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Varejo avança forte nos EUA em janeiro e sobe pressão sobre juros

Alta de 3% no primeiro mês de 2023 veio bem acima do esperado pelo mercado. Resultado eleva rendimento dos títulos do Tesouro americano e prejudica os investimentos no Brasil

O comércio varejista cresceu 3% em janeiro, na comparação com o mês anterior. Foto: Adobe Stock

As vendas do varejo nos Estados Unidos avançaram forte no primeiro mês de 2023 e atingiram o maior valor em quase dois anos. O crescimento aponta que a demanda do consumidor permanece elevada, o que aumenta a pressão sobre o Federal Reserve (Fed) – o banco central americano – para manter as taxas de juros altas diante da inflação persistente.

O comércio varejista cresceu 3% em janeiro, na comparação com o mês anterior, segundo publicado nesta quarta-feira, 15/02, pelo Departamento de Comércio dos EUA. Analistas previam avanço bem menor no período, de 1,9%.

A alta mensal mostra uma forte recuperação do setor que registrou queda de 1,1% em dezembro. Em relação a janeiro de 2022, a alta foi ainda maior de 6,4%.

O avanço foi liderado pelas vendas de veículos automotores que subiram 5,9% em janeiro – também maior valor em quase dois anos. A melhora foi seguida pelo setor de bares e restaurantes que cresceram 7,2%. Excluindo gasolina e automóveis, as vendas do comércio tiveram alta de 2,6%.

Para o economista e consultor de investimentos na RF Invest, Rodrigo Vieira, as vendas do comércio americano vieram bem acima do esperado, apesar da inflação alta no país.

“Enquanto o mercado de trabalho nos EUA continuar apertado, as pessoas estarão propensas a consumir, a inflação vai continuar assombrando e os juros continuarão altos”, explica.

Diante deste resultado, o rendimento dos títulos do Tesouro americano de dois anos avançou 4,69% – maior nível desde novembro do ano passado. Esse aumento prejudica a entrada de investimentos estrangeiros no mercado financeiro brasileiro. Isso acontece porque fica mais seguro e rentável aplicar em papéis do Tesouro americano.

Com menos entrada de dinheiro no país, a moeda americana se aprecia frente ao real – o que eleva o preço de produtos importados, commodities e itens de alta tecnologia. Isso pressiona a inflação no Brasil.

Produção industrial estável

A produção industrial americana ficou estável em janeiro, após duas quedas consecutivas em novembro (0,6%) e dezembro (1%), segundo divulgou hoje Federal Reserve. O resultado veio pior que as expectativas que apontavam para uma alta de 0,5% no primeiro mês do ano.

A produção manufatureira subiu 1% e a mineração avançou 2%, após dois meses de quedas significativas. Pelo lado da produção de serviços públicos, houve uma queda de 9,9% em janeiro com a menor demanda por aquecimento, diante do inverno mais quente nos Estados Unidos.