Tensão com guerra comercial faz Ibovespa B3 cair 1,31%; dólar dispara e fecha em R$ 5,91
Veja como se comportaram o Ibovespa e o dólar nesta segunda-feira (7) e o que movimentou os ativos
As tensões comerciais entre China e Estados Unidos continuaram o impulsionar a aversão a risco no Ibovespa B3 nesta segunda-feira. O índice recuou 1,31%, aos 125.588 pontos, com queda significativa das ações da Petrobras e da Vale, em um cenário negativo para as commodities.
Ibovespa hoje
A nova ameaça do presidente americano, Donald Trump, de impor tarifas de 50% sobre produtos chineses, caso Pequim não retire as alíquotas retaliatórias, acentuou as preocupações em torno de uma recessão global e elevou a volatilidade nos mercados.
Ao longo o dia, o Ibovespa oscilou entre 123.876 pontos e 128.411 pontos. O giro financeiro do índice foi de R$ 23 bilhões e de R$ 30 bilhões na B3 (até as 17h15).
As ações ordinárias e preferenciais da Petrobras cederam 5,57% e 3,97%, respectivamente, com a queda do petróleo no mercado internacional.
O valor de mercado da estatal atingiu R$ 445,8 bilhões nesta segunda-feira, o que representa uma desvalorização de R$ 60,6 bilhões na empresa desde quarta-feira passada, quando o líder republicano anunciou as tarifas recíprocas. Já o papel ordinário da Vale cedeu 1,20%.
Dólar hoje
O dólar à vista encerrou mais uma vez em forte alta contra o real, quebrando a barreira psicológica de R$ 5,90, que não era superada desde a última sessão de fevereiro.
A dinâmica foi reflexo do mau humor dos agentes financeiros diante de uma escalada nas tensões comerciais, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçar a China com mais tarifas, caso Pequim não abra mão de medidas retaliatórias.
O fortalecimento do dólar no Brasil esteve em linha com o observado no exterior, em dia em que a divisa americana exibiu valorização mais firme contra moedas de mercados emergentes.
Encerradas as negociações, o dólar à vista exibiu valorização de 1,29%, cotado a R$ 5,9106, depois de ter batido na mínima de R$ 5,8163 e encostado na máxima de R$ 5,9313.
Já o euro comercial avançou 1,02%, cotado R$ 6,4509.
Perto do fechamento do mercado “spot”, o índice DXY exibia alta de 0,42%, aos 103,451 pontos.
+ Cautela e paciência: como agir em dias de alta volatilidade no mercado
Bolsas de Nova York
Os principais índices de ações de Nova York fecharam majoritariamente em queda nesta segunda-feira, após um dia volátil. Este foi o terceiro dia consecutivo de perdas, desde o anúncio de tarifas de Donald Trump aos parceiros comerciais dos Estados Unidos.
As bolsas abriram no negativo, mas com uma desvalorização menos expressiva do que nas últimas sessões, e chegaram a subir em meio a rumores de que o presidente americano estaria considerando adiar a implementação das tarifas em 90 dias – o que foi negado posteriormente pela Casa Branca.
Pouco depois, os índices aprofundaram as perdas, após Trump ameaçar a China com novas tarifas. No fechamento, o índice Dow Jones teve queda de 0,91%, aos 37.965,60 pontos, o S&P 500 recuou 0,23%, aos 5.062,25 pontos, e o Nasdaq subiu 0,10%, aos 15.603,262 pontos.
Mais cedo, o S&P 500 chegou a entrar em “bear market”, marcando uma desvalorização de 20% em relação ao seu pico, atingido em fevereiro.
Ao final do dia, praticamente todos os setores do índice ficaram no negativo, com exceção de comunicação (+1,03%) e tecnologia (+0,32%), que reverteram parte das perdas das últimas sessões.
“Acreditamos que os mercados devem permanecer voláteis nas próximas semanas, à medida que tentam antecipar as intenções de Trump”, dizem analistas do UBS WM, em nota.
O cenário-base do banco é de que, após uma fase inicial de alta nas tarifas, a taxa efetiva comece a cair por volta do terceiro trimestre, à medida que pressões legais, empresariais e políticas se intensifiquem e acordos com países e setores específicos comecem a ser firmados.
O UBS também espera que o Federal Reserve (Fed) reduza os juros em 75 a 100 pontos-base, o que deve apoiar a economia. Nesse cenário, os analistas veem que o S&P 500 possa se recuperar até o fim do ano.
Por outro lado, em meio à queda livre das bolsas de Nova York desde que Donald Trump anunciou as tarifas, grandes instituições financeiras diminuíram suas projeções para o S&P 500 neste ano, como o Barclays, o Goldman Sachs, a Yardeni Research e o próprio UBS WM.
“No nosso cenário-base, as receitas das empresas do S&P 500 continuam crescendo solidamente. O risco, evidentemente, é que isso não se concretize se a ‘Era das Tarifas’ de Trump levar à estagflação”, diz a Yardeni, em relatório, que elevou a sua probabilidade de um cenário estagflacionário de 35% para 45%.
A casa diminuiu sua projeção para o índice de 7.000 para 6.000 pontos ao fim deste ano.
Bolsas da Europa
Em meio à escalada da guerra tarifária e o temor de recessão causado pela política comercial retaliatória dos países, após o governo Trump divulgar tarifas recíprocas na semana passada, os principais índices acionários da Europa engataram o quarto dia consecutivo de queda, nesta segunda-feira (7), desta vez com as bolsas cedendo mais de 3%.
No fechamento, o índice pan-europeu Stoxx 600 recuou 4,58%, aos 473.62 pontos, o FTSE100, de Londres, caiu 4,32%, aos 7.706,83 pontos, o DAX, de Frankfurt, desvalorizou 3,90%, aos 19.837,06 pontos, e o CAC 40, de Paris, cedeu 4,82%, aos 6.924,08 pontos.
Os mercados globais chegaram a ter uma mudança de direção no meio do dia, após a Fox News noticiar que Kevin Hassett, assessor econômico de Donald Trump, disse que o governo poderia suspender a adoção das tarifas recíprocas por 90 dias. No entanto, a informação foi desmentida pela Casa Branca, e os mercados voltaram a cair.
Sefcovic disse que o bloco está preparando uma “lista robusta de contramedidas” sobre aço e alumínio em resposta à decisão dos EUA de impor uma taxa sobre as importações.
Ainda assim, o dirigente disse que a UE está pronta para discutir a proposta para zerar as taxas sobre todos os produtos industriais comercializados entre as partes, mas que, no momento, a UE foi “forçada” a reagir.
O cenário-base do UBS GWM é de que, após uma fase inicial em que as tarifas podem continuar a subir, as taxas efetivas devem começar a cair a partir do 3º trimestre, à medida que a pressão legal, empresarial e política aumenta.
Os economistas do banco também esperam que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) corte as taxas de juros em 75-100 pontos-base para apoiar a economia.
“Acreditamos que, no curto prazo, é mais provável que o fluxo de notícias continue a piorar, incluindo possíveis retaliações da UE, retaliações dos EUA contra a China e o fim das isenções para produtos farmacêuticos e semicondutores”, disseram.
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