Mercado

Ibovespa fecha em forte queda e dólar dispara, fechando a R$ 5,08, com pressão externa e busca por segurança

Painel da B3 mostra cotações das ações e gráfico da tendência do dia.
O principal índice da B3, a Bolsa de Valores do Brasil, encerrou a sessão em baixa de 2,12%

A sessão desta quarta-feira (19) foi marcada pelo pessimismo nos mercados globais, com os investidores voltando a projetar nos aumentos nos juros e o início dos cortes somente no ano que vem nos Estados Unidos. Diante disso, o dólar tem forte valorização ante o real e outras moedas de países emergentes.

Diante desse cenário negativo para os ativos de risco, o Ibovespa  fechou em queda de 2,12%, para 103.921 pontos (pós-ajuste). Na mínima do dia, o índice chegou a perder 2,30%. Acompanhando o movimento, o dólar quebrou a barreira de R$ 5 ao avançar 2,21% ante o real, a R$ 5,0860.

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A moeda americana mostrou forte resiliência diante das principais divisas internacionais, com o índice DXY avançando 0,20%, enquanto isso, o real teve um dos piores desempenhos, listando entre as três com maior fraqueza frente ao dólar.

Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entregaram ao Congresso o projeto de lei complementar do novo marco fiscal do país.

Como apontou a MCM Consultores, com este arcabouço, nos próximos quatro anos, a despesa continuará crescendo a partir daquela base elevada, mas não de forma explosiva.

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“Atingir as metas indicadas de resultado primário necessitará significativo aumento de carga tributária, pois não parece haver grandes incentivos para revisão de despesas nesse intervalo”, disseram, em nota.

“No cenário mais positivo do governo, a dívida se estabilizará em 2026. Em nossas primeiras simulações, sem choques negativos e extrapolando os parâmetros de 2024-2027, a dívida se estabilizaria em 2033” fechou.

De acordo com a economista-chefe da Tenax Capital, Débora Nogueira, as vantagens e limitações do arcabouço foram discutidas nas últimas semanas. Agora o principal desafio diz respeito à capacidade do governo de arrecadar o valor extra para o compromisso de primário zero em 2024.

E por fim, na opinião de Marcos Moreira, sócio da Nexgen Gapital, o projeto tem um conjunto de regras  de razoáveis de restrições fiscais, e mesmo sendo um pouco mais branda que o atual Teto, deverão impedir que as despesas cresçam mais do que as receitas.

“Acreditamos que esse texto deve passar no Congresso, sem muitas restrições, até porque o Congresso da importância de se ter um Arcabouço aprovado para o andamento das ações de políticas fiscais”, completou Moreira.

Fed e cenário exterior

No exterior, depois de comentários mais “hawkish ” (favorável ao aperto monetário) do dirigente do Federal Reserve  de St. Louis, James Bullard, ontem e também diante de resultados mais fortes do Bank of America (BofA), os investidores vão ajustando suas expectativas acerca dos próximos passos do BC americano sobre sua trajetória de aperto monetário.

O viés de um corte forte pelo Fed já neste ano está mudando.

Enquanto na semana passada os futuros dos Fed funds indicavam a chance de 36,3% para as taxas ficarem em 4,25%-4,5% no fim do ano, agora essa previsão é de 18,5%. Já a leitura de taxas no fim do ano a 4,75%-5% saiu de 7,6% para 29,6% de probabilidade.

Taxas de juros futuros

Os juros futuros operam em alta firme no pregão desta quarta-feira, diante da recepção menos positiva dos agentes financeiros ao texto do projeto de arcabouço fiscal, enviado pelo governo ao Congresso ontem. Ao mesmo tempo, os rendimentos dos títulos públicos avançam no exterior, à medida que dados de inflação no Reino Unido e declarações duras de dirigentes do Federal Reserve voltam a acender temores de um cenário de aperto monetário global mais prolongado.

Agenda de hoje

No âmbito de divulgações de índices econômicos e relatórios, hoje os agentes financeiros devem ficar atentos à divulgação do Livro Bege, do Federal Reserve (Fed), às 15h, que serve como um termômetro da atividade nos Estados Unidos e aponta o peso da inflação e a força do mercado de trabalho.

O Banco do Povo da China (PBoC) define, às 22h15 (de Brasília) sua taxa prime de empréstimos (LPR, iniciais em inglês).

A LPR é a taxa de empréstimo fornecida pelos bancos comerciais aos seus clientes da mais alta qualidade e serve como referência para as taxas fornecidas para outros empréstimos.

A taxa de um ano está em 3,65% ao ano e a de 5 anos, em 4,3% e a expectativa é da manutenção das duas.

Commodities

O petróleo Brent – referência de preços para a Petrobras – fechou em queda de 1,55% na ICE, em Londres, a US$ 83,42 o barril com contrato para entrega em junho.

Empresas

Vale

Na noite de ontem, a Vale reportou um aumento na produção de minério, mas uma queda nas vendas, o que causou mal estar no mercado.

Na B3 , a VALE3 opera em queda de 3,30% a R$ 75,95.

Tendo em vista que a Vale é uma das companhias de maior peso no Ibovespa, caso o mercado siga de mau humor em relação às ações da companhia, isso pressiona o principal índice da bolsa para baixo.

“A Vale reportou vendas um pouco decepcionantes no primeiro trimestre de 2023, ainda que com números poluídos por efeitos transitórios, com embarques de minério de ferro 4% abaixo da estimativa e de metais básicos 16% abaixo, mas a empresa está no caminho para atender as metas de produção”, disse o BTG Pactual, em relatório.

Dasa

Dasa cai 10%, a R$ 7,22, após confirmar precificação da oferta de ações a R$ 8,50