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Senado aprova intervenção no DF; mercado opera estável após desmobilização de atos

Intervenção na segurança do Distrito Federal foi adotada pelo presidente Lula após atos terroristas em Brasília no domingo. Investidores acompanham desdobramentos

Manifestação com inúmeras pessoas vestindo verde e amarelo frente ao Palácio do Planalto, em Brasília
Manifestantes invadem Congresso, STF e Palácio do Planalto. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 Os investidores brasileiros seguem acompanhando os desdobramentos dos atos antidemocráticos em Brasília no domingo. Apesar dos episódios terem sido avaliados de forma negativa pelo mercado, não há receios de impactos na economia brasileira. A resposta rápida do governo brasileiro também ajudou a aliviar as preocupações.

 “A principal consequência para os atos de domingo, além de uma potencial piora da percepção de risco por investidores estrangeiros, é um adiamento da agenda econômica. Para se proteger no cenário de riscos fiscais e eventuais riscos políticos, manter-se diversificado segue sendo a melhor estratégia”, afirmou a XP em Morning Call.

 O Senado aprovou nesta terça-feira, 10/01, o decreto de intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após a invasão por radicais ao Congresso, Palácio do Planalto e Supremo Tribunal Federal. Com a aprovação do decreto, o governo federal assume até 31 de janeiro a responsabilidade da segurança pública no DF.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) – que voltou ao Brasil de suas férias no exterior por causa dos ataques – defendeu a responsabilização de financiadores, organizadores e agentes públicos que ele chamou de “dolosamente omissos”.

“Essa minoria antidemocrática não representa o povo brasileiro nem a vontade do povo brasileiro. Essa minoria golpista não irá impor sua vontade por meio da barbárie, da força e de atos criminosos. (…) Democracia se faz com diálogo e tolerância, mas também com instituições fortes e com meios para sua defesa e preservação. E estejam certos: as instituições brasileiras são fortes”, afirmou.

Punições

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Mores, disse hoje que as instituições vão punir “todos os responsáveis” pelos atos antidemocráticos. Ele deu a declaração na solenidade de posse do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.

 “Dentro da legalidade, as instituições irão punir todos os responsáveis, todos. Aqueles que praticaram os atos, aqueles que planejaram os atos, aqueles que financiaram os atos e aqueles que incentivaram, por ação ou omissão. Porque a democracia irá prevalecer”, declarou.

Em relação a desmobilização dos acampamentos dos radicais em todo o país, Moraes afirmou que a medida foi “necessária para garantir a democracia, para mostrar que não há Apaziguamento nas instituições brasileiras”.

“Se o apaziguamento tivesse dado certo, não teríamos tido a Segunda Guerra Mundial. A ideia de apaziguamento é por covardia ou por interesses próprios. Temos que combater firmemente o terrorismo, as pessoas antidemocráticas, as pessoas que querem dar o golpe, que querem o regime de exceção”, disse.

O termo Apaziguamento é usado, na história mundial, para se referir à tentativa de governos europeus de negociar e aliviar tensões com a Alemanha nazista de Hitler, nos anos 30.

Desmobilização

A Polícia Federal liberou hoje 600 pessoas presas acusadas de participarem dos atos antidemocráticos. Entre elas estão idosos com mais de 65 anos, mulheres que têm filhos pequenos e pessoas com comorbidades graves. Os radicais estavam no acampamento montado em frente ao QG do Exército, em Brasília, que foi desmontado ontem.

Reunião com governadores

Lula se reuniu na noite de ontem com governadores no Palácio do Planalto. Em um discurso, o presidente disse que foi “obrigado tomar uma atitude forte porque a polícia de Brasília negligenciou”. Lula voltou a apontar que era possível observar policiais militares e soldados do Exército conversando com os invasores.

“Havia uma conivência explícita da polícia apoiando os manifestantes. Mesmo aqui no Palácio, soldado do Exército Brasileiro conversando com as pessoas como se fossem aliados, até que resolvi tomar uma atitude de fazer uma intervenção na segurança pública de Brasília porque o responsável estava sob suspeita há muito tempo”, discursou.            

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), foi afastado do cargo por três meses por uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A Advocacia-Geral da União pediu à Corte que também determine a prisão do secretário de Segurança Pública exonerado, Anderson Torres.

Mercado Financeiro

Por volta das 13h20, a Bolsa do Brasil (B3) operava em alta de 0,47%, aos 109.647 pontos. O dólar comercial estava em queda de 0,56%, cotado a R$ 5,22.