Focus: projeção para inflação desacelera em 2023, mas avança no próximo ano
Leve perda de ritmo acontece em meio a crise bancária internacional e ao aprofundamento das discussões dentro do governo sobre o novo arcabouço fiscal
A estimativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que é a inflação oficial do país, teve um leve reajuste para baixo de 5,96% para 5,95% em 2023, segundo o boletim Focus, do Banco Central (BC), divulgado nesta segunda-feira, 13/03. O resultado segue bem superior à meta de 3,25% e do teto da meta, de 4,75%, definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para 2024, a projeção de inflação do mercado financeiro foi na contramão e subiu de 4,02% para 4,11%. O valor segue bem acima da meta que é de 3%. A inflação em patamares elevados corrói o poder de compra dos consumidores, principalmente dos mais pobres. Isso acontece porque os preços avançam e os salários não acompanham esse movimento.
Os impactos nas previsões do Focus vieram após a apresentação do novo arcabouço fiscal ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. A semana também teve forte turbulência no cenário internacional com a quebra do Silicon Valley Bank e do Signature Bank nos Estados Unidos, do socorro ao First Republic Bank no país e da injeção no Credit Suisse – que agora foi comprado pelo UBS.
Selic e decisões
A crise bancária nos EUA e na Europa tem potenciais desinflacionários para a economia brasileira, mas o Banco Central não deverá ter espaço para baixar os juros agora por conta da inflação que segue em patamares elevados. Tanto que o boletim Focus manteve a estimativa para a taxa básica de juros estável em 12,75% ao ano para o fim de 2023.
Nesta quarta-feira, 22/03, o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC se reúne para discutir a taxa básica de juros. A maioria dos analistas espera que a Selic seja mantida em 13,75% – maior patamar em seis anos. O Federal Reserve (Fed) – banco central americano – também divulga no mesmo dia detalhes da sua política monetária.
“Os bancos centrais tomam a decisão espremidos entre inflação alta de um lado, e a turbulência do sistema financeiro global do outro. Nesse sentido, as decisões políticas desta semana, bem como a comunicação pós-reunião, estão provavelmente entre as mais importantes em muitos anos. No Brasil, o mercado vai acompanhar de perto as discussões sobre a proposta de novo arcabouço fiscal, na qual jornais reportam que o presidente Lula pediu ajustes na proposta, sugerindo que ela não deve ser divulgada no início desta semana”, afirmou a equipe de economistas da XP.
Para o fim de 2024, a projeção do mercado para o juro básico da economia ficou estável em 10% ao ano; e 9% em 2025.
Produto Interno Bruto
Após quatro semanas consecutivas de alta, a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, num determinado período, e serve para medir a evolução da economia, recuou de 0,89% para 0,88%.
Na semana passada, o Boletim Macrofiscal do Ministério da Fazenda, estimou que a economia brasileira deve crescer 1,61% em 2023. Essa foi a primeira previsão do PIB divulgada pela nova equipe econômica e está bem acima das projeções do mercado financeiro. Segundo o governo, a desaceleração da economia está relacionada com os “efeitos contracionistas da política monetária [alta dos juros] sobre o ciclo econômico e sobre o mercado de crédito”.
Já para 2024, a previsão de crescimento caiu de 1,50% para 1,47%.
Dólar
A estimativa para a moeda americana no fim de 2023 permaneceu em R$ 5,25. Para o fim de 2024, ficou estável em R$ 5,30.
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