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Passagens aéreas mais baratas derrubam inflação das férias de inverno em 10,63%

Preços dos produtos mais consumidos na época mais fria também tiveram deflação em 12 meses. Exceção fica por conta da erva mate, gás encanado, roupas de inverno e remédios

Avião da Azul decola do aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e passa por cima de avenida
Programa de passagens aéreas acessíveis deve ser finalizado em junho. Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

O período de férias de inverno, principalmente com a criançada toda sem aulas, é um convite para a alta dos gastos. A boa notícia é que os preços dos produtos e serviços dessa cesta de consumo estão mais baratos neste ano.

Um levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV IBRE) mostrou que os seis itens que compõem a cesta das férias de inverno tiveram uma deflação de 10,63% nos últimos doze meses.

O resultado veio bem abaixo da inflação geral medida pelo IPC-DI, que ficou em 2,23%, e do mesmo período do ano passado, quando os preços estavam 57,1% mais caros.

A queda de 21,13% nas passagens de avião em doze meses teve o principal impacto sobre essa cesta de consumo. De 2021 para 2022, os preços mais do que dobraram e acumularam, na época, avanço de 143,72%. Ainda ficaram abaixo da inflação geral as excursões turísticas (1,19%) e os shows musicais (1,57%).

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O pesquisador do FGV IBRE, Matheus Peçanha, explica que nesse período de férias escolares os grupos de serviços de entretenimento e turismo foram os principais pontos de descompressão na inflação de inverno.

“Os custos diretos do querosene de aviação – sobretudo, que depende de petróleo e dólar – estão em franca queda desde o final do ano passado. Mesmo o fator sazonal, que tende a pressionar os preços nessa época do ano, não tem sido o suficiente para contrabalancear o choque benéfico de custos”.

Pelo lado das altas mais fortes ficaram ingressos de teatro (4,07%), cinema (6,08%) e hotéis (6,24%). No entanto estão mais em conta em relação a 2022.

“Esses segmentos refletem a situação da inflação de serviços do pós-pandemia, com pressão de demanda trazida pela retomada, que ainda persiste, embora em ritmo menos acelerado”, afirmou o pesquisador do FGV IBRE.

Deflação do inverno

Os preços dos principais itens relacionados ao inverno também tiveram uma deflação. Nos últimos doze meses, a queda foi de 4,40%, segundo o FGV IBRE. No mesmo período do ano passado, a mesma cesta acumulava forte avanço de 37,44%, enquanto a inflação média na época era de 10,30%.

O principal impacto negativo veio das bebidas quentes, que ficaram 1,09% mais em conta. A tradicional combinação café (-4,07%) com leite (-0,53%) puxou a desaceleração dos preços de inverno.

“Os custos de diversas matérias-primas têm caído consistentemente desde o final do ano passado. Esse processo de repasse para o consumidor final até demorou para engrenar, mas acabou acontecendo especialmente a partir do segundo trimestre, e a tendência é que esse processo se aprofunde ao longo do ano”, explicou Peçanha.

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Pelo lado das altas, tomar banho com chuveiro movido a gás encanado ficou 7,30% mais caro. Assim como a cesta de itens têxteis – que teve aumento médio de 7,30% – e os medicamentos que subiram 6,71%. Em ambos os casos houve, no entanto, houve desaceleração na comparação com o mesmo período do ano passado.

Os principais itens de vestuário que ficaram mais caros foram roupas infantis (10,91%), calça feminina (9,13%), infantil (9,02%) e masculina (7,76%). Os agasalhos femininos subiram pouco, 1,87%. Já o item masculino teve queda de 2,93%.

Pelo lado dos medicamentos, os preços dos antialérgico avançaram 7,81% e foram seguidos por antigripais (7,34%) e vitaminas (5,35%).

Veja a tabela com os resultados da inflação das férias e itens de inverno:

jul/21 a jun/22jul/22 a jun/23
IPC-DI10,30%2,23%
Inflação de Inverno37,44%-4,40%
Inflação das férias de inverno57,10%-10,63%
Hotel8,45%6,24%
Cinema6,27%6,08%
Teatro2,42%4,07%
Show musical0,25%1,57%
Excursão turística6,07%1,19%
Passagem aérea143,72%-21,13%
Bebidas quentes30,45%-1,09%
Erva mate4,59%5,90%
Vinho6,40%4,11%
Leite26,27%-0,53%
Café51,88%-4,07%
Combustível doméstico22,52%7,87%
Gás encanado22,52%7,87%
Têxteis10,80%7,30%
Agasalho infantil4,70%10,91%
Calça feminina11,11%9,13%
Calça infantil12,77%9,02%
Calça masculina12,56%7,76%
Roupa e cama10,30%5,14%
Agasalho feminino2,62%1,87%
Agasalho masculino2,73%-2,93%
Medicamentos7,71%6,71%
Antialérgico e broncodilatador8,48%7,81%
Antigripal e antitussígeno7,75%7,34%
Vitamina e fortificante 7,10%5,35%
Fonte: FGV Ibre