Gasolina e etanol voltam a ter cobrança total de impostos neste sábado; preço deve subir
Reoneração de impostos federais vai impactar litro dos combustíveis nas distribuidoras em R$ 0,22. Para consumidor, preço médio da gasolina que é de R$ 5,40, deve subir até R$ 0,30
Os preços da gasolina e do etanol devem ficar mais caros a partir deste sábado, 01/07, para as distribuidoras de todo o país. A elevação acontece por conta da volta da cobrança total dos impostos federais sobre os combustíveis.
A alta do PIS/Cofins será de R$ 0,22 por litro e vale tanto para a gasolina quanto para o etanol.
Em março, passou a valer a primeira parcela da reoneração. Na época a alta dos tributos foi de R$ 0,47 por litro para a gasolina e de R$ 0,02 por litro para o etanol. Para compensar o aumento apenas parcial dos tributos, foi instituído um imposto sobre exportação de óleo cru, que vigorou por quatro meses.
O coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre, André Braz, fez as contas do impacto da volta dos impostos sobre a gasolina para o consumidor. A estimativa é que a reoneração eleve os preços em R$ 0,30 por litro nas bombas.
Como na semana passada o preço médio da gasolina era R$ 5,40, segundo a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o litro do combustível deve passar a custar R$ 5,70.
“Esse complemento do aumento que foi feito em março significa um avanço de 6,5% no preço da gasolina, que deve ser captado ao longo de todo o mês de julho”, explica Braz.
Importante lembrar que a cadeia distributiva tem liberdade para estipular os preços. Portanto, o valor praticado pelos postos de gasolina ao consumidor final pode variar.
Entenda o impacto da reoneração dos combustíveis no seu bolso
Impacto na inflação
No dia 16 de junho, a Petrobras reduziu o valor da gasolina nas refinarias em 4,3%. O preço do litro caiu R$ 0,13, de R$ 2,78 para R$ 2,65, o que deve ajudar a amortecer um pouco a volta dos impostos federais sobre o combustível.
Mesmo assim, o economista do FGV Ibre afirma que a reoneração deve trazer impactos na inflação já no mês que vem.
“O consumidor vai perceber esse aumento da gasolina. Considerando que o combustível compromete aproximadamente 5% do orçamento familiar, esse avanço deve gerar uma influência para a inflação de mais ou menos 0,30 ponto percentual”.
Segundo André Braz, apesar da alta na gasolina, a inflação em julho deve ficar próxima da estabilidade. “A desaceleração dos preços de alimentos pode compensar o aumento da gasolina. Assim, a gente espera uma deflação de 0,25% para junho, mês que não vai ser afetado por esse aumento, e uma estabilidade para julho, com IPCA em torno de zero”.
Histórico
Em junho de 2022, o então presidente Jair Bolsonaro determinou a redução dos impostos federais para conter a alta dos combustíveis às vésperas da eleição, com prazo de validade até dezembro.
No início de 2023, após um embate entre a ala política e econômica do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ficou decidido que a reoneração seria feita em duas etapas. A medida foi tomada para evitar a perda de R$ 28,8 bilhões em arrecadação.
Petrobras pode voltar a reduzir os preços
No mês passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assinalou que a Petrobras poderia reduzir os preços dos combustíveis nos próximos meses para compensar o aumento dos tributos federais. Segundo Haddad, essa redução estaria em linha com os preços internacionais.
“Nós não baixamos tudo o que podíamos justamente esperando o primeiro de julho, quando acaba o imposto de exportação e o ciclo de reoneração”, indicou, durante uma audiência pública na Câmara.
O coordenador dos Índices de Preços do FGV Ibre explica que, apesar da recomposição dos impostos ser difícil para o consumidor, ela é necessária para dar segurança ao governo de que terá condições de arcar com suas despesas.
“A estabilidade da política fiscal é tão importante quanto a própria estabilidade da inflação. Então, é necessário fazer esse movimento, ainda que o consumidor venha pagar um pouco mais caro”, conclui André Braz.
ICMS único
Desde o começo de junho houve uma mudança importante na cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços) sobre a gasolina.
Os Estados passaram a cobrar uma alíquota única de R$ 1,22 por litro de gasolina, o que elevou o preço na maioria das unidades da federação.
Antes, o imposto era calculado sobre uma porcentagem do preço, entre 17% e 23%, e cada Estado tinha um valor diferente.
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