Notícias

Juros altos inibem melhora do varejo; vendas ficam estáveis em junho

Fechamento de lojas por grandes redes também contribuiu para o resultado. Apesar da alta no ano, setor teve queda de 0,2% no 2º trimestre

As vendas do varejo brasileiro ficaram estáveis em junho em relação ao mês anterior. O resultado veio após duas quedas consecutivas, segundo divulgado nesta quarta-feira, 09/08, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No 1º semestre, o varejo acumula alta de 1,3%, puxado pelo forte crescimento das vendas em janeiro. Nos meses seguintes, os resultados do setor foram tímidos, com variações próximas da estabilidade. No 2º trimestre, as vendas caíram 0,2%.

O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, explica que a manutenção dos juros em patamar elevado por mais tempo teve impacto direto no varejo de abril e junho.

“A principal explicação da economia são taxas de juros altas e a dificuldade de acesso ao crédito. Isso tem segurado esse crescimento nos últimos meses”, disse.

Para o economista da XP, Rodolfo Margato, o varejo brasileiro deve mostrar crescimento modesto no curto prazo. “A demanda doméstica segue em trajetória de desaceleração, em linha com o mercado de crédito apertado e certa acomodação nas condições do mercado de trabalho”, afirma.

EVOLUÇÃO DAS VENDAS DO VAREJO (MÊS A MÊS)

Fonte: IBGE

Atividades

Quatro das oito atividades pesquisadas pelo IBGE tiveram queda em junho na comparação com o mês anterior.

Houve queda nas vendas de equipamentos e material para escritório (-3,7%), artigos farmacêuticos (-0,7%) e combustíveis e lubrificantes (-0,6%).

O grupo de artigos de uso pessoal e doméstico registrou retração de -0,9%. Segundo o IBGE, esse segmento foi impactado pelo fechamento de lojas físicas por grandes redes de varejo.

A deflação em junho impulsionou as vendas de hiper e supermercados, que subiram 1,3% na comparação com o mês anterior. Em maio, o setor teve queda de 3,3%.

Outros destaques positivos foram: tecidos, vestuário e calçados (1,4%); livros, jornais, revistas e papelaria (1,2%); e móveis e eletrodomésticos (0,8%).

“As atividades varejistas, que continuam em alta, refletem o recuo da inflação, a maior renda disponível das famílias e medidas de estímulo do governo”, explica o economista da XP.

Vendas de veículos puxam varejo ampliado para o positivo

No varejo ampliado, que inclui veículos e motos, partes e peças, material de construção e atacarejo, as vendas cresceram 1,2% em junho na comparação com o mês anterior.

O resultado foi puxado pela forte alta de 8,5% nas vendas de veículos. Foi o maior crescimento desde fevereiro de 2021. Esse segmento foi fortemente impactado pelas medidas do governo de incentivo à compra de carro popular.

“Essa política de redução de preços de veículos impulsionou um crescimento mais forte do varejo ampliado na passagem de maio para junho”, explicou Cristiano Santos.

Quer entender o que é macroeconomia e como ela afeta seu bolso? Acesse o curso gratuito Introdução à Macroeconomia, no Hub de Educação da B3.