Lula diz que Campos Neto ‘joga contra a economia’ após BC manter juros em 13,75%
Presidente afirmou, em agenda na Itália, que ‘sociedade brasileira’ está brigando com o BC. Selic foi mantida pela sétima vez consecutiva no maior patamar em seis anos e meio
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou nesta quinta-feira, 22/06, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) que manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75% ao ano. Lula acusou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de “jogar contra os interesses da economia brasileira”.
A declaração foi dada no último dia da visita do presidente à Itália. Ao ser questionado se há um “boicote” do BC à política econômica do governo, Lula afirmou que ele e a sociedade brasileira estão descontentes com a taxa nessa patamar.
“Não se trata de o governo ficar brigando com o BC. Quem está brigando com o BC é a sociedade brasileira. A Confederação Nacional das Indústrias, a Federação das Indústrias de São Paulo, os maiores varejistas e os pequenos e médios empreendedores estão brigando com a taxa de juros. As pessoas que precisam de crédito para tocar a economia estão brigando com a taxa de juros”, afirmou.
Os membros do Copom não deram uma sinalização clara se haverá cortes na taxa de juros a partir de agosto, como espera o mercado financeiro. “É irracional o que está acontecendo no Brasil. Você tem uma taxa de juros de 13,75% com uma inflação de 5% [ao ano]”, disse o presidente.
Autonomia do BC e crédito
Lula voltou a criticar a lei de autonomia do Banco Central, sancionada em fevereiro de 2021 pelo então presidente Jair Bolsonaro. Disse que passou a cobrar os senadores para que verifiquem se Campos Neto está cumprindo a legislação.
“Eu acho que esse cidadão joga contra a economia brasileira. Não existe explicação aceitável de por quê a taxa de juros está em 13,75%”.
Em relação ao crédito, o presidente disse que “não é possível tomar dinheiro emprestado para pagar 14% ao ano, às vezes 18% ao ano”.
Lula na Europa
O presidente Lula está em viagem a Europa, onde já se encontrou com o Papa Francisco e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni.
Hoje o brasileiro desembarcou na França, onde se reúne com o presidente do país, Emmanuel Macron na Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global. O objetivo do encontro é repensar a arquitetura do sistema financeiro global para reduzir a desigualdade e fazer frente à crise climática.
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