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Presidente do Banco Central defende autonomia em meio às críticas do governo Lula

Roberto Campos Neto afirmou que instrumento torna política monetária mais eficaz

Roberto Campos Neto, presidente do BC. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
No evento ‘2023 Milken South Florida Dialogues’ em Miami, Campos Neto falou principalmente da agenda de inovações do Banco Central brasileiro. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu nesta terça-feira, 07/02, a autonomia da autoridade monetária do país durante palestra num evento em Miami, nos Estados Unidos. A fala acontece no momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), faz críticas a independência do BC que foi aprovada pelo Congresso em 2021.

“A principal razão da autonomia do BC é desconectar a política monetária do ciclo político. Porque eles têm clientes e interesses distintos. Quanto mais independente você é, mais eficaz você é, menos o país pagará em termos de custo de ineficiência da política monetária”, afirmou.

Essa foi a única menção feita por Campos Neto sobre o assunto, cujo tema principal era a agenda de inovações promovidas pelo Banco Central brasileiro como o PIX e o Open Finance.            

A autonomia do Banco Central em relação ao poder executivo é um princípio respeitado por uma série de países democráticos e grandes economias do mundo, como Estados Unidos, Inglaterra e o Brasil. Com a independência, o presidente do autarquia passa a ter mandato de forma descasada com o presidente da República e não pode ser demitido. Campos Neto termina seu mandato em 2024.

Críticas de Lula ao BC

Na segunda-feira, 06/02, durante posse de Aloizio Mercadante no BNDES, Lula subiu o tom das críticas. Disse que é uma “vergonha esse aumento de juros e a explicação que o Copom dá para a sociedade”.

Na semana passada, o presidente afirmou que a autonomia do BC é uma “bobagem”. Ele também disse que Henrique Meirelles teve autonomia no seu governo anterior mesmo antes da lei. E completou que a meta de inflação do país, de 3,75%, obriga a “arrochar” a economia brasileira em momento que precisa voltar a crescer.

Lula também já se referiu a Campos Neto como “esse cidadão” e disse que poderia rever a autonomia do BC.

“Eu acho que pode, mas… quero dizer que isso é irrelevante para mim. Isso é irrelevante, não está na minha pauta. O que está na pauta é a questão da taxa de juros”, afirmou Lula.

Em referência ao comunicado do Copom – que manteve na semana passada a Selic em 13,75% ao ano – o presidente Lula afirmou que o Brasil tem “cultura” de juros altos.

Inovações e tecnologia

No evento ‘2023 Milken South Florida Dialogues’ em Miami, Campos Neto falou principalmente da agenda de inovações do Banco Central brasileiro. Ele defendeu a criação de um real digital para que a moeda digital possa se integrar ao Pix e ao Open Finance. Segundo o presidente do BC, a ideia é iniciar um projeto piloto em 2023 e, se tudo correr como planejado, a CBDC (moeda digital de banco central) brasileira pode estar funcionando no final de 2024 ou no início de 2025.

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