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Presidente do Banco Central defende autonomia em meio às críticas do governo Lula

Roberto Campos Neto afirmou que instrumento torna política monetária mais eficaz

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta terça-feira, 07/02, a autonomia da autoridade monetária do país durante palestra num evento em Miami, nos Estados Unidos. A fala acontece no momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), faz críticas a independência do BC que foi aprovada pelo Congresso em 2021.

“A principal razão da autonomia do BC é desconectar a política monetária do ciclo político. Porque eles têm clientes e interesses distintos. Quanto mais independente você é, mais eficaz você é, menos o país pagará em termos de custo de ineficiência da política monetária”, afirmou.

Essa foi a única menção feita por Campos Neto sobre o assunto, cujo tema principal era a agenda de inovações promovidas pelo Banco Central brasileiro como o PIX e o Open Finance.            

A autonomia do Banco Central em relação ao poder executivo é um princípio respeitado por uma série de países democráticos e grandes economias do mundo, como Estados Unidos, Inglaterra e o Brasil. Com a independência, o presidente do autarquia passa a ter mandato de forma descasada com o presidente da República e não pode ser demitido. Campos Neto termina seu mandato em 2024.

Críticas de Lula ao BC

Na segunda-feira, 06/02, durante posse de Aloizio Mercadante no BNDES, Lula subiu o tom das críticas. Disse que é uma “vergonha esse aumento de juros e a explicação que o Copom dá para a sociedade”.

Na semana passada, o presidente afirmou que a autonomia do BC é uma “bobagem”. Ele também disse que Henrique Meirelles teve autonomia no seu governo anterior mesmo antes da lei. E completou que a meta de inflação do país, de 3,75%, obriga a “arrochar” a economia brasileira em momento que precisa voltar a crescer.

Lula também já se referiu a Campos Neto como “esse cidadão” e disse que poderia rever a autonomia do BC.

“Eu acho que pode, mas… quero dizer que isso é irrelevante para mim. Isso é irrelevante, não está na minha pauta. O que está na pauta é a questão da taxa de juros”, afirmou Lula.

Em referência ao comunicado do Copom – que manteve na semana passada a Selic em 13,75% ao ano – o presidente Lula afirmou que o Brasil tem “cultura” de juros altos.

Inovações e tecnologia

No evento ‘2023 Milken South Florida Dialogues’ em Miami, Campos Neto falou principalmente da agenda de inovações do Banco Central brasileiro. Ele defendeu a criação de um real digital para que a moeda digital possa se integrar ao Pix e ao Open Finance. Segundo o presidente do BC, a ideia é iniciar um projeto piloto em 2023 e, se tudo correr como planejado, a CBDC (moeda digital de banco central) brasileira pode estar funcionando no final de 2024 ou no início de 2025.

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