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Desemprego cai para 8,3% entre agosto e outubro, mas informalidade é recorde

A população ocupada também bateu recorde em outubro, mas foi puxada por uma piora na qualidade do emprego

Brasil abre 159 mil empregos formais em outubro, abaixo do esperado
A economia brasileira gerou 159.454 vagas formais – uma piora em relação ao mês anterior. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

A taxa de desemprego no país caiu para 8,3% no trimestre encerrado em outubro, menor valor desde 2015. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua, divulgada nesta quarta-feira, 30/11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando apenas os trimestres terminados em outubro, trata-se da menor taxa desde 2014. A melhora do emprego, no entanto, veios as custas de uma piora na qualidade dele, com a informalidade no maior patamar em uma década.

Gráfico com taxa de desemprego do Brasil trimestral

O resultado veio abaixo do verificado no trimestre móvel anterior, encerrado em julho (9,1%) e do igual período do ano passado (12,1%). Apesar da queda, o país chega ao final de outubro com 9 milhões de desempregados. É o menor nível desde o trimestre terminado em julho de 2015, recuando 8,7% (menos 860 mil pessoas) no trimestre e 30,1% (menos 3,9 milhões) no ano.

A população ocupada bateu um novo recorde e subiu para 99,7 milhões de pessoas – maior valor desde o início da série histórica, iniciada em 2012.

Para a coordenadora da pesquisa, Adriana Beringuy, o país segue o processo de aumento da ocupação – que também é ajudado pelo fim do ano, meses onde tradicionalmente há um aumento do emprego. 

“Este momento de crescimento de ocupação já vem em curso desde o segundo semestre de 2021. Com a aproximação dos últimos meses do ano, período em que historicamente há aumento de geração de emprego, a tendência se mantém”, explica Adriana.

Recorde de informais

O número de trabalhadores informais – que não tem carteira assinada no setor privado – bateu um novo recorde da série histórica do IBGE. Eles somaram 13,4 milhões de pessoas – avanço de 2,3% frente ao trimestre anterior e de 11,8% na comparação com igual trimestre de 2021 (mais 1,4 milhão de trabalhadores).

O contingente de brasileiros empregados no setor público, sem carteira assinada, também atingiu a máxima histórica. São 3,1 milhões, um crescimento de 9,3% (266 mil pessoas) no trimestre e 33,6% (785 mil pessoas) no ano.

O número de trabalhadores por conta própria se manteve estável em 25,4 milhões de pessoas.

Carteira Assinada

O emprego formal no setor público também bateu recorde. São 12,3 milhões de brasileiros – crescimento de 2,3% (279 mil pessoas) no trimestre e 10,4% (1,2 milhão de pessoas) no ano.

O emprego com carteira assinada no setor privado também avançou no trimestre encerrado em outubro. São 36,6 milhões de pessoas – um avanço de 2,3% (822 mil pessoas) frente ao trimestre anterior e 8,1% (mais 2,7 milhões de pessoas) na comparação anual.

“Esse índice segue em alta há mais de um ano, o que mostra não apenas que o mercado de trabalho está em expansão numérica de ocupados, mas também apresentando algum crescimento na formalização da população ocupada” afirma a coordenadora da pesquisa.

Mão de obra ‘desperdiçada’

A população subutilizada está em 22,7 milhões de trabalhadores no trimestre móvel encerrado em outubro, segundo a Pnad Contínua do IBGE. O resultado representa uma queda de 6,7% (menos 1,6 milhão de subutilizados) frente ao trimestre anterior e 24,2% (menos 7,2 milhões de pessoas) na comparação anual.

Os trabalhadores subutilizados são aqueles que estão desempregados, trabalham menos horas do que gostariam ou não buscam emprego, mas gostariam de trabalhar. Eles são conhecidos também como “mão de obra desperdiçada”.

Renda avança em outubro

A renda média dos trabalhadores brasileiros cresceu 2,9% no trimestre encerrado em outubro, na comparação com os três meses anteriores até julho, para R$ 2.754. A diferença é de R$ 77 reais a mais. Em relação ao mesmo período do ano passado, houve uma alta de 4,7% ou R$ 125.

A massa de rendimentos real habitual – que é a soma de todos os rendimentos das pessoas ocupadas – atingiu o maior valor da série histórica: R$ 269,5 bilhões.