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Mercados financeiros hoje: cautela predomina antes de dados de emprego nos EUA

Nos últimos dias, uma sequência de dados mais fracos de atividade nos EUA afastaram os temores de mais aperto monetário

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Em Nova York, os índices futuros de ações exibem sinais difusos, os juros dos Treasuries sobem levemente e o dólar oscila ao redor da estabilidade em meio à espera do payroll. Foto: Pexels

O relatório oficial de emprego dos Estados Unidos de maio, o payroll, indicador-chave para a calibragem das apostas para a política monetária americana, é o destaque do dia nos mercados. Também será monitorado um discurso da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, após a decisão de cortar juros em 25 pontos-base. Atenções domésticas se voltam ainda a palestras do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto e dos diretores Gabriel Galípolo (Política Monetária) e Paulo Picchetti (Assuntos Internacionais e de Gestão de Riscos Corporativos).

Exterior

As bolsas chinesas subiram nesta sexta-feira, após dados divergentes da balança comercial. As exportações chinesas avançaram em maio acima das expectativas, com um salto anual de 7,6%, mas as importações ficaram aquém do previsto, com aumento de 1,8%. O ING diz que é provável que o ambiente comercial da China siga enfrentando ventos contrários devido a novas tarifas que devem ser criadas sobre produtos do país.

Em Nova York, os índices futuros de ações exibem sinais difusos, os juros dos Treasuries sobem levemente e o dólar oscila ao redor da estabilidade em meio à espera do payroll. Nos últimos dias, uma sequência de dados mais fracos de atividade no país afastaram os temores de mais aperto monetário e sugerem que há espaço para o Fed começar a reduzir os juros em algum momento neste ano. Por ora, as chances são maiores de uma redução acumulada de 50 pontos-base da taxa básica neste ano. A expectativa no mercado é de que payroll mostre geração de 185 mil postos de trabalho no mês passado, segundo o Projeções Broadcast, de 175 mil vagas em abril.

Na Europa, o euro e a libra têm ganhos marginais frente ao dólar e os mercados acionários recuam, em uma realização de lucros, depois de acumularem ganhos nos dois pregões anteriores. Ontem, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou seu primeiro cortes de juros desde 2019. Em discurso mais cedo, Isabel Schnabel ecoou a presidente do BCE, Christine Lagarde, ao dizer que a instituição não pode se comprometer antecipadamente com uma trajetória específica para os juros, visto que a perspectiva da inflação na zona do euro “continua incerta”.

O presidente do BC alemão, Joaquim Nagel, por sua vez, disse que o BCE não toma decisões de política monetária no “piloto automático”. Mais cedo, dados econômicos europeus também foram monitorados. A produção industrial da Alemanha decepcionou, ao cair 0,1% em abril ante março, contrariando projeções de alta de 0,3%. Já a leitura final do PIB da zona do euro cresceu 0,3% no 1º trimestre, confirmando duas estimativas preliminares anteriores e em linha com as previsões. Na Rússia, o banco central manteve a taxa básica de juros em 16% ao ano.

Brasil

O ambiente mais negativo no exterior e as importações chinesas abaixo do esperado podem inibir o Ibovespa, embora alta do petróleo e de 0,72% do minério de ferro possam amenizar os ajustes. Notícias corporativas devem repercutir também em Vale e Petrobras. Sinais de que a demanda da China por minério atingiu o pico e que a procura pode diminuir dada a crise imobiliária no país podem ainda afetar os papéis da mineradora. E no caso da Petrobras, fica no foco a decisão da diretoria executiva da estatal, que aprovou o retorno das atividades operacionais da fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados (ANSA), subsidiária integral da companhia.

Cresce ainda a movimentação de entidades e associações contrários à Medida Provisória 1.227/2024 apresentada pelo governo federal, que limita o uso de créditos do PIS/Cofins. Os mercados de juros e câmbio podem reagir ainda à leve alta dos rendimentos dos Treasuries e à acomodação relativa do dólar nesta manhã. Também será olhado o IGP-DI, cuja projeção mediana do mercado indica desaceleração, a 0,69% em maio, após alta de 0,72% em abril, devido ao arrefecimento dos preços agropecuários no atacado.

*Agência Estado