Mercado

Commodities derrubam Ibovespa, que tem perda atenuada por bancos e elétricas

Índice ficou em 122.031,58 pontos e o dólar fechou em R$ 5,23; mercado ainda mostra preocupação com possível aumento de risco no Brasil

Espaço B3
Ibovespa fecha em baixa de 0,05% nesta segunda-feira (03). Foto: B3

O Ibovespa fechou em baixa de 0,05%, aos 122.031,58 pontos nesta segunda-feira (03/06). Já o dólar fechou em queda de 0,32%, mas cotado a R$ 5,23. A queda foi provocada pelo desempenho negativo das ações associadas aos preços das commodities. Por outro lado, os setores de energia elétrica e financeiro – beneficiadas pela perspectiva de Selic mais alta – sustentaram os ganhos.

O mercado ainda mostra alguma preocupação com suposto aumento de risco no Brasil, principalmente relacionado à inflação. Ainda que os indicadores econômicos mostrem a economia crescendo de maneira sustentável.

Bolsa de valores teve forte oscilação por causa do Focus

Segundo o boletim Focus, a previsão do IPCA 2024 passou de 3,86% para 3,88%. Isso significa 4ª alta consecutiva. Houve ainda elevação nas projeções do índice para 2025 (de 3,75% para 3,77%) e para 2026 (3,58% para 3,60%).

Agora, os agentes estimam a Selic em 10,25% no encerramento de 2024 contra 10% da projeção anterior.

Ações da bolsa de valores

Setores importantes da bolsa fecharam no campo positivo. Dessa maneira, a queda do índice no final do dia foi discreta. O setor financeiro, um dos mais ‘pesados’ do Ibovespa, subiu com Itaú (ITUB4), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11) em alta.

O setor de energia também subiu em bloco.

Cemig (CMIG4), Eneva (ENEV3), Enegisa (ENGI11), CPFL (CPFE3), Engie (EGIE3) e Eletrobras (ELET3) avançaram.

Por outro lado, papéis relacionados a commodities tiveram queda em bloco e levaram o índice da bolsa para baixo.

São os casos das mineradoras e siderúrgicas Vale (VALE3), Gerdau (GGBR4; GOAU4), e CSN (CSNA3; CMIN3); das petroleiras Petrobras (PETR3; PETR4), Prio (PRIO3) e 3R (RRRP3); e das papeleiras Klabin (KLBN11) e Suzano (SUZB3).

Dólar

O dólar à vista fechou a sessão em queda. Os agentes financeiros estão de olho no mercado global e com atenção especial aos preços de commodities.

Com o minério de ferro voltando a cair com força (no menor patamar de seis semanas), o real iniciou a sessão mais fraco frente ao dólar. Mas a moeda norte-americana perdeu vigor tanto no âmbito local quanto no global.

Da mesma maneira, no exterior, o índice DXY caiu 0,53%, aos 104,11 pontos.

O desempenho do dólar está relacionado aos dados da economia americana, divulgados nesta segunda, detalhados mais adiante.

Ações em alta

  • Ambipar (AMBP3) 17,22%
  • Dasa (DASA3) 11,40%
  • Pão de Açúcar (PCAR3) 7,32%
  • Qualicorp (QUAL3) 6,71%
  • Hypera (HYPE3) 5,38%

Ações em baixa

  • Cruzeiro do Sul (CSED3) -5,24%
  • JSL (JSLG3) -4,29%
  • SYN (SYNE3) -4,15%
  • Suzano (SUZB3) -3,26%
  • Ser Educacional (SEER3) -3,24%

Os rankings incluem ações com volume alto, que compõem ou não o Ibovespa e outros índices. As cotações foram apuradas entre as 17h40 e as 17h50.

Bolsas mundiais: Nova York

As bolsas de Nova York fecharam sem direção única nesta segunda-feira (3) em que o mercado ficou atento ao resultado fraco do índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor industrial dos Estados Unidos. Ao mesmo tempo, a NVidia saltou quase 5% e sustentou o setor de tecnologia da bolsa americana.

