Departamento do Trabalho americano e vieram abaixo da expectativa do mercado, que previam uma alta de 0,1%.

A taxa de inflação anualizada também perdeu ritmo para 3,2% em outubro, depois de marcar 3,7% em setembro. O valor também ficou abaixo do consenso dos analistas, que era de 3,3%.

O chamado núcleo de inflação – que exclui do índice itens mais voláteis como alimentos e energia, além de apontar uma tendência para os preços – subiu 4% nos 12 meses terminados em outubro. Essa é a menor expansão desde setembro de 2021, abaixo dos 4,1% no mês anterior e da previsão dos analistas.

Os preços mais baixos da gasolina explicam a desaceleração da inflação. Houve queda também de 4,5% no subíndice de energia. Por outro lado, a alimentação subiu 3,3% na comparação anual, maior valor desde julho, o que ainda preocupa os economistas.

Os preços de moradias voltaram a avançar em outubro, com alta de 0,3%, mas com metade do ritmo registrado no mês anterior. Essa medida tem impacto de um terço no índice de inflação americano.

Para o economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, a inflação nos EUA abaixo do esperado traz uma perspectiva muito boa para o mercado financeiro. (ver mais abaixo)

“É uma boa notícia que vem na sequência daquele payroll de 150 mil vagas criadas, mostrando o mercado de trabalho americano mais fraco”.

Juros não sobem mais em 2023

A estabilidade da inflação em outubro, após os preços atingirem o maior valor em quatro décadas no ano passado, sinaliza para o mercado que o Federal Reserve não deve elevar mais os juros neste ano.

O presidente do BC americano, Jerome Powell, disse recentemente que a autoridade monetária ficaria de olho nos números da economia americana, e que não hesitaria em voltar a elevar os juros se necessário.

Para os próximos meses, os analistas apontam que o mercado de trabalho terá um papel fundamental para os rumos da inflação no país. Com mais americanos empregados, os gastos com produtos e serviços sobem e pressionam a inflação.

Vale lembrar que a taxa de desemprego avançou em outubro para o nível mais elevado desde o início do ano. No entanto, pesquisas mostram que o sentimento do consumidor para ir às compras perdeu ritmo, o que é um bom sinal para os preços.

Impactos no mercado

Diante do resultado de estabilidade na inflação americana, os mercados financeiros globais reagiram com euforia.

Por volta do meio dia, a Bolsa do Brasil (B3) operava em forte alta de 2,10%, aos 122.941 pontos. O dólar comercial despencava 1,18%, cotado a R$ 4,85. As bolsas americanas exibiam altas fortes: Dow Jones subia 0,98%, S&P 500 avançava 1,24% e a Nasdaq saltava 1,62%.

Os juros dos títulos do Tesouro Americano (Treasuries) passaram a exibir forte queda. O rendimento do T-note de 2 anos (curto prazo) desacelerou para 4,88%, ante 5,04%. Já o T-note de 10 anos (longo prazo) recuava para 4,47%, de 4,63% na véspera.

“Esse movimento nos ativos deve seguir. Isso tanto na bolsa brasileira, na moeda, quanto em títulos públicos e recuperação das bolsas americanas”, conclui Gala.

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