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Inflação desacelera alta para 0,23% em maio; planos de saúde pesam no índice

IPCA perde ritmo pelo terceiro mês consecutivo. Com o resultado, economistas esperam sinalizações de afrouxamento da política monetária na próxima reunião do Copom

IPCA; inflação. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
O resultado ficou acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,75%. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial do país, subiu 0,23% em maio na comparação com o mês anterior, após alta de 0,61% em abril. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira, 07/06, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este é o terceiro mês consecutivo no qual os preços perdem tração no país. É também o menor resultado para maio desde 2020.

Em 12 meses, o IPCA ficou em 3,94%, ante 4,18% até abril, menor valor nesta base de comparação desde outubro de 2020. A inflação, no entanto, segue acima da meta perseguida pelo Banco Central (BC) para este ano, que é de 3,25%. Os números vieram bem abaixo das projeções do mercado financeiro, de alta mensal de 0,33% e de 4,05% no ano.

IPCA – INFLAÇÃO OFICIAL (MÊS A MÊS)

Fonte: IBGE

O economista André Perfeito explica que a desaceleração dos preços atenuou os núcleos de inflação (medida que capta a tendência dos preços e exclui choques temporários) que tem tirado o sono do BC. Para o analista, esse resultado e a busca por um clima melhor entre o governo e a autoridade monetária ajudam no processo de acomodação das taxas de juros.

“O Copom [Comitê de Política Monetária] poderia cortar a Selic na reunião de junho? Poderia. O colegiado vai cortar? Não vai. A questão na mesa é que não se pode dar ‘um cavalo de pau’ na comunicação. Logo, o que espero é ver sinalizações claras na próxima ata de que há espaço para algum afrouxamento monetário no segundo semestre. Isso já vai ajudar, e muito, o humor empresarial e a retomada da economia”.

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Importante notar também que houve uma forte queda do Índice de Difusão, que desacelerou de 66% em abril para 56% em maio. Ou seja, pouco mais da metade dos subitens do IPCA tiveram elevação de preços no mês.

“Em 12 meses, a média dos núcleos desacelerou de 7,31% para 6,72%, confirmando o movimento de gradual desaceleração. Estamos ajustando nossa projeção para junho, mas ela deve recuar novamente e provavelmente passar para o campo deflacionário”, afirma João Savignon, head de pesquisa macroeconômica da Kínitro Capital.

Saúde, habitação e despesas pessoais puxam alta

O grupo saúde e cuidados pessoas teve a principal contribuição para a alta de 0,23% nos preços em maio. Além dos planos de saúde (1,20%), houve aumento nos itens de higiene pessoal (1,13%), com especial impacto dos perfumes (3,56%).

Produtos farmacêuticos ficaram 0,89% mais caros, após a autorização do reajuste de até 5,60% no preço dos medicamentos, a partir de 31 de março.

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O avanço de 0,67% no grupo Habitação foi impulsionado pela alta nos preços das tarifas de água e esgoto (2,67%) e da energia elétrica (0,91%), que registraram reajustes em algumas capitais.

Nas Despesas Pessoais (0,64%), a inflação foi puxada pelo reajuste de 15% no valor de apostas, resultando um avanço de 12,18% em todo o subgrupo de jogos de azar. Gastos com alimentos para animais, empregados domésticos e cinema, teatro e concertos também subiram.

Alimentos fica mais em conta

Na contramão ficaram os preços da Alimentação e bebidas, que passaram de 0,71% em abril para 0,16% em maio. “Trata-se do grupo com maior peso no índice, o que acaba influenciando bastante no resultado geral”, explica André Almeida, analista da pesquisa do IBGE.

O resultado mais ameno do grupo Alimentação e Bebidas foi puxado pela estabilidade nos preços da alimentação no domicílio, após alta de 0,73% em abril. Houve queda nos preços das frutas (-3,48%), óleo de soja (-7,11%) e carnes (-0,74%).

Por outro lado, o tomate (6,65%) voltou a ficar mais caro, assim como o leite longa vida (2,37%) e o pão francês (1,40%). “Nos casos do tomate e do leite, os aumentos de preço estão relacionados a uma menor oferta”, explica Almeida.

Transportes e Artigos de Residência tem deflação

Os grupos de Transportes (-0,57%) e de Artigos de residência (-0,23%) foram os únicos a registrarem queda no IPCA de maio.

No primeiro grupo, destacam-se os recuos nos preços das passagens aéreas (-17,73%) e combustíveis (-1,82%). O óleo diesel (-5,96%) foi o que ficou mais barato, seguido pela gasolina (-1,93%) e o gás veicular (-1,01%).

Veja abaixo as variações da inflação de cada grupo em maio:

  • Alimentação e bebidas: 0,16%
  • Habitação: 0,67%
  • Artigos de residência: -0,23%
  • Vestuário: 0,47%
  • Transportes: -0,57%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,93%
  • Despesas pessoais: 0,64%
  • Educação: 0,05%
  • Comunicação: 0,21%

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