Fed mantém taxa de juros de 5,25% a 5,50% nos EUA; Bolsas de NY fecham em queda
Tal posição está relacionada com a avaliação dos dirigentes do Fed de que é necessário assegurar que a inflação atinja a meta de 2,0%
O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Federal Reserve (Fed) manteve a taxa dos Fed Funds em 5,25% a 5,50% ao ano, em comunicado divulgado há pouco. A decisão foi unânime e está em linha com as expectativas do mercado.
O Fed ainda manteve a taxa de juros paga sobre saldo de reserva em 5,4%, decisão que entra em vigor a partir de amanhã, e a taxa de desconto ficou inalterada em 5,50% ao ano.
Como justificativa à decisão, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, afirmou que os membros do Fomc querem ver evidências convincentes de que foi atingido um nível apropriado de juros. “Após termos certeza sobre o nível de juros, a questão será por quanto tempo mantê-los.” Ele apontou que em algum momento será adequado iniciar o ciclo de redução da taxa dos Fed Funds.
Tal posição está relacionada com a avaliação dos dirigentes do Fed de que é necessário assegurar que a inflação atinja a meta de 2,0%. “Queremos ver se leituras boas da inflação nos últimos três meses prosseguirão.”
De acordo com Powell, a atividade econômica nos EUA tem se mostrado mais forte do que os dirigentes do Fed esperavam. “O payroll recente foi positivo. Queremos ver se este quadro (no mercado de trabalho) permanece.”
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Suficiente o bastante
Para o presidente do Federal Reserve, com a atual conjuntura da política monetária restritiva, com juros entre 5,25% e 5,5% ao ano, e que está sendo eficiente para baixar inflação, “não atribuiria muita importância” a uma alta da taxa dos Fed Funds em termos macroeconômicos.
“Agora que estamos mais perto do objetivo, podemos nos mover com cuidado.” Ele ressaltou que é certamente plausível que a taxa neutra de juros nos EUA esteja agora mais alta do que a de longo prazo.
Powell disse ainda que os dirigentes do banco central americano consideram que há um “reequilíbrio significativo” do mercado de trabalho nos EUA, sem uma elevação substancial do desemprego. Para ele, o pouso suave da economia do país não é uma avaliação recente, pois sempre acreditou que ele poderia ocorrer.
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Greve nas automobilísticas e preços do petróleo
O presidente do Federal Reserve afirmou também que a economia dos EUA apresenta um desempenho forte que inclusive leva os gastos dos consumidores serem robustos, um fato que está sendo analisado pelo dirigentes do banco central americano.
Preferiu não fazer comentários sobre os impactos à economia e eventuais pressões de alta dos índices de preços que a greve dos trabalhadores em grandes indústrias automobilísticas nos EUA pode provocar. Ele apontou que a paralisação “pode afetar a inflação”, mas depende como ela evoluirá e o Federal Reserve acompanha os seus desdobramentos.
Também apontou que a alta recente dos preços do petróleo é um fato significativo, mas procura observar tal fenômeno além da volatilidade registrada no curto prazo. E ressaltou que o pouso suave da economia dos EUA não é o objetivo principal da política monetária restritiva adotada para levar a inflação à meta de 2%, mas ressaltou que ele quer que tal movimento gradual de desaceleração do nível de atividade do país seja alcançado. “O pior que pode acontecer é não atingirmos a estabilidade de preços.”
Bolsas de NY fecham em queda
As bolsas de NY fecharam em queda hoje, com deterioração das ações de tecnologia na reta final do pregão, após o Federal Reserve (Fed) decidir manter juros, mas sinalizar chance de mais aperto monetário este ano.
O índice Nasdaq caiu 1,53%, para 13469,13 pontos, enquanto o Dow Jones recuou 0,22%, aos 34440,88 pontos, e o S&P 500 baixou 0,94%, para 4402,20 pontos.
Como esperado, o Fed manteve a taxa básica no intervalo entre 5,25% e 5,50%, mas o gráfico de pontos indicou que 12 dos 19 dirigentes esperam uma alta de 25 pontos-base até o fim de 2023.
O Citi definiu o tom do Fed como “inequivocamente hawkish”, uma vez que houve crescimento na mediana para a taxa básica à frente. “Os cortes [dos juros] só parecerão prováveis quando houver sinais mais claros de abrandamento dos mercados de trabalho, juntamente com uma inflação mais baixa e sustentada”, afirma.
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*Agência Estado
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