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IPCA volta a acelerar em julho puxado pela gasolina; inflação dos serviços cai

Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês passado ficou em 0,12%, depois de uma deflação de 0,08% em junho. Movimento era esperado

IPCA; inflação. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil
O resultado ficou acima do teto da meta perseguida pelo Banco Central, de 4,75%. Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

A inflação oficial voltou a acelerar em julho, como esperado pelo mercado. Contudo, os números que compõem o indicador deram uma trégua, o que mostra um quadro mais benigno dos preços no país.

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) no mês passado ficou em 0,12%, depois de uma deflação de 0,08% em junho. Os dados foram publicados nesta sexta-feira, 11/08, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O aumento no ritmo dos preços veio acima do previsto pelos analistas, que era de avanço na casa dos 0,07%. No ano, os preços acumulam alta de 2,99%.

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Em 12 meses, a inflação ficou em 3,99%, ante 3,16% até junho. Com esse resultado, o IPCA voltou a ficar acima da meta perseguida pelo Banco Central, de 3,25%, mas dentro da margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, para mais ou para menos.

O índice de difusão, que mostra o porcentual de itens com aumentos de preços, caiu de 50% para 46%, o que mostra uma melhora da inflação no núcleo do índice.

IPCA 2023

Fonte: IBGE

Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE, cinco tiveram alta no mês de julho.

Inflação dos serviços e núcleos desacelera

A inflação de serviços desacelerou em julho de 0,62% para 0,25%. Com isso, o acumulado em 12 meses caiu para 5,63%.

A estrategista de inflação da Warren Rena, Andréa Angelo, explica que o bom desempenho da inflação de serviços e dos núcleos (medida que capta a tendência dos preços e exclui choques temporários), chamou a atenção dos analistas.

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“Esse resultado confirma a expectativa de que essa desinflação continue e encerre o ano em cerca de 5,2%, com intensificação a partir de agosto. O número de hoje confirma o otimismo de que a velocidade de arrefecimento está em linha com a projetada, embora com muita volatilidade entre as divulgações”.

A inflação dos serviços é um dos pontos mais analisados pelo Banco Central para definir a taxa básica de juros. Por isso, diante da queda, o economista da XP, Alexandre Maluf, acredita num possível corte maior da Selic na próxima reunião do BC.

“Há uma inequívoca melhora nas leituras recentes do IPCA no tocante às métricas de serviços e núcleos, o que possivelmente aumentará as apostas para um corte de 0,75 p.p. na próxima reunião do Copom, apesar de considerarmos que o número de hoje ainda é consistente com um corte de 0,50 p.p.”

Gasolina sobe forte e puxa alta dos transportes

A gasolina foi o item de maior impacto na inflação em julho, pois subiu 4,75%. O gerente da pesquisa, André Almeida, explica que o combustível tem o maior peso na cesta do IPCA.

“A alta de julho capta a reoneração de impostos, com a volta da cobrança da alíquota cheia de PIS/COFINS, já que no mês passado, houve reduções aplicadas nas refinarias”.

O governo voltou a cobrar os impostos federais sobre gasolina e etanol no início de julho, alta de R$ 0,34 por litro e R$ 0,22 por litro, respectivamente.

A pressão no preço da gasolina puxou a alta do grupo Transportes para 1,5%. O etanol também avançou e subiu 1,57%, enquanto o gás veicular subiu 3,84%. Na contramão, o óleo diesel teve queda de 1,37%.

Ainda nos Transportes, o fim do programa de descontos no carro zero elevou os preços do automóvel novo em 1,65%. Os pedágios também tiveram reajustes em várias estradas do país, o que gerou aumento acumulado de 2,44%. As passagens aéreas continuaram a subir, e registraram variação de 4,97% no mês.

Inflação da habitação e alimentação em queda

O grupo Habitação registrou no mês passado uma deflação de 1,01%, puxado pela queda de 3,89% nos preços da energia elétrica residencial.

“O resultado foi por conta da incorporação do bônus de Itaipu, creditado integralmente nas faturas emitidas no mês de julho”, explica o gerente do IBGE.

Na Alimentação e bebidas, a queda de 0,46% nos preços foi influenciada, principalmente, pelo recuo da alimentação no domicílio (-0,72%), que já havia apresentado deflação em junho (-1,07%).

Os produtos que ficaram mais baratos, por conta do aumento da oferta, foram o feijão carioca (-9,24%), óleo de soja (-4,77%), frango em pedaços (-2,64%), carnes (-2,14%) e o leite longa vida (-1,86%).

A alimentação fora do domicílio subiu 0,21% em julho, resultado menor que no mês anterior (0,46%) em virtude das altas menos intensas do lanche (0,49%) e da refeição (0,15%).

Veja, abaixo, as variações da inflação de cada grupo em julho:

  • Alimentação e bebidas: -0,46%;
  • Habitação: -1,01%;
  • Artigos de residência: 0,04%;
  • Vestuário: -0,24%;
  • Transportes: 1,50%;
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,26%;
  • Despesas pessoais: 0,38%;
  • Educação: 0,13%;
  • Comunicação: 0,00%

IBC-Br adiado

O Índice de Atividade Econômica, (IBC-BR), considerado uma prévia do PIB, que seria divulgado nesta sexta-feira, 11/08, foi adiado em função de mobilização dos servidores públicos.

Segundo o Banco Central, o indicador será publicado na próxima segunda-feira, 14/08, às 9h.

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