PIB do Brasil cresce 1,2% no segundo trimestre
Saiba como é calculado o PIB e como ler os dados pensando na sua carteira de investimentos
Como está o PIB do Brasil?
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta quinta-feira (1º) o resultado para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no segundo trimestre. Os dados mostram uma expansão de 1,2% em relação ao trimestre anterior. Entre os setores que mais contribuíram para o crescimento da economia está o de serviços, que inclui transportes, informação e comunicação, por exemplo.
O desempenho da economia brasileira, como também é conhecido o PIB, é sempre importante no noticiário. Mas você sabe o que é o PIB e como ele é calculado? E, além disso, o que ele tem a ver com o seu bolso?
Confira aqui no Bora Investir mais detalhes sobre o indicador:
Como é calculado o PIB?
Quando se fala que o PIB é a soma de todos os bens e serviços de um país, pode-se levar à falsa impressão de que o dado representa o total de riquezas existentes em determinado lugar.
Na verdade, o PIB representa o total produzido. Por exemplo, se o Brasil tem soja em estoque que equivale a R$ 500, mas não produziu o grão durante um ano ou trimestre, tal valor não será considerado no cálculo do PIB.
Outro ponto de atenção diz respeito à qualidade final dos bens e serviços. Digamos que um país produz aço e o utiliza em sua indústria automobilística. No cálculo do PIB, é considerado apenas o valor dos automóveis que chegam ao consumidor, pois é esse o preço do produto final. O valor do bem intermediário, o aço, não entra no cálculo.
Os exemplos acima, da soja e dos automóveis, expõem a maneira como as riquezas são consideradas no cálculo do PIB. Também entram na conta a demanda e a renda.
A demanda equivale a despesas internas; entram nesse cálculo o consumo das famílias e do governo. Por exemplo, o montante gasto pelo estado no pagamento de professores da rede pública é um valor considerado no cálculo do PIB. A demanda também inclui os investimentos feitos por empresas públicas ou privadas e a balança comercial (exportações e importações).
Já a renda é a soma das remunerações vindas de salários, juros, aluguéis e lucros.
Os dados para o cálculo do PIB vêm de fontes oficiais, como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Banco Central (BC) e a Secretaria da Receita Federal. Entre os dados considerados, estão:
- Balanço de Pagamentos (Banco Central)
- Índices de Preços ao Produtor Amplo – IPA (FGV)
- Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA (IBGE)
- Pesquisa de Orçamentos Familiares – POF (IBGE)
Quais são os tipos de PIB?
O PIB varia não só entre diferentes regiões ou períodos; há mais de uma maneira de calcular o mesmo indicador.
O PIB nominal é aquele que considera a inflação de um período, ou seja, leva em conta apenas o preço pago pelo consumidor. Já o PIB real considera o preço de um bem descontada a inflação. O PIB real é mais usado quando o objetivo é ter clareza sobre o volume da produção de um país ou setor; logo, as variações de preço provocadas por inflação ou deflação tornam-se secundárias, pois no geral elas acontecem por motivos que vão além dos mecanismos de produção.
O PIB per capita pode ser usado como indicador do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), pois a economia em crescimento de um país influencia na melhora dos padrões de vida de seus habitantes. O contrário também é correto: uma economia em retração pode implicar perda de qualidade de vida. Entretanto, o cálculo do PIB per capita não leva em conta a distribuição desigual de renda, apenas o total do PIB dividido pela população; desse modo, um país com o PIB per capita elevado ainda assim pode apresentar níveis médios ou baixos de IDH.
PIB: como usar esse dado nos seus investimentos?
Por ser um dado público, o PIB está ao alcance de toda a população. O Boletim Focus é um relatório publicado semanalmente pelo Banco Central (BC) e divulga previsões não só para o PIB, mas também para a taxa de inflação, juros e câmbio.
O conjunto de tais dados pode ser de grande auxílio na tomada de decisões do investidor. Num cenário hipotético de retração do PIB, indício de uma desaceleração na economia, pode ser uma boa estratégia adotar um perfil mais conservador e optar por investimentos de menor risco.
Uma vez que o PIB é um dado divulgado com frequência, fica fácil observar a evolução histórica do indicador, permitindo análises amplas sobre a economia do país.
É possível observar o desempenho do PIB também de setores específicos, como o agronegócio. Segundo cálculo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, o PIB do agronegócio cresceu 8,36% em 2021. Com isso, o setor alcançou participação de 27,4% no PIB brasileiro, a maior desde 2004, quando registrou 27,53%.