Notícias

Mercado eleva expectativa de inflação em semana de decisão do Copom

IPCA deve fechar o ano 5,74%, segundo o boletim Focus. Na ‘Super Quarta’, analistas esperam manutenção de juros no Brasil e avanço de 0,25 p.p. nos EUA

Corredor de um SuperMercado
Nesta segunda-feira, 30/01, os holofotes estão no boletim Focus, do Banco Central (BC). Foto: Adobe Stock

A semana começa com as expectativas do mercado financeiro sobre as decisões da política monetária no Brasil e nos Estados Unidos na chamada ‘Super Quarta’, 01/02. Os analistas acreditam na manutenção dos juros brasileiros em 13,75% ao ano e no avanço de 0,25 pontos percentuais dos juros norte-americanos para o intervalo de 4,5% a 4,75%. Na quinta-feira, 02/01, o Banco Central Europeu (BCE) deve elevar os juros em 0,5 ponto percentual.

“Os ativos de risco recuam com os investidores cautelosos quanto às reuniões do Fed, BCE e BOE nesta semana. Apesar de já estar precificada altas das taxas básica de juros, investidores temem uma sinalização mais hawkish [aumento de juros]”, explicam os economistas da LCA Consultores em relatório.

Nesta segunda-feira, 30/01, os holofotes estão no boletim Focus, do Banco Central (BC), que elevou, pela sétima semana consecutiva, a estimativa de inflação, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2023. O valor subiu de 5,48% para 5,74%. O resultado segue bem acima da meta de 3,25% e do teto da meta (4,75%) definidas pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Para 2024, a previsão do IPCA subiu de 3,84% para 3,90% – também acima da meta de 3%. Para 2025, a projeção permaneceu em 3,50%.

A piora das projeções de inflação no curto prazo é puxada pela expectativa de alta nos preços dos combustíveis – com a volta da cobrança dos impostos federais a partir de março. A reabertura da economia da China também tende a colocar mais pressão na cotação do petróleo, diante do aumento da demanda pela commodity. No longo prazo, pesam as incertezas fiscais após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticar a independência do Banco Central e defender uma revisão das metas de inflação.

“O balanço de risco para a inflação não mudou muito desde a última reunião do Copom. Dito isso, é provável que o Copom utilize o comunicado oficial para revelar sua preocupação com o recente aumento das expectativas de inflação de médio prazo”, afirmam os economistas da XP em Morning Call. O relatório Focus é publicado todas as segundas-feiras e divulga as estimativas do mercado financeiro para a economia brasileira. O BC ouviu mais de 100 instituições financeiras até o fim da semana passada. O relatório é essencial para o investidor pautar as suas conversas no início da semana e corrigir ou confirmar estratégias no mercado de ativos.

Selic

A expectativa do mercado se manteve estável para a taxa básica de juros fechar o ano em 12,5% ao ano. A Selic está hoje em 13,75% ao ano. O Comitê de Política Monetária (Copom) segue sinalizando que os juros vão se manter altos por um período mais prolongado.

Para o fim de 2024, a projeção do mercado para o juro básico da economia permaneceu em 9,5% ao ano.

PIB

O mercado subiu a expectativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano, de 0,79% para 0,80%. Para 2024, a previsão permaneceu estável em alta de 1,5%.

O resultado oficial do PIB de 2022 – que deve fechar em 3% – será divulgado no dia 02 de março pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O Produto Interno Bruto é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, num determinado período, e serve para medir a evolução da economia.

Dólar

A estimativa para a moeda americana no fim de 2023 recuou de R$ 5,28 para R$ 5,25. Para o fim de 2024, permaneceu em R$ 5,30.

Contas públicas

O campo fiscal é uma das principais preocupações do mercado financeiro e, um dos fatores que podem fazer o Copom atrasar possíveis cortes na Selic. No entanto, os dados de 2022 deram um pouco mais de alívio diante do cumprimento da meta fiscal que autorizava um déficit (despesas maiores que receitas, sem contar juros da dívida pública) de até R$ 177,4 bilhões. É o que aponta os números divulgados hoje pelo BC.            

O setor público consolidado registrou superávit primário de R$ 126 bilhões em 2022. O superávit acontece quando as receitas com impostos ficam acima das despesas – sem considerar os juros da dívida pública. Esse é o segundo resultado anual positivo e incluem as contas da União, estados, municípios e empresas estatais. Esse é o melhor resultado desde 2011 – como mostra o gráfico abaixo.

CONTAS DO SETOR PÚBLICO CONSOLIDADO

Gráfico com contas do Setor publico
(em R$ bilhões) / Fonte: Banco Central

Em proporção do PIB, o superávit de 2022 ficou em 1,28% – o maior desde 2013 quando somou 1,71% do Produto Interno Bruto. Veja abaixo os outros números do Banco Central.

  • Estados e municípios: +R$ 64,9 bilhões;
  • Estatais: +R$ 6,1 bilhões;
  • União: +R$ 54,9 bilhões.

Ao incorporar na conta os juros da dívida pública – resultado nominal – houve déficit de R$ 460,4 bilhões nas contas do setor público no último ano, o equivalente a 4,68% do PIB. Esse resultado é usado nas comparações internacionais. É o maior déficit desde 2020 – valor que na época foi impulsionado pelas despesas com o combate à Covid-19.