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Juros altos inibem melhora do varejo; vendas ficam estáveis em junho

Fechamento de lojas por grandes redes também contribuiu para o resultado. Apesar da alta no ano, setor teve queda de 0,2% no 2º trimestre

Pedestres passam entre lojas e placas de preços no Saara, centro de compras popular no Rio de Janeiro
Desemprego recua no trimestre. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

As vendas do varejo brasileiro ficaram estáveis em junho em relação ao mês anterior. O resultado veio após duas quedas consecutivas, segundo divulgado nesta quarta-feira, 09/08, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No 1º semestre, o varejo acumula alta de 1,3%, puxado pelo forte crescimento das vendas em janeiro. Nos meses seguintes, os resultados do setor foram tímidos, com variações próximas da estabilidade. No 2º trimestre, as vendas caíram 0,2%.

O gerente da pesquisa, Cristiano Santos, explica que a manutenção dos juros em patamar elevado por mais tempo teve impacto direto no varejo de abril e junho.

“A principal explicação da economia são taxas de juros altas e a dificuldade de acesso ao crédito. Isso tem segurado esse crescimento nos últimos meses”, disse.

Para o economista da XP, Rodolfo Margato, o varejo brasileiro deve mostrar crescimento modesto no curto prazo. “A demanda doméstica segue em trajetória de desaceleração, em linha com o mercado de crédito apertado e certa acomodação nas condições do mercado de trabalho”, afirma.

EVOLUÇÃO DAS VENDAS DO VAREJO (MÊS A MÊS)

Fonte: IBGE

Atividades

Quatro das oito atividades pesquisadas pelo IBGE tiveram queda em junho na comparação com o mês anterior.

Houve queda nas vendas de equipamentos e material para escritório (-3,7%), artigos farmacêuticos (-0,7%) e combustíveis e lubrificantes (-0,6%).

O grupo de artigos de uso pessoal e doméstico registrou retração de -0,9%. Segundo o IBGE, esse segmento foi impactado pelo fechamento de lojas físicas por grandes redes de varejo.

A deflação em junho impulsionou as vendas de hiper e supermercados, que subiram 1,3% na comparação com o mês anterior. Em maio, o setor teve queda de 3,3%.

Outros destaques positivos foram: tecidos, vestuário e calçados (1,4%); livros, jornais, revistas e papelaria (1,2%); e móveis e eletrodomésticos (0,8%).

“As atividades varejistas, que continuam em alta, refletem o recuo da inflação, a maior renda disponível das famílias e medidas de estímulo do governo”, explica o economista da XP.

Vendas de veículos puxam varejo ampliado para o positivo

No varejo ampliado, que inclui veículos e motos, partes e peças, material de construção e atacarejo, as vendas cresceram 1,2% em junho na comparação com o mês anterior.

O resultado foi puxado pela forte alta de 8,5% nas vendas de veículos. Foi o maior crescimento desde fevereiro de 2021. Esse segmento foi fortemente impactado pelas medidas do governo de incentivo à compra de carro popular.

“Essa política de redução de preços de veículos impulsionou um crescimento mais forte do varejo ampliado na passagem de maio para junho”, explicou Cristiano Santos.

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