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Inglaterra sobe juros e coloca recessão mundial no radar dos investidores

O banco da Inglaterra elevou hoje a taxa básica de juros para 3% - maior nível desde novembro de 2008

Bandeira da Inglaterra em frente ao Banco Central
Frente à queda da Libra, é esperado que o Banco Central da Inglaterra faça um comunicado ainda hoje. Foto: Adobe Stock

O aperto monetário nas principais economias mundiais continuou nesta quinta-feira (03/11). Depois do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, hoje foi a vez do Banco da Inglaterra (BoE) elevar os juros em 0,75 pontos percentuais. O BoE subiu a taxa de 2,25% para 3% – nível mais alto desde novembro 2008. É também o maior aumento em 33 anos.

Assim como várias economias pelo mundo, a Inglaterra também luta contra a inflação. A alta é impulsionada pelo avanço nos preços da energia – reflexo direto da guerra na Ucrânia.

Apesar de descrever as perspectivas econômicas como desafiadoras, o Comitê de Política Monetária do Banco da Inglaterra, em comunicado, sinalizou que não espera subir tanto os juros quanto o previsto pelo mercado. Vale lembrar que a queda na renda e o aumento dos preços tem afetado muito os consumidores ingleses. Para 2023, os analistas preveem uma alta de 5,25%.

“As últimas projeções do comitê descrevem uma perspectiva muito desafiadora para a economia do Reino Unido. Espera-se que esteja em recessão por um período prolongado”, afirmou o BoE em comunicado. De acordo com o banco, a expectativa é enfrentar uma recessão durante oito trimestres – a partir do terceiro de 2022 – quando o Produto Interno Bruto (PIB) deve registrar contração de 0,5%.

+ Quais são os sinais de uma recessão mundial?

Cenário mundial desafiador

O economista da Valor Investimentos, Piter Carvalho, explica que os países desenvolvidos saem daquele cenário de juros negativos e entram em um momento de inflação alta – ditada também por uma nova ordem de produção mundial.

“Toda essa inflação ainda é, principalmente, resultado da injeção financeira na época do aumento de casos de Covid. A gente também tem um cenário de ‘desglobalização’, ou seja, os países que não querem ficar dependentes de outras economias. Então trazem de volta muitas matrizes de produção. Com isso, deve aumentar o preço de alguns produtos”.

Piter Carvalho dá o exemplo dos Estados Unidos. “Antes você colocava uma empresa que produzia na China mais barato que produzia nos Estados Unidos. Agora, os Estados Unidos vão trazer essa empresa de volta se for importante estrategicamente. Por exemplo, uma empresa que fabrica máscaras ou respiradores. Vai trazer de volta a economia americana, mesmo que custe mais caro.”

+ Inflação controlada: como os Bancos Centrais definem a taxa de juros?

Impactos para o investidor brasileiro

Para o investidor brasileiro, mais uma vez, o impacto vem do câmbio, como explica o economista da Valor Investimentos.

“Toda vez que o banco central americano sobe os juros, o mundo todo é afetado. Principalmente porque atrai muitos investidores para o porto seguro que são os Estados Unidos. Assim, a tendência é o dólar subir. Resumindo: acaba saindo o capital estrangeiro do Brasil. Esse ano entrou muito capital estrangeiro, R$ 80 bilhões, mas ainda é muito pouco perto do capital que roda no mundo todo”, explica.

Inflação no Reino Unido

Em setembro, a inflação no Reino Unido atingiu 10,1% em ritmo anual. É a taxa mais elevada em 40 anos. Sobre o aumento dos preços, o BoE informou, que a inflação deve permanecer alta até o próximo ano e só cairia abaixo de sua meta de 2% em 2024, chegando a zero em 2025.

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