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PIB dos EUA cresce acima do esperado no 2º tri; juros na Europa voltam a subir

Gastos do consumidor e investimento empresarial seguem resilientes e aumentam esperanças que economia americana fuja da recessão. BCE acena para novas altas de juros

Dólar. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Dólar mais fraco no exterior pode ajudar real. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

A economia americana ganhou força de forma inesperada no 2º trimestre deste ano. Mesmo com o aperto monetário, a potência dos gastos do consumidor e os robustos investimentos empresariais surpreenderam as previsões dos analistas.

O Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos cresceu a uma taxa anualizada de 2,4% entre abril e junho, ante 2% nos três meses anteriores, segundo publicou nesta quinta-feira, 27/07, o Departamento de Comércio americano.

A expansão veio acima da expectativa dos analistas, de alta na casa dos 2%. Essa disparidade alimentou as esperanças de que a economia dos Estados Unidos consiga passar pela alta dos juros sem entrar numa recessão.

Corrobora para essa estimativa o mercado de trabalho forte e os gastos das famílias americanas, que se intensificaram diante dos primeiros passos de desinflação no país.

Esse cenário mais benigno no 2º trimestre veio após o Federal Reserve, o Banco Central americano, elevar a taxa básica de juros ao nível mais alto em 22 anos.

Para o economista-chefe do banco Master, Paulo Gala, o aperto monetário nos EUA já acabou, ainda mais diante da mudança de tom e novas perspectivas quanto a uma possível recessão no país.

“Anteriormente, o Fed falava que uma recessão seria necessária para controlar a inflação, mas agora diz que não vê mais a recessão como uma possibilidade. Essa mudança de postura é vista como positiva e impulsiona as bolsas pelo mundo, além de fortalecer as moedas emergentes, como o real”

Gastos e investimentos

Os gastos com serviços aumentaram a uma taxa anualizada de 2,1%, puxados principalmente pelo avanço em habitação, serviços públicos, saúde e serviços financeiros.

Já a compra de bens subiu 0,7%. O movimento ocorre após o segmento registrar a maior alta em quase dois anos no 1º trimestre.

O investimento das empresas seguiu em aceleração, diante de novos incentivos fiscais e financiamentos do governo em companhias que produzem semicondutores e veículos elétricos.

Os gastos com equipamentos cresceram 10,8%, a maior alta em mais de um ano.

Mercado de trabalho

O mercado de trabalho forte tem sido um dos principais motores da economia americana. Novos dados de auxílio-desemprego divulgados hoje mostram que os pedidos recuaram para o nível mais baixo desde o final de fevereiro. Foram 221 mil na semana encerrada em 22 de julho, queda de 7 mil na comparação com a anterior.

Juros voltam a subir na Europa

Ainda no noticiário desta quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) elevou os juros básicos em 0,25 ponto percentual.

Foi a nona alta consecutiva, o que levou a taxa referencial para 3,75%, maior patamar em 22 anos. Os juros de empréstimos subiram para 4,50% e o de refinanciamento para 4,25%.

O BCE destacou que a inflação começa a apresentar uma desaceleração, mesmo que as projeções indiquem preços ainda resilientes.

Os membros do Banco Central Europeu voltaram a indicar que novos apertos monetários podem acontecer. “As futuras decisões irão assegurar que os juros cheguem em um território suficientemente restritivo o tempo necessário para que a inflação volte para a meta de 2%”, afirmou, em comunicado.

“A Europa parece estar próxima do final de seu ciclo de alta de juros, enquanto os países emergentes, incluindo o Brasil, estão com cortes de juros no radar. O cenário atual é bastante propício para ativos de risco”, conclui Gala.

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