Inflação do aluguel, IGP-M desacelera em fevereiro
Apesar da queda de 0,06% no IGP-M – índice FipeZAP+, que acompanha o preço dos novos contratos, subiu 1,21% em janeiro
O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) – principal indicador utilizado para o reajuste de aluguéis residenciais no Brasil – registrou deflação de 0,06% em fevereiro, após alta de 0,21% no mês anterior. Os dados foram divulgados nesta segunda-feira, 27/02, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre).
A queda do indicador interrompe dois meses seguidos de alta. No ano, o índice acumula leve alta de 0,15% e de 1,86% em 12 meses. Importante lembrar que o IGP-M estava em alta de 1,83% em fevereiro do ano passado e acumulava avanço de 16,12% em um ano
Essa desaceleração da alta do indicador aconteceu por conta do retorno à normalidade das cadeias de produção após o período mais crítico da pandemia. É que o IGP-M é calculado através da variação dos preços ao consumidor, custo de matéria-prima, preços no atacado e insumos da construção civil.
+Entenda a discussão em torno de uma possível elevação das metas de inflação
A perda de ritmo é benéfica para os inquilinos que usam o índice como referência para o reajuste do aluguel. O problema é que entre 2020 e 2021 muitos brasileiros passaram a adotar o IPCA como indicador para o reajuste do contrato de locação.
Para Pedro Tenório, economista do DataZAP+, os inquilinos que optaram por essa mudança no contrato podem entrar em um acordo com o proprietário para que seja feita uma nova renegociação.
“Embora muitas pessoas tenham mudado o índice de reajuste para o IPCA em 2021, o IGP-M continua sendo o principal indexador acordado nos contratos. Mas na hora de fechar o reajuste, de fato, o que vale mais é a conversa entre locador e inquilino”.
A inflação do aluguel em 2021 – medida tanto por IPCA quanto pelo FipeZAP+ [índice que também acompanha os preços do aluguel no país], ficou bastante abaixo do patamar de 30% do IGP-M.
Novos contratos de aluguel
Os novos contratos de aluguéis residenciais ficaram 1,21% mais caros em janeiro de 2023, o que representou uma aceleração em relação a dezembro (0,88%), segundo o Índice FipeZap que acompanha os preços em 25 cidades brasileiras.
Em 12 meses, o valor das novas locações saltou 16,76% – maior valor desde 2011, quando os preços avançaram 17,30%. O resultado foi quase o triplo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), acumulado em 5,77%, e ficou acima do IGP-M (3,79%).
“Considerando o cenário atual de mercado aquecido, parece mais provável um reajuste considerando o IGP-M, e até acima dele”, conclui Pedro Tenório.
Impacto dos juros
A Selic começou a subir em março de 2021 e avançou de 2% ao ano para 13,75% ao an. Diante da escalada da taxa básica de juros, o financiamento de imóveis encareceu na mesma proporção – o que impactou os novos contratos de aluguel.
“O impacto da Selic exerce uma pressão positiva sobre o preço de locação. No entanto, a evidência que temos indica que esse fator possui uma magnitude pequena. O fator determinante para os aumentos dos preços tem sido a melhora do mercado de trabalho, que começou em 2022”, explica o economista do DataZAP+.
Para os próximos meses a expectativa é de uma desaceleração de preços dos aluguéis no país, com o arrefecimento dos empregos.
“A tendência é que os aumentos de preços de locação convirjam para a inflação ao consumidor durante 2023. A velocidade da convergência dependerá muito do comportamento do mercado de trabalho”, conclui Tenório.
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