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Focus: mercado prevê início de cortes dos juros em agosto e Selic menor em 2023

Boletim do BC trouxe também a projeção de quinta queda consecutiva da inflação, que ainda está acima do teto. PIB deve fechar 2023 com alta de 2,14%

O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima quarta-feira, 21/06, e deve manter estável, pela última vez no ano, a taxa básica de juros (Selic). É o maior patamar para a taxa em seis anos e meio.

A conclusão consta no boletim Focus divulgado nesta segunda-feira, 19/06, pelo Banco Central. Segundo o documento, a expectativa dos economistas do mercado é de um corte de 0,25 ponto percentual apenas na reunião de agosto. A projeção anterior mostrava queda apenas em setembro.

O mercado também reduziu de 12,50% para 12,25% ao ano a expectativa para a Selic no fim de 2023. Para o fim de 2024, a estimativa caiu de 10% para 9,5% ao ano; enquanto para 2025 foi mantida em 9%.

O Focus é publicado às segundas-feiras. Foram ouvidas pelo Banco Central mais de 100 instituições financeiras até o fim da semana passada. O relatório é essencial para o investidor corrigir ou confirmar estratégias.

Veja abaixo as projeções para a taxa básica de juros até dezembro deste ano pelo Copom:

  • 20 e 21/06: 13,75% ao ano (manutenção)
  • 1º e 2/08: 13,50% ao ano (-0,25 p.p.)
  • 19 e 20/09: 13,25% ao ano (-0,25 p.p.
  • 31/10 e 1º/11: 12,75% ao ano (-0,5 p.p.)
  • 12 e 13/12: 12,25% ao ano (-0,25 p.p.)

Lula e a Selic

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a cobrar hoje a redução dos juros no Brasil. Segundo Lula, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, precisa explicar por que a autarquia não reduz a Selic.

“O juro precisa baixar. O presidente do Banco Central precisa explicar, não a mim, porque eu já sei por quê, mas ao povo brasileiro e ao Senado, por quê ele não baixa os juros”, disse em live transmitida nas redes sociais.

Na semana passada, Campos Neto disse que a queda dos juros futuros abria espaço para o corte da Selic “à frente”. No entanto ponderou que o BC precisa agir com “parcimônia” e que os juros não podem cair de forma artificial.

“A curva de juros futuros tem registrado queda relevante. Isso significa que o mercado está dando credibilidade ao que está sendo feito, o que abre espaço para atuação de política monetária à frente”, afirmou.

Nova queda nas projeções de inflação

Pela quinta semana consecutiva, os economistas ouvidos pelo boletim Focus reduziram as expectativas de inflação. A alta dos preços diminuiu de 5,42% para 5,12%.

Apesar da forte desaceleração, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) segue bem acima do teto da meta definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de 4,75%.

A queda na projeção de inflação acontece após o IPCA de maio ficar em 0,23% e em 12 meses marcar 3,94%, segundo divulgou no início do mês o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para 2024, a projeção do mercado financeiro para o IPCA caiu de 4,04% para 4%. Para 2025, também houve um recuo de 3,90% para 3,80%. Mais do que a desaceleração das expectativas de inflação neste ano, o Copom está de olho na redução do IPCA em prazos mais longos.

Apesar das reduções em ambos os períodos, a estimativa de inflação segue superior à meta do BC, que é de 3% para os dois anos. Ela será considerada cumprida se oscilar entre 1,5% e 4,5%.

Projeção para o PIB volta a avançar em 2023

Os economistas do mercado financeiro voltaram a elevar as estimativas para o crescimento da economia brasileira em 2023. Pelas projeções, o Produto Interno Bruto (PIB) deve avançar 2,14% neste ano, ante 1,84% na semana anterior.

É a primeira vez, desde dezembro de 2021, que a projeção dos analistas consultados pelo Banco Central fica acima de 2% para este ano.

A melhora na perspectiva para a atividade econômica acontece após o forte avanço de 1,9% no PIB brasileiro, segundo o IBGE. O resultado foi puxado pela agropecuária, que avançou 21,6% no período: a maior alta desde o quarto trimestre de 1996.

O PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país num determinado período.

Para 2024, a previsão de crescimento do mercado financeiro voltou a ter um leve recuo de 1,27% para 1,20%. Para 2025, permaneceu em 1,80%.

Dólar

A estimativa para a moeda americana no fim de 2023 recuou de R$ 5,10 para R$ 5. Para o fim de 2024, subiu de R$ 5,17 para R$ 5,10 entre uma semana e outra. Para 2025, foi de R$ 5,20 para R$ 5,18.

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