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Por que esses três gestores acham que o BC vai elevar a Selic

Gestores elogiaram Galípolo em evento que aconteceu em São Paulo nesta segunda-feira

No palco do Warren Day na tarde de hoje, em São Paulo, que, momentos antes, recebeu o diretor de política monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, três gestores brasileiros discutiram o que esperam para a política monetária no País. Luiz Parreiras, gestor da Verde Asset, Bruno Serra Fernandes, gestor do Itaú, e André Raduan, gestor da Genoa Capital, são unânimes em acreditar que a autoridade monetária vai elevar a taxa Selic na próxima reunião, que acontece em setembro.

“Quando você olha o que aconteceu com a atividade brasileira, encontramos uma atividade extremamente forte. Um nível de emprego que, em várias métricas, mostra um desemprego muito baixo”, afirmou Raduan. Outro ponto de atenção, diz ele, é o aumento das expectativas de inflação para acima da meta. “É uma discussão meio que tranquila de ter que subir juros. Acho que é a decisão correta e acho que ancora as expectativas”, disse.

Segundo ele, um aumento da Selic agora abre inclusive a possibilidade de o Banco Central voltar a fazer cortes no segundo semestre do ano que vem.

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Para Luiz Parreiras, gestor da Verde Asset, soma-se a esse cenário difícil da economia doméstica a desvalorização do real nas últimas semanas. Segundo ele, isso contribuiu para um aumento ainda mais forte das expectativas sobre a inflação, e coloca mais pressão sobre o BC. “O câmbio desestabilizou uma figura que já era complexa”, disse. “É muito difícil, na minha cabeça, não ter uma alta”.

Os três gestores elogiaram Galípolo, que falou que a autoridade monetária não descarta a possibilidade de uma elevação da Selic. Bruno Serra Fernandes, gestor do Itaú, destacou a importância da credibilidade para o trabalho do BC. “Os BCs normais sobem os juros quando precisam e caem os juros quando podem. Quando ficar claro que o BC [brasileiro] vai subir juro quando precisar, tudo caminha mais facilmente”, disse.

Raduan concordou. Na opinão dele, uma alta de juros é necessária e mostraria “o BC como formulador de política monetária, não como mais um agente político”.

Crescimento do PIB brasileiro

Os gestores também discutiram o crescimento da economia brasileira, e, especialmente, o PIB potencial do Brasil – um nível de crescimento que seria neutro para a inflação. Essa questão não é de hoje: há alguns anos os economistas e o mercado discutem que o PIB potencial brasileiro pode ter aumentado, fruto especialmente das reformas microeconômicas dos últimos anos. A dificuldade, entretanto, é no cálculo desse indicador.

“Acho que o PIB potencial aumentou um pouco sim”, afirmou Bruno Serra Fernandes, do Itaú. Mas além disso, ele acredita que o país cresce acima do potencial nos últimos dois ou três anos. “Na margem, é o impulso fiscal”, afirmou. Ou seja, o aumento dos gastos do governo que tem estimulado a economia. Para mim, é isso que explica o juro real brasileiro ter sido maior que o do mundo. A gente cresceu gasto, e isso tem nos obrigado a carregar um juro mais alto e a gente não consegue se livrar dele”, disse.

Fernandes ainda destacou que “a questão é que daqui para a frente, a gente tem um arcabouço” e ressaltou que, “para o ano que vem, a expectativa é de um aumento real de 2,5% nos gastos públicos, uma desaceleração relevante na comparação com os anos anteriores”.

Parreiras, da Verde, comentou que o País passa por um ciclo de crédito favorável, após um período de retração de 2021 até a metade de 2023. “Vejo três ciclos diferentes que impulsionam o crescimento. Um estrutural, e concordo que o PIB potencial aumentou um pouco, por uma série de reformas que se acumularam nos últimos 7 anos, outro fiscal e o de crédito”.

Nos EUA, cortes de juros à vista

Já para os Estados Unidos, a situação é diferente, na opinião dos gestores. “A inflação desacelerou bastante, acho que é uma decisão tranquila fazer o corte de juros”, afirmou Raduan, que espera uma queda para “níveis perto de 3,5%”.

Serra também espera uma queda, mas afasta a possibilidade de cortes acima de 0,25 ponto porcentual por reunião. “O Fed só cortou em 50 bps ou mais na pandemia e em 2008. Fora isso, a gente tem que voltar para 2001, quando o Fed cortou mais de 50 bps depois que o Nasdaq caiu mais de 50% do pico”.

Os gestores não acreditam que os Estados Unidos estejam entrando em uma recessão. Parreiras, entretanto, pontuou que o desemprego, historicamente, não sobe devagar. “O desemprego é não-linear, por isso é tão difícil [fazer previsões]”, afirmou. “Esse é o maior risco, mas quando você olha embaixo da superfície, é difícil ver condicionantes setoriais microeconômicas que indiquem uma recessão”.

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