O índice Dow Jones fechou em queda de 0,30%, a 38.571,03 pontos; o S&P 500 teve leve alta de 0,11%, a 5.283,40 pontos; e o Nasdaq avançou 0,56%, a 16.828,67 pontos.

A queda inesperada do PMI industrial dos Estados Unidos em maio, conforme leitura do Instituto para Gestão da Oferta (ISM, na sigla em inglês), foi bem recebido no mercado de Treasuries como um sinal de que o Federal Reserve (Fed) poderá ter espaço para cortar os juros em breve. O dado, porém, afetou ações de setores cíclicos, cujos negócios dependem do bom desempenho da economia.

O setor industrial do S&P 500 anotou queda de 1,24%, enquanto o de energia recuou 2,6%, puxado pelo tombo de mais de 3% do petróleo que levou os preços dos contratos futuros da commodity aos menores níveis desde fevereiro.

Por outro lado, a ação da NVidia retomou a trajetória positiva ao saltar 4,9%. A empresa anunciou uma nova série de chips voltados para inteligência artificial durante uma apresentação na Computex 2024, que ocorre em Taiwan.

Europa

As bolsas da Europa fecharam em alta sustentadas pela expectativa já precificada de que o Banco Central Europeu (BCE) irá iniciar seus cortes de juros nesta semana. O mercado já precifica um corte de 0,25 ponto percentual na quinta-feira.

A exceção é a bolsa de Londres, pressionada pelas ações da farmacêutica GSK que cai mais de 9%, depois um tribunal dos EUA deu sequência à processos de ligam o remédio de azia Zantac a casos de câncer.

No fechamento, o índice Stoxx subiu 0,33 % a 519,86 pontos, índice Dax de Frankfurt avançava 0,61% a 18.610,27 e o CAC 40 de Paris ganhava 0,06% a 7.998,02. Já o FTSE da Bolsa de Londres caiu 0,16% a 8.264,69.

Os índices de gerentes de compra (PMI) industriais de maio mostraram avanço positivo na Alemanha, zona do euro e Reino Unido, com o PMI britânico voltando a ficar acima de 50 desde julho de 2022.

O PMI do Reino Unido bateu os 51,3 pontos, com o otimismo registrando seu maior nível em 27 meses, informou o S&G Global.

Já o PMI industrial de maio da Alemanha subiu de 42,5 para 45,4, enquanto o da zona do euro passou de 45,7 para 47,3.

Suporte para as bolsas veio da varejista JD Sports, que saltou 5% depois de registrar bons resultados anuais.

PIB deve mexer com o Ibovespa

A expectativa é de crescimento de 0,6% para o PIB no primeiro trimestre de 2024 em relação ao trimestre anterior. “Seria um bom dado, lembrando que a gente vem de um ritmo de crescimento interessante, e dados do primeiro trimestre mostram que isso se mantém”, diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

O economista revela que há uma discrepância entre dados da economia real e preços de ativos financeiros.

Nesse sentido, os indicadores econômicos mostram o Brasil com inflação controlada, mercado de trabalho na melhor condição dos últimos anos e renda crescente.

Por outro lado, os juros futuros sobem, o que mostra que o mercado vê aumento de risco para o Brasil. Simultaneamente, a bolsa de valores cai. O principal índice da bolsa recuou 3% em maio.

“O Brasil se descolou bastante dos Estados Unidos em maio, com as (bolsas) americanas em níveis históricos”.

Outros dados importantes da semana

Mas, globalmente, o principal indicador da semana é o payroll, relatório de emprego dos Estados Unidos.

O último veio abaixo do esperado. “Se vier mais um payroll fraco, isso pode consolidar a ideia de um corte de juros já no segundo semestre, em setembro”, diz Gala.

Além disso, o BCE está em vias de um corte de juros, o que pode também ajudar o Brasil e outros países emergentes a recuperarem os valores de seus ativos financeiros.

O Banco Central Europeu tem decisão de política monetária marcada para a próxima quinta-feira. Confira a agenda da semana aqui.

*Com informações do Valor Econômico

Para saber ainda mais sobre investimentos e educação financeira, não deixe de visitar o Hub de Educação da B3